Realizam-se amanhã o escrutínio para o Parlamento Europeu. Considero-me europeísta, porém com a limitação de mantermos a nossa soberania e favorecermos os interesses nacionais. As campanhas para as europeias têm-me assustado por constatar que alguns candidatos tendem a confundir os interesses comunitários com os interesses nacionais e por estarem em constante crescimento as correntes nacionalistas e extremistas em vários países.
Este segundo motivo de preocupação tem uma explicação: a globalização apresenta graves lacunas e o "sonho europeu" não está a revelar tantos benefícios quanto isso. Só alguém à margem da realidade ainda consegue acreditar na União Europeia enquanto comunidade de Estados todos a prosseguir o mesmo objectivo. Só alguém cego não vê que a tendência é para que os países mais fortes continuem a exercer forte influência sobre os mais pequenos, de entre os quais Portugal. Nós, parolos, acreditamos que a União Europeia deve ser uma organização justa que beneficia todos os seus membros. Acreditamos em bons valores, mas somos dos poucos sonhadores que teimam em não acordar para a realidade.
Basta uma simples conversa com um espanhol, um francês, um inglês ou um alemão, para se perceber rapidamente que todos tentam puxar a corda para o seu lado e esforçam-se por recorrer aos institutos comunitários para explorar o próximo e projectarem os seus interesses em detrimento dos restantes.
A entrada de Portugal na CEE ocorreu numa época em que, com a nossa integração, a Comunidade ainda era um clube restrito onde não entrava qualquer um. Com a nossa adesão ganharam os doze: Portugal em fundos comunitários e, entre variadíssimas coisas, em investimento externo; os restantes onze com o alargamento das fronteiras e com o acesso a mais um mercado que se abrira.
Estes tempos já lá foram e hoje representamos uma ínfima parcela de um clube de 27. Recordo-me que quando frequentava o ensino primário foram-me ensinados os cálculos com números decimais através dos exemplos dos bolos: se dividirmos um bolo em 12 fatias, estas serão maiores do que se dividirmos um bolo ligeiramente maior em 27. Hoje, Portugal beneficia de fundos comunitários mas o preço a pagar pelos mesmos é bastante maior do que aquele que pagava há 23 anos.
Sem darmos por isso, abdicamos da nossa soberania e dos nossos valores, da nossa cultura e da nossa tradição em troca de ajudas as quais ainda por cima desperdiçamos em projectos que têm como único objectivo adaptar-nos aos interesses dos outros. O TGV é disso exemplo: parecemos aqueles jovens que querem integrar-se à força no "grupo fixe" da escola que veste roupa de marca e tem leitores de mp3 e computadores portáteis. Vamos submeter-nos a uma infra-estrutura sem interesse para o país apenas para facilitarmos a vida a Espanha, para que estes continuem a chamar-nos "bons vizinhos" e continuem a fazer lucro com os seus investimentos em Portugal onde concorrem directamente com as nossas empresas em diversos sectores.
Outro exemplo diz respeito ao Tribunal de Justiça Europeu que se sobrepõe às jurisdições nacionais em todas as matérias. Algures na UE, existe um órgão que nos diz que as nossas leis, criadas de acordo com os nossos interesses, valores, tradições e costumes (tão diversos de muitos outros Estados-Membros) não corresponde aos princípios da União. Abdicamos da nossa jurisdição, da nossa legislação e da nossa cultura, tudo valores invioláveis de acordo com os Tratados de Roma e de Nice. A tudo isto acresce ainda a nossa obrigação de implementarmos em Portugal instrumentos elaborados de acordo com os interesses e valores britânicos, franceses e germânicos. Lembrem-se que somos países latinos e temos características diferentes dos restantes. A causa da crise internacional ter afectado Portugal está relacionada, em grande medida, com a nossa integração europeia e com o facto de termos que nos subordinar ao que os "grandes" dizem. O problema de tudo isto é que quando os ventos correm de feição para os Estados que realmente controlam a organização, os pequenos têm direito a algumas migalhas, mas quando o cenário se inverte, um pequeno espirro no Reino Unido poderá levar a uma valente gripe em Portugal, Grécia e companhia.
Portugal ganhou com a sua integração europeia e a Europa também, mas a balança é cada vez mais desequilibrada. Com tudo isto, ainda ninguém me conseguiu explicar como é que uma Europa cada vez mais nacionalista e extremista consegue defender os interesses portugueses e, para os europeístas utópicos, os da Comunidade no seu todo.
Este segundo motivo de preocupação tem uma explicação: a globalização apresenta graves lacunas e o "sonho europeu" não está a revelar tantos benefícios quanto isso. Só alguém à margem da realidade ainda consegue acreditar na União Europeia enquanto comunidade de Estados todos a prosseguir o mesmo objectivo. Só alguém cego não vê que a tendência é para que os países mais fortes continuem a exercer forte influência sobre os mais pequenos, de entre os quais Portugal. Nós, parolos, acreditamos que a União Europeia deve ser uma organização justa que beneficia todos os seus membros. Acreditamos em bons valores, mas somos dos poucos sonhadores que teimam em não acordar para a realidade.
Basta uma simples conversa com um espanhol, um francês, um inglês ou um alemão, para se perceber rapidamente que todos tentam puxar a corda para o seu lado e esforçam-se por recorrer aos institutos comunitários para explorar o próximo e projectarem os seus interesses em detrimento dos restantes.
A entrada de Portugal na CEE ocorreu numa época em que, com a nossa integração, a Comunidade ainda era um clube restrito onde não entrava qualquer um. Com a nossa adesão ganharam os doze: Portugal em fundos comunitários e, entre variadíssimas coisas, em investimento externo; os restantes onze com o alargamento das fronteiras e com o acesso a mais um mercado que se abrira.
Estes tempos já lá foram e hoje representamos uma ínfima parcela de um clube de 27. Recordo-me que quando frequentava o ensino primário foram-me ensinados os cálculos com números decimais através dos exemplos dos bolos: se dividirmos um bolo em 12 fatias, estas serão maiores do que se dividirmos um bolo ligeiramente maior em 27. Hoje, Portugal beneficia de fundos comunitários mas o preço a pagar pelos mesmos é bastante maior do que aquele que pagava há 23 anos.
Sem darmos por isso, abdicamos da nossa soberania e dos nossos valores, da nossa cultura e da nossa tradição em troca de ajudas as quais ainda por cima desperdiçamos em projectos que têm como único objectivo adaptar-nos aos interesses dos outros. O TGV é disso exemplo: parecemos aqueles jovens que querem integrar-se à força no "grupo fixe" da escola que veste roupa de marca e tem leitores de mp3 e computadores portáteis. Vamos submeter-nos a uma infra-estrutura sem interesse para o país apenas para facilitarmos a vida a Espanha, para que estes continuem a chamar-nos "bons vizinhos" e continuem a fazer lucro com os seus investimentos em Portugal onde concorrem directamente com as nossas empresas em diversos sectores.
Outro exemplo diz respeito ao Tribunal de Justiça Europeu que se sobrepõe às jurisdições nacionais em todas as matérias. Algures na UE, existe um órgão que nos diz que as nossas leis, criadas de acordo com os nossos interesses, valores, tradições e costumes (tão diversos de muitos outros Estados-Membros) não corresponde aos princípios da União. Abdicamos da nossa jurisdição, da nossa legislação e da nossa cultura, tudo valores invioláveis de acordo com os Tratados de Roma e de Nice. A tudo isto acresce ainda a nossa obrigação de implementarmos em Portugal instrumentos elaborados de acordo com os interesses e valores britânicos, franceses e germânicos. Lembrem-se que somos países latinos e temos características diferentes dos restantes. A causa da crise internacional ter afectado Portugal está relacionada, em grande medida, com a nossa integração europeia e com o facto de termos que nos subordinar ao que os "grandes" dizem. O problema de tudo isto é que quando os ventos correm de feição para os Estados que realmente controlam a organização, os pequenos têm direito a algumas migalhas, mas quando o cenário se inverte, um pequeno espirro no Reino Unido poderá levar a uma valente gripe em Portugal, Grécia e companhia.
Portugal ganhou com a sua integração europeia e a Europa também, mas a balança é cada vez mais desequilibrada. Com tudo isto, ainda ninguém me conseguiu explicar como é que uma Europa cada vez mais nacionalista e extremista consegue defender os interesses portugueses e, para os europeístas utópicos, os da Comunidade no seu todo.
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