terça-feira, setembro 29, 2009

Uma Aventura... num Governo de José Sócrates

Isabel Alçada prepara-se para escrever um novo livro "Uma Aventura... num Governo de José Sócrates". Peripécias, mistérios e outros fenómenos atípicos não vão faltar na obra da futura Ministra da Educação.

segunda-feira, setembro 28, 2009

Um conselho a Paulo Portas

Paulo Portas é um homem inteligente e não depende da política para viver. Se por qualquer motivo Paulo Portas não souber aproveitar os 21 deputados que tem na Assembleia da República e vender o CDS a pactos com José Sócrates que beneficiem o partido e não os portugueses, não tenhamos dúvidas que o Partido Popular nas próximas eleições, em vez de 21, terá 5 deputados.
Raros serão aqueles que conseguirão perdoar uma traição desta dimensão a Paulo Portas, eu incluído.

Um dos grandes problemas do PSD

Um dos grandes problemas do PSD são os "notáveis": tem "notáveis" a mais e homens a menos. O PSD tem ainda outra classe que é perita em confundir-se com os "notáveis": os "intocáveis". E é por isso que os social-democratas tão cedo não vão a lado nenhum...

domingo, setembro 27, 2009

Sócrates: autismo, cegueira ou mero abuso da ignorância popular?

"O PS teve uma grande vitória", Sócrates dixit. Mas, que vitória é essa em que quem concorre perde mais de 9% dos votos que teve nas últimas eleições?

Os grandes vencedores das eleições

Alguém tem dúvidas em como os grandes vencedores das eleições foram o CDS-PP e Paulo Portas?

A fiabilidade das sondagens

E de pensar que a SIC apresentou uma "sondagem" às 20h que dava um máximo de 9,9% ao CDS-PP, tornando-o apenas na quarta força política.
As sondagens são tão fiáveis que nem com votos contados conseguem acertar...

Ana Gomes: a senhora "tripla candidatura"

A eurodeputada socialista candidata à Câmara Municipal de Sintra, Ana Gomes, agora decide interferir em assuntos Parlamentares. É uma verdadeira "senhora tripla candidatura" que não tarda está a candidatar-se a Presidente da República.

A responsabilidade que recai sobre Portas é muito grande

Paulo Portas tem nas mãos, durante os próximos quatro anos, a possibilidade de desgraçar o CDS ou de o fazer crescer. A responsabilidade é grande e Portas não pode desiludir!

Há cada vez mais pessoas a pensar como nós!

Conforme previsto, as sondagens revelaram-se um fiasco. O BE perdeu, a CDU desceu e o PSD caiu a pique rumo ao abismo final. Até o PS teve uma perda acentuada e ganhou confortavelmente. No meio disto tudo, o CDS-PP foi o grande vencedor e tem agora a responsabilidade de fazer oposição a Sócrates. Se mantiver o rigor e a qualidade, será sem surpresa alguma que verei Paulo Portas a açambarcar mais eleitores aos social-democratas, aumentando ainda mais a sua força no país.
Não tenhamos dúvidas: Portas é símbolo de seriedade, honestidade e profissionalismo. E não vai desiludir todos aqueles que pensam como ele e votaram nele!

sábado, setembro 26, 2009

Quando um pai é o primeiro a censurar as suas filhas...

... como pode o mundo aceitá-las? Garanto que não consigo ver o que têm de abominável duas jovens cujo gosto se baseia no gótico.
Diga-se, aliás, que a mãe delas não está muito diferente...

quinta-feira, setembro 24, 2009

É a minha visão do mundo que está em jogo!

Junto à janela do meu quarto, senti uma vontade incontrolável de redescobrir e folhear livros antigos que os meus pais coleccionavam, tendo encontrado, entre Mao, Steinbeck e Pasternak, um livro de discursos de António Oliveira Salazar.

Em 1942, o Professor António Oliveira Salazar proferia este discurso:

"Num sistema de administração em que predomina a falta de sinceridade e de luz, afirmei, desde a primeira hora, que se impunha uma “política de verdade”. Num sistema de vida social em que só direitos competiam, sem contrapartidas de deveres, em que comodismos e facilidades se apresentavam como a melhor regra de vida, anunciei, como condição necessária de salvamento, uma “política de sacrifício”. Num Estado que nós dividimos ou deixámos dividir em irredutibilidades e em grupos, ameaçando o sentido e a força da unidade da Nação, tenho defendido, sobre os destroços e os perigos que dali derivaram, a necessidade de uma “política nacional”.

Face à situação do país, onde faltava - segundo ele - seriedade, sinceridade, mérito e responsabilidade, o digníssimo Professor escolheu o seguinte slogan de mobilização:

"Política de verdade, política de sacrifício, política nacional, é o que se há feito, é o que entendo vós aplaudis na vossa mensagem." (Discursos, volume 1º , pág. 23).

Da minha janela ainda, não pude deixar de vislumbrar um cartaz de campanha de Manuela Ferreira Leite.

Mais de meio século depois, Manuela Ferreira Leite tenta passar a mesma ideia de Portugal que Salazar outrora conseguiu: um país triste, dividido, onde reina a irresponsabilidade e o compadrio, um país cuja face não irradia seriedade.

Face a este diagnóstico, Manuela Ferreira Leite anuncia o seu compromisso com a verdade:

"Há outra forma de fazer política. Com verdade. Com seriedade. Com dignidade."

A Verdade passa a ideário exclusivo da sua campanha. É repetido até à exaustão. A verdade que os outros não têm e que Portugal precisa. A verdade de Manuela até se confundirem uma e outra, até uma não poder viver se não alojada no corpo da outra.

Falar Verdade. Combater a preparação porque é alterar as valias inatas de cada um. Falar Verdade. Combater o optimismo que é próprio do condicionamento mediático. Falar Verdade, doa a quem doer.

A Verdade, mais de meio século depois, vem agitar as bandeiras do medo, da protecção, da coacção que a liberdade produz. Vem rotular os adversários com os epítetos mais difamatórios, de forma velada mas insinuante, pois só após o desmascaramento daquele que oprime o povo, poderá este aspirar a ver e receber a Verdade.

A Verdade, mais uma vez, merece que todas as barreiras sejam derrubadas para a alcançar, mesmo que tal jornada ponha em causa os princípios acessórios da Verdade - a seriedade e a dignidade - porque só esta linguagem poderá derrotar os ímpios.

A Verdade, mais de meio século após a primeira batalha, evoca novamente a libertação dos que se deixam controlar pelo medo e dos pobres que nem percebem estar a ser controlados em nome da liberdade e tolerância que aqueles que urge derrubar advogam.

A Verdade ganhou! Enquanto me perdia naquela montanha de livros com cheiro seco e bafiento, a Verdade desmascarou o Demónio que assolava Portugal e afirmou-se. Dia 27 de Setembro marca o afirmar da verdade face ao mal que assolava o país.

Avisto tudo da janela do meu quarto com um misto de incredulidade e dormência que se instala e propaga pelo meu corpo, abafada apenas pelo paradoxal bater de coração que sinto com inusitada clareza. Um sentimento visceral que não é acompanhado pela consciência de que algo está errado, apenas por uma sensação errática e confusa.

Daquela janela, vejo as pessoas saírem à rua no que parece um ambiente de festa mas...os seus movimentos apresentam-se robotizados, estranhamente ordenados e falsamente efusivos. Sinto o meu corpo arrefecer, letárgico e atónito perante tal cenário.

Durmo.

Sinto que a Verdade é absoluta, tal como absolutista é quem a advoga. A Verdade limita-me, corrói-me e impõe-me uma visão unidimensional que rejeito. Hoje vivo com medo. Dia 28 de Setembro trouxe-me a verdade. Eu não a reconheço. Sinto-a esguia, a escorregar de forma incómoda pela minha corrente sanguínea, como se tivesse sido implantada coercivamente, deixando sequelas.

Todos me dizem: Esta é a Verdade, agora vês claramente o mundo e o teu lugar nele. Deixaste de recear o controlo silencioso que a liberdade te impunha. O teu livre desenvolvimento não passava de uma fachada para cercear o teu papel na sociedade. Agora és livre, esta é a hora da Verdade.

Acordo suado. O despertador a piscar. Tudo não passou de um sonho, um sonho onde a Verdade era um objecto apreensível e detido por uma elite séria e credível, de acordo com a Verdade que me trouxe dia 27 de Setembro.

Continuo sem dormir bem desde essa fatídica noite...e aquele cartaz "Chegou a Hora da Verdade" teima em irromper todas as noites pelo meu quarto.

Tal como o livro de discursos de Salazar, também a Política de Verdade está à distância de um olhar. Ainda que eu opte por desvalorizá-la, ela está a moldar o dia e este momento da história.

Agora sei que não posso ficar no quarto enquanto o combate se desenrola, por muito que os livros e a janela aberta para o mundo me fascinem e prendam. É a minha visão do mundo que está em jogo.

Voto de Esperança



Não sou militante de nenhum partido político, e em toda a minha vida, fui apenas 3 vezes a comícios eleitorais, um do PSD em 1991, e dois da CDU em 2001 e 2005.


Não sou daqueles que diz que não tem partido ou que vota consoante o candidato: o meu partido é o PSD e sempre votei em candidatos da chamada Direita nas eleições presidenciais. Apenas e só nas eleições autárquicas é que voto tendo em conta os cabeças de lista, e por isso tenho apoiado a CDU no município de Loures.


Sempre me identifiquei desde pequeno com o PSD, seja por influência familiar, ou simplesmente porque gosto da mensagem e do espírito do partido, espírito esse de cariz reformista, progressista e inovador. Foi assim com Cavaco Silva de 1985 a 1995 e com Durão Barroso de 2002 a 2004.


Posto isto, e sem surpresa, votarei no próximo Domingo novamente no PSD, agora liderado por Manuela Ferreira Leite.


Voto PSD porque acredito que os recursos são escassos e que Portugal, tendo neste momento uma Dívida Pública na ordem dos 74,6% do PIB, uma Dívida Externa na ordem dos 101% do PIB, e segundo consta, uma Deficit Orçamental na ordem dos 8,9% do PIB, não tem condições económicas e financeiras para realizar avultados investimento públicos (a título de exemplo: TGV, 3ª Travessia do Tejo, 3ª Auto-estrada Lisboa Porto, mais SCUTS, etc.).


Voto PSD porque acredito que deve ser feita uma política de apoio às PME, acabando com alguns impostos como o Pagamento Especial por Conta, prevendo a descida de 2% da Taxa Social Única, criando uma conta-corrente entre o Estado e as empresas, possibilitando o pagamento do IVA apenas quando a empresa recebesse as quantias e não a partir da emissão da factura, etc.

Voto PSD porque não quero que Portugal tenha um Primeiro-Ministro que convive mal com a Comunicação Social, Sindicatos e com a independência intelectual dos cidadãos.


Voto PSD porque quero que Portugal olhe para o seu Primeiro-Ministro sentindo que se trata de uma pessoa séria, que subiu a pulso na vida, e não através de se ter tornado profissional da política.


Voto PSD porque o actual partido que sustenta o Governo, o PS, mentiu aos portugueses em todas as matérias essenciais em 2005, fazendo exactamente o contrário do que tinha prometido então.


Voto PSD porque Portugal não estava tão mal economicamente e a nível social há mais de 25 anos.


Voto PSD porque, através do discurso sério e realista de Manuela Ferreira Leite, Paulo Mota Pinto, Paulo Rangel e Rui Rio, Portugal sabe com o que conta e pode ter confiança nestes agentes políticos.


Voto PSD porque acredito que só este partido poderá devolver esperança a Portugal.

Curtas a três dias das eleições

A bomba "escutas na Presidência" dá a sensação de ter rebentado no colo de alguém bem antes de ter chegado ao destino. Uma vez mais, Manuela Ferreira Leite foi atrás de trivialidades e daquilo que alguém diz no momento (seja Sócrates ou Cavaco) e acaba a campanha do PSD tentar conquistar votos pela vitimização em vez de apresentar ideias e projectos que levem o eleitorado a concluir que ela é a pessoa certa na hora certa para fazer esquecer a era Sócrates.
Ainda assim, atrevo-me a concluir que um futuro com o PS será sempre mais desastroso que um futuro com PSD, não porque tenham melhores ideias, mas porque a inteligência do "núcleo duro" dos social-democratas é de tal forma limitada que não conseguem ir muito longe quer no desenvolvimento, quer no enterro do país, fazendo com que, de forma inconsciente, acabem por ser menos maus que os socialistas.
Provavelmente os mais incautos ignoram a excelente campanha feita por Paulo Portas e, consequentemente, pelo CDS-PP. Enquanto PS, PSD, CDU e BE discutem trivialidades e ofendem-se mutuamente, o CDS-PP lança ideias, promove debates, escuta o povo e, acima de tudo, apresenta soluções. Não merece Portas ser recompensado pela política de seriedade?

Você confia numa sondagem com 37% de indecisos?

Hoje foi publicada mais uma das bizarras sondagens que têm tentado influenciar o voto de muitos portugueses. O PS vai-se vangloriando com estes resultados e a prova disso são os novos, embora tímidos, pedidos de maioria absoluta. As sondagens dão uma vantagem cada vez maior aos socialistas e estes estão a deixar-se levar pela onda.
Uma das coisas que me chamam mais à atenção nesta última sondagem diz respeito à empresa que a realizou. Sim, é a mesma que ainda há cerca de quinze dias publicou que o Bloco de Esquerda ia ter 16% (como se isso fosse possível em alguma parte do mundo) e agora dá apenas 9% ao partido de Francisco Louçã (terão os bloquistas perdido assim tantos votos?). Ou seja, aqueles socialistas que desvalorizaram a primeira sondagem da Marktest por dar 16% ao BE, agora tomam-na como referência porque ao PS já são dados 40% com 8% de avanço sobre o PSD.
A ideia destas empresas de sondagens passa por dar resultados tímidos ao partido que pretendem que ganhe, realizando sucessivas sondagens à medida que se aproximam as eleições que denunciam uma ascensão desse mesmo partido, tudo para que no inconsciente dos eleitores se desenvolva a ideia de que uma determinada estrutura partidária está em crescendo e apresenta-se de forma cada vez mais sólida, com a vitória final cada vez mais provável. Desta forma, quer se acredite, quer não, enquanto uns se desmotivam e não votam nos opositores, outros há que tendem a perder a indecisão e decidem votar no partido que mais cresce porque na sua ideia desenvolve-se a imagem de que o provável vencedor é mesmo a escolha mais acertada para a maioria dos eleitores.
Mas o dado que mais curiosidade suscita está relacionado com os indecisos. 37%. Será que alguém consegue confiar numa sondagem com 37% de indecisos? Abram os olhos: foi por estas e por outras que o PSD venceu as europeias com algum conforto. Ou muito me engano ou a história vai repetir-se no próximo domingo.

segunda-feira, setembro 21, 2009

A partir de domingo seremos ainda mais

Cavaco Silva começa a deixar de ser uma marca de confiança

Em 2006 votei em Cavaco Silva por achar que se tratava do homem certo para o desempenho das funções de Presidente da República.
Hoje, dou por mim a concluir que só votaria novamente em Cavaco Silva porque os restantes candidatos não reúnem o perfil adequado para serem Chefes de Estado.
Temo que amanhã possa olhar para Cavaco e concluir que este afinal não tem capacidade para ser Presidente da República e outros há que demonstram mais habilidade para fazer algo mais que vetar diplomas..

Com Alegre à espreita, Cavaco Silva começa a dar sinais de fragilidade...

Caíram Dias Loureiro, Oliveira e Costa e agora Filipe Lima. Pelo meio, os negócios polémicos do Presidente da República no BPN, que foram bem abafados, diga-se, pelo assessor de imprensa recém demitido. Cavaco Silva começa a dar cada vez mais sinais de fragilidade e começa-se a desconfiar daqueles que o rodeiam. Ao Chefe de Estado não basta ser árbitro ou mediador, há que ser, acima de tudo, sinónimo de credibilidade e imparcialidade, qualidade que muita gente começará a questionar se Cavaco Silva terá.
Com a ameaça Alegre em 2011, desta vez reforçada com o apoio do PS e do BE, está na hora de Cavaco Silva afastar todos os fantasmas que o rodeiam cada vez mais..

domingo, setembro 20, 2009

Honda adapta condutores de automóveis à nova lei de 125cc

De acordo com a revista Fugas do jornal Público, a "Honda tem uma solução para os automobilistas encartados, com mais de 25 anos, que querem conduzir uma mota de 125cc mas não têm qualquer experiência. É uma escola de pilotagem situada em Palmela".
Os cursos de quatro horas estão divididos entre componente teórica e a prática na pista e os preços variam entre os 105 euros (com moto própria) e os 130 euros (com mota fornecida pela escola). Poderão contactar o responsável, Nuno Barradas, através de e-mail (nunobarradas@vodafone.pt) e telemóvel (917242734) para se começarem a adaptar à nova lei que entrou em vigor a 14 de Agosto de 2009.

P.S.: Quem pretender averbar a categoria A1 (condução de motociclos até 125cc) no teu título de condução, terá que pagar 24 euros pelo acto.

sábado, setembro 19, 2009

Monárquicos querem ajudar a República

Numa altura em que uns promovem a Monarquia através de actos subversivos, outros há que pretendem ajudar a República, o que não deixa de ser curioso.

sexta-feira, setembro 18, 2009

Salazar is in the building...

... e está bem vivo!

Gato Fedorento: o grupo precisa reinventar-se, urgentemente

Tenho visto o novo programa dos Gato Fedorento por dois motivos: para assistir às entrevistas com os políticos (o único ponto de interesse) e para ver até onde vai a parcialidade do grupo na protecção ao Bloco de Esquerda e a Francisco Louçã.
Fazer uma peça com Louçã para dizer que o indivíduo carrega nos erres quando fala, não me parece que seja algo que tenha graça, quanto mais que se possa dizer que eles têm caído bem em cima do BE. Um partido com tanto por onde pegar e o grupo decide simplesmente bater nos sujeitos do costume: PSD, Manuela Ferreira Leite, Alberto João Jardim e José Sócrates. Com sorte ainda passam no PCP e no CDS, mas o BE é intocável!
Outra coisa que salta à vista é o conceito que utilizam no seu humor: simplesmente não têm graça nenhuma. O público rebenta de riso de cada vez que eles dizem "néscio", "esmiúça" ou até mesmo "olá" e "até amanhã", mas isso deve-se ao facto de ainda andarem sob o efeito dos antigos "o que tu queres sei eu", etc. O efeito é mesmo prolongado, mas o seu conceito já está mais que esgotado e ultrapassado
Depois de ver os quatro últimos programas dos Gato Fedorento, chego rapidamente a uma conclusão óbvia: o grupo precisa reinventar-se. Deixou de haver espaço para os quatro num mesmo programa. É bonita a tentativa de continuarem a promover-se os quatro, sem deixar ninguém para trás, mas estará na altura de cada um encontrar o seu caminho. O "esmiúça os sufrágios" se fosse apenas feito com Ricardo Araújo Pereira e mais focado em entrevistas, em vez da tentativa da piadola tão inteligente que perde a piada toda, talvez se tornasse mais atractivo e provocasse mais interesse junto do público do que o típico rir por rir só porque são os Gato Fedorento. Quer queiram, quer não, Ricardo Araújo Pereira destaca-se dos demais: comunica com facilidade, é expressivo, tem uma linguagem corporal bastante boa e é inteligente. Os outros? Os outros não se comparam e deviam abrir caminho à saída de Ricardo Araújo Pereira do grupo.

quinta-feira, setembro 17, 2009

Movimento Mérito e Sociedade promete de forma inconsciente

O Movimento Mérito e Sociedade anunciou duas das medidas para a justiça, são elas: o fim do cúmulo jurídico e a castração química para pedófilos. Embora as duas propostas me pareçam aceitáveis, o MMS esquece-se de um pormenor importante: para que as mesmas sejam uma realidade, primeiro há que fazer uma revisão constitucional que altere o número 1 dos artigos 25.º e 30.º, algo que carece de uma maioria... de dois terços.

quarta-feira, setembro 16, 2009

MEP: um partido a ter em conta

Sabendo-se que é de todo impossível fazer uma cobertura justa e equitativa dos 15 partidos políticos que concorrem às próximas eleições legislativas, a comunicação social devia dar mais atenção a partidos em ascensão e com boas possibilidades de desafiarem o actual quinteto como é o caso do MEP (Movimento Esperança Portugal).
O partido liderado por Rui Marques conseguiu um resultado brilhante nas suas eleições de estreia, as europeias de 7 de Junho passado, obtendo 52.828 votos, o que equivale a 1.48%, afirmando-se como a sexta força política.
O sucesso deste partido passa, desde logo, por ter Laurinda Alves, Catalina Pestana e Roberto Carneiro como principais rostos do partido, conferindo, num primeiro impacto com o eleitorado, uma imagem de confiança. O logotipo, o verde enquanto principal cor que identifica o MEP, a boa imagem de Rui Marques cujo currículo concorre para que os eleitores não o identifiquem com o sistema, e a resistência à tentação de cair em teorias populistas, ajudam a projectar ainda mais o partido. Hoje, em pleno centro de Lisboa, tive a oportunidade de ver que têm uma boa máquina partidária a funcionar, com muitos colaboradores e muita cor nos locais que escolhem para as acções de campanha.
Todos estes factores contribuirão para aquilo que eu acredito que venha a ser a obtenção de um resultado muito positivo nas Legislativas naquele que, se conseguir pelo menos um mandato no Parlamento, poderá desafiar no futuro algumas das forças políticas minoritárias na Assembleia de República. Acrescente-se que, quando Rui Marques diz esperar eleger entre 2 a 3 deputados, o líder do MEP poderá não estar a sonhar demasiado alto. Consultei os resultados das últimas eleições e, se considerarmos os mesmo números das eleições de Junho, constatamos que o MEP elege, confortavelmente, um deputado por Lisboa. Devemos adicionar agora o "efeito europeias" e acreditar que o Movimento de Rui Marques poderá provocar alguns estragos a partidos minoritários.
Por tudo o que já dito, fiquem atentos a partidos como o MEP que vão conquistando o seu espaço e crescendo a um ritmo mais rápido que o esperado, procurando, de forma digna e transparente, que todo este esforço e investimento se venha a reflectir em votos e em mandatos.

terça-feira, setembro 15, 2009

Patrick Swayze: 1952-2009

Perdemos um excelente actor e um grande herói que teve a capacidade de lutar contra uma doença incurável com a energia e força de vontade dignas de um verdadeiro guerreiro!
Que descanse em paz.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Os Gato Fedorento estão de volta e vêm igual a si próprios: sem graça e tendenciosos

Assisti hoje a uma imitação muito barata do Daily Show. Fi-lo para ver a entrevista com o Primeiro-Ministro, o qual acho que teve uma postura bastante positiva ao aceitar o convite e a sua presença revelou-se interessante, alinhando no conceito do programa sem descurar a seriedade e a posição que ocupa. Curiosamente, o diálogo entre Ricardo Araújo Pereira e José Sócrates até estava a valer a pena e só pecou por ter durado tão pouco tempo.
No entanto, tenho que reprovar a prestação dos Gato Fedorento que insistem em fazer sketches que não têm piada nenhuma e batem nos ceguinhos do costume. A edição de hoje foi inteiramente dedicada à ridicularização do PSD e para amanhã já anunciaram mais uma série de idiotices envolvendo Paulo Portas, Jerónimo de Sousa e José Sócrates. Curioso, ou talvez não, é que o Bloco de Esquerda nunca é alvo da sátira e da ridicularização do grupo, muito provavelmente porque elementos dos Gato Fedorento são afectos aos bloquistas e já foram filmados em acções de campanha do partido por motivos extraprofissionais.
Acresce ainda que em vez de fazer humor inteligente e optar por uma imitação séria do Daily Show, o grupo insiste em focar palavras que não fazem sentido algum no contexto em que as querem empregar como o "esmiuçar" as sondagens.
Em suma, vem aí mais uma série de campanhas contra partidos políticos que constituem uma ameaça aos interesses do BE, porque ainda que inconscientemente acabam por influenciar um eleitorado que insiste em imitar as ridicularizações que vê na televisão.

domingo, setembro 13, 2009

Acha que Manuela Ferreira Leite não gosta de Espanha, nem de espanhóis? Leia isto.

Ontem, Manuela Ferreira Leite repetiu que só defende os interesses nacionais e acusou José Sócrates de defender os espanhóis. A segunda parte desta frase é verdade, e o TGV foi um bom exemplo disso, mas a primeira é bastante discutível. Continua a acreditar que Manuela Ferreira Leite não gosta de Espanha, nem de espanhóis? Então preste atenção ao texto que eu publiquei neste espaço, em 1 de Agosto de 2009, e tire as suas próprias conclusões:

"Manuela Ferreira Leite (MFL) foi Ministra de Estado e das Finanças entre 2002-2004 no Governo PSD que sucedera ao demissionário Executivo liderado pelo Engenheiro António Guterres.
Em 18 de Junho de 2004, quando, alegadamente, Durão Barroso já havia decidido apresentar a demissão do XV Governo Constitucional e a menos de um mês da tomada de posse do novo Executivo liderado por Pedro Santana Lopes, o Ministério das Finanças, liderado por MFL, concedeu o regime de neutralidade fiscal à reestruturação do Grupo Totta, que na época integrava o Banco Totta & Açores, o Crédito Predial Português e... o Banco Santander Portugal*. Esta operação terá permitido ao Grupo Totta beneficiar de um benefício fiscal de aproximadamente um milhão de euros.
Pouco mais de um ano e meio depois, em 9 de Fevereiro de 2006, Manuela Ferreira Leite integrou a administração do Banco Santander em Portugal, assumindo um cargo não executivo, mas nem por isso mal remunerado, dado que, durante o ano de 2007, MFL terá auferido perto de 83 mil euros em salários (vêem, é para isto que vão as taxas e as despesas de manutenção que pagam aos bancos). Não sei se o convite para o cargo terá sido uma compensação pela decisão do seu Ministério em favor desta instituição de crédito quando em 2004, sei que é um excelente negócio alguém conceder 83 mil euros por ano a outrém, quando o último acabou de ajudar o primeiro a poupar um milhão de euros.
Esta situação não só é um bom negócio para as partes como anda muito próximo da violação de lei. O artigo 5.º do regime de incompatibilidades dos titulares de cargos políticos proibe o exercício de cargos em empresas privadas que prossigam actividades no sector por eles directamente tutelado durante três anos após a cessação das respectivas funções. No entanto, e de acordo com alguns fiscalistas conceituados, como Saldanha Sanches, o que libera MFL é a parte final do artigo que refere "desde que, no período do respectivo mandato, tenham beneficiado (...) de benefícios fiscais de natureza contratual", o que não se aplica à líder do PSD.
No entanto, moralmente, a conduta deve ser censurada e completamente repudiada deve ser a justificação de Vasco Valdez, Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, inferior hierárquico de MFL no XV Governo Constitucional, o qual terá defendido que MFL "não tinha conhecimento da situação". Não consigo deixar de me revoltar esta mania da classe política portuguesa em querer atirar areia para os olhos dos portugueses, querendo fazê-los acreditar que um consumidor que não lê as letras milimétricas num contrato de compra e venda de um produto de 20 euros deve ser censurado porque temos que ler tudo minuciosamente, mas um político que gere milhões e milhões de euros pode assinar de cruz centenas de documentos que podem desgraçar o país porque "tem muito trabalho e não pode perder tempo"!
Finalmente, em Julho de 2009, a menos de três meses das eleições legislativas, e numa altura em que MFL e José Sócrates se encontram muito próximos, o Santander decide voltar a fazer um jeitinho à "política de verdade" da líder social-democrata. Diz Nuno Amado, Presidente do Banco Santander Totta, que "é desejável que haja maioria absoluta nas próximas legislativas, porque as condições do país, em termos de modelo e endividamento, necessitam de uma estratégia que é mais fácil concretizar com maioria no Parlamento". Ficamos a saber que os espanhóis do Banco Santander não satisfeitos por serem uma das maiores instituições de crédito a operar em Portugal, agora fazem também questão de tentar influenciar, de forma descarada, a política nacional. Pedem maiorias absolutas para o próximo Governo, sabendo que esse Executivo poderá ser o de MFL. Pela caracterização que é feita da actual situação, o modelo Sócrates parece desagradar ao Banco Santander, defendendo, tacitamente, um Governo PSD.
Pergunto: terá MFL prometido mais privilégios ao Banco Santander em Portugal? Se tivermos um Governo PSD liderado por MFL teremos mais decisões em que os portugueses têm que apertar o cinto, mas os espanhóis do Banco Santander vão continuar a usufruir de elevados benefícios fiscais e os "ricos" continuarão a ser poupados? Que relações pretende MFL manter com as empresas espanholas? E com o Banco Santander? Terá o Santander e outros bancos e empresas espanholas ordem para limpar Portugal de tudo aquilo que é nacional? E a nossa posição na UE? Sabiam que foi com Durão Barroso à frente da Comissão Europeia que o famoso "Tratado de Lisboa" retirou dois eurodeputados a Portugal como condição para garantir as exigências dos espanhóis?
Afinal, o que é a política de verdade? Estará Manuela Ferreira Leite preparada para defender os interesses nacionais?


* - Os mais incautos não se devem deixar seduzir pelo nome "Banco Santander Portugal", pois, como é do conhecimento público, o Santander é uma instituição de crédito espanhola (q.b.) e não portuguesa, embora a sua penetração e crescimento no mercado nacional - desde 1988 - tenham ocorrido muito discretamente através da aquisição de pequenas participações em vários bancos portugueses, seguidas da fusão, perda de identidade e eliminação definitiva dos mesmos, a começar pelo antigo Banco de Comércio e Indústria (BCI). Uns chamam-lhe "regras de mercado", outros chamam-lhe abuso das regras de concorrência e até falta de competência das Autoridades para regular estas situações, favorecendo um mercado excessivamente liberal sem identidade nacional.
Deverá ainda dizer-se que este banco defendeu durante bastante tempo a contratação de funcionários a empresas de trabalho temporário com contratos de trabalho que se renovavam semanalmente, acabando por ser um regime idêntico à prestação de serviços, na qual o prestador poderá ser dispensado sem aviso prévio. Alguns dos funcionários do Banco Santander abrangidos por este regime chegaram a desempenhar funções durante 8 anos, continuando o banco e a empresa de trabalho temporário a considerarem esta situação como "trabalho temporário".
O Banco Santander preferiu, e presumo que ainda prefira, pagar cerca de 2.000 euros/mês por trabalhador à empresa de trabalho temporário - ainda que apenas seja pago ao trabalhador pouco mais de 700 euros - do que pagar um salário na ordem dos 1200/1500 euros, permitindo uma poupança significativa por trabalhador (também é para isto que vão as taxas que pagam e as despesas de manutenção). Recorrendo às empresas de trabalho temporário, não só não existe vínculo contratual com a empresa beneficiária da prestação, neste caso o Santander, o que poderia dificultar os casos de despedimento, como é possível gerir os trabalhadores de forma arbitrária e déspota, dado que se estes quiserem garantir o seu posto de trabalho terão que se submeter às regras da casa, caso contrário correm o risco de serem dispensados. Isto, na verdade, é fraude à lei, simulação ou abuso de direito (escolham a melhor), porque não existe verdadeira intenção de querer contratar trabalhadores de carácter temporário, antes ultrapassar regimes menos favoráveis aos beneficiários e que serão mais vantajosos para os funcionários."

Caster Semenya: os critérios de Jacob Zuma

Caster Semenya é tão feminina quanto o Liedson é português de gema. Caster Semenya também é tão masculino quanto o Pepe é português de coração. Caster Semenya é hermafrodita, e nas competições de femininas de atletismo funciona como um género de carro de fórmula 1 com os motores e os restantes acessórios alterados, acima daquilo que a FIA considera ser justo para poder competir de igual para igual com as restantes equipas.
Na minha opinião, isto poderia ser um género de batota. Só não é porque o mais provável é que Caster Semenya desconhecesse a sua condição hermafrodita e como sempre lhe disseram que era uma senhora, acreditou. A opinião de Jacob Zuma também não ajuda. Sabendo-se dos gostos excêntricos de Zuma, que gosta de senhoras diferentes do normal, não sei se se deverá considerar a opinião do Presidente sul-africano de que Semenya "é uma mulher e basta olhar para ela para ver isso".
Como os ideais de beleza de Zuma são um pouco duvidosos, Semenya deveria procurar alguém mais credível para justificar a sua condição feminina, embora os níveis elevados de testosterona continuem lá e, na minha opinião, não devesse competir com as outras senhoras.

Jacob Zuma e uma das suas mulheres

sábado, setembro 12, 2009

Debate José Sócrates/Manuela Ferreira Leite: vitória clara da social-democrata

Hoje assistimos a um debate em que Manuela Ferreira Leite se superou. Embora de início tivesse começado mal, deixando-se ir atrás da armadilha montada por José Sócrates que concentrava o debate no programa do PSD e no eterno combate à Madeira jardinista, com o passar do tempo a líder social-democrata aprendeu a líder com o adversário e não só se bateu muito bem do ponto de vista argumentativo como ainda mostrou garra na defesa dos seus valores (característica que lhe era desconhecida até ao momento).
Já se sabia que o Primeiro-Ministro ia levar a lição bem estudada para o debate com a adversária, saberia de cor o programa laranja e iria tentar surpreendê-la com abordagens exaustivas a campos onde a mesma se sentisse mais à vontade para tentar encurralá-lá e soltar um facto que a deixasse sem resposta. Sem sucesso. A estratégia de Sócrates passa ainda por inverter o jogo: discutir o que o adversário supostamente pretende fazer e focar o debate em gaffes ou polémicas alheias. Esteve prestes a funcionar, mas não funcionou.
José Sócrates limitou-se a desconversar, a fazer interpretações do pensamento da adversária, que só lhe ficam mal porque todos sabemos que Sócrates é capaz de melhor, e a debitar factos e números sem comentar aquilo que pretende para o país. O Secretário-Geral do PS decora frases e discursos e limita-se a representar na televisão querendo enganar o eleitorado. Quando é surpreendido, Sócrates reage como um Ser Humano banal: a sua expressão ora é de surpresa, ora é de incómodo. Quando é calculista até o seu tom de voz muda: coloca a voz e o ritmo próprio dos comícios e a diferença nota-se bem.
Uma nota para os assessores de José Sócrates: o seu rol de citações já conheceu melhores dias. Nos últimos dias ouvimos o Primeiro-Ministro repetir vezes sem conta a frase do General que diz que o pessimismo não cria postos de trabalho. Esta noite repetiu-a duas vezes. A esta junta-se ainda a outra proferida de forma rigorosamente igual como das outras vezes: "se eventualmente cometemos erros no relacionamento com os professores, estamos dispostos a fazer tudo para corrigir essa situação". Sócrates demonstrou hoje o quão limitado é. E Manuela Ferreira Leite contribuiu para isso, colocando-o no devido lugar e projectando as suas ideias para o país. Parabéns!

Empate técnico entre PS e PSD: a decisão nas mãos do PR

A comunicação social aponta para um cenário de empate técnico entre PS e PSD. Muitos são aqueles que equacionam, pela primeira vez, um cenário de o partido com mais votos não ser aquele que elege mais deputados.
De acordo com o número 1 do artigo 187.º da Constituição da República Portuguesa, o "Primeiro-Ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais". A pergunta que se faz é: quem deve ser Primeiro-Ministro e ser convidado a formar Governo na eventualidade de um partido ter mais votos que o outro mas eleger menos deputados para o Parlamento?
A decisão estará nas mãos de Cavaco Silva que poderá considerar três critérios distintos:
1) nomear Primeiro-Ministro o líder do partido que tiver conquistado maior número de votos, por ter reunido a preferência de maior número de eleitores, respeitando, assim, a vontade da maioria;
2) nomear Primeiro-Ministro aquele que tiver maior número de deputados na Assembleia da República, dispondo, teoricamente, de melhores condições e estabilidade para governar;
3) nomear Primeiro-Ministro aquele que tiver conquistado maior número de círculos eleitorais, por conquistar várias maiorias um pouco por todo o país.

Se ninguém desempatar até dia 27, será este o cenário que espera o Presidente da República, mais activo que nunca, sem no entanto se confundir com qualquer forma de presidencialismo tácito.

Manuela Ferreira Leite e o debate de hoje: ou mata, ou morre

Manuela Ferreira Leite tem hoje um duro embate contra José Sócrates. Tratando-se de um político profissional que não lhe dará tréguas, Sócrates pode dar-se ao luxo de jogar para o empate, preservando a vantagem ligeira que leva sobre a social-democrata e apostando tudo o nos quinze dias de campanha até 27 de Setembro.
Manuela Ferreira Leite terá que se esmerar. Para começar, deverá mudar a sua apresentação. Aposto num número em torno dos 2 milhões de telespectadores que ficarão com uma péssima imagem da líder social-democrata se voltar a apresentar o look "defunto" que apresentou contra Paulo Portas, enchendo a cara de pó-de-arroz, rosando as maçãs do rosto e passando um baton bordeaux, parecendo que tinha acabado de sair de uma autópsia no Instituto de Medicina Legal.
Manuela Ferreira Leite deverá ainda mostrar mais garra e não se deixar levar pelo jogo de Sócrates. Sócrates tem o hábito de pegar no programa dos adversários, focar-se nos seus pontos fortes e atacar sem apelo nem agravo, deixando-os atónitos e sem esboçar qualquer tipo de reacção. A líder social-democrata deverá fugir destes ataques e ser ela a ter a iniciativa do debate.
Hoje, ou Manuela Ferreira Leite (con)vence ou poderá abrir caminho a uma vitória mais sólida de José Sócrates. Chegou a hora de se afirmar definitivamente, ou então de entregar armas e pedir clemência.

sexta-feira, setembro 11, 2009

Número de downloads de programas eleitorais do BE já superou o número de livros vendidos por Margarida Rebelo Pinto...

Mais de 250.000 portugueses quiseram ler o romance bloco-bolivariano e ter a certeza que um Doutorado em economia, docente universitário, tinha mesmo conseguido escrever tantos disparates num só catrapázio.

Debate Paulo Portas/Francisco Louçã: vitória pragmática de Portas contra um BE confuso

Paulo Portas deu continuidade ao que José Sócrates tinha feito contra Francisco Louçã: desmascará-lo e denunciar o programa surrealista do BE que pretende "nacionalizar" o produto resultante de investigação científica, taxar os telemóveis, conceder livre trânsito a todos os estrangeiros que pretendam entrar no nosso país mesmo que não tenhamos condições para os receber e levar para a guilhotina tudo o que sejam empresários.
Na verdade, um eventual Governo Bloco de Esquerda teria como primeira grande medida taxar as empresas até à exaustão, algo que nunca devem ter pensado que terá como consequência um agravamento das condições dos trabalhadores, seguindo-se uma nacionalização depois de esmifrar todos os lucros possíveis e imaginários, terminando a sua "revolução bolivariana" com a ida de todos os empresários portugueses minimamente bem sucedidos para um campo de fuzilamento onde iriam pagar por todos os postos de trabalho que criaram.
Esperem! O mais provável é que os campos de fuzilamento dessem lugar a lapidações e enforcamentos, dado que o Bloco de Esquerda defende no seu programa a desmilitarização da GNR e a redução das Forças Armadas. Pelo meio, inspirados pelas visitas de Miguel Portas à Palestina, a classe média seria alvo de uma verdadeira intifada, perdendo todos os benefícios fiscais a que tem direito e a valorização de acções da Galp, EDP, entre outras empresas que entretanto tinham sido nacionalizadas.
Pensando bem, se o BE repete vezes sem conta a palavra "liberdade" como é que as nacionalizações se conjugam com este valor? Se tudo estiver no controlo do Estado, qual Chávez à portuguesa (só que sem petróleo), ficamos com liberdade para quê além do casamento com pessoas do mesmo sexo?
Este é o programa do Bloco para Portugal que Portas fez questão de denunciar e contrapor com soluções coerentes, acertadas e, acima de tudo, pensadas dada a actual conjuntura. Portas recordou o que fez em aspecto de política social, defesa e economia e acrescentou ainda o que pode fazer pelos portugueses, sem se esquecer de explicar o "como" e o "porquê"!

Sondagens, sondagens e mais sondagens: apelo à consciência dos eleitores

Três sondagens diferentes, publicadas num espaço de 48 horas, apontam para resultados completamente díspares, senão vejamos:
- o PS tem 34%, 37% e 33%;
- o PSD tem 33%, 35% e 28%;
- o BE tem 9%, 10% e 11%;
- o CDS tem 8%, 6% e 10%;
- a CDU tem 9%, 8% e 10%.

De todas elas podemos retirar duas conclusões comuns:
- o PS é o vencedor;
- o BE assume-se como terceira força política.

Continuo a acreditar na sondagem de Paulo Portas:
- não confiem nas sondagens porque os resultados estão completamente baralhados.

Depois de tudo o que se passou até agora não quero acreditar que o engenheiro José Sócrates tenha condições para ser reeleito após prometer tanto e cumprir tão pouco com uma maioria absoluta, a qual deveria dar para fazer qualquer coisa de jeito.

Não quero crer que o Bloco de Esquerda, depois de ter sido desmascarado, e ter finalmente sido integrado no grupo de extrema-esquerda, tenha condições suficientes para merecer tantos votos que coloquem o partido como terceira força política.

Não confiem nas sondagens. São falsas!
Não olhem para a cara dos líderes dos partidos. Quem vê caras não vê corações!
Não se deixem enganar por falsas promessas. Olhem para os programas e comparem-nos com a realidade do país. Escolham o mais realista.

Sejam conscientes! Um voto é uma arma que vos pode defender ou virar-se contra vocês!

quinta-feira, setembro 10, 2009

A diferença entre as eleições do Irão e as do Afeganistão

As Nações Unidas deram o seu aval a Ahmadinejad e às eleições realizadas no Irão, contrariando a campanha desencadeada pelo Ocidente, nomeadamente EUA e Reino Unido, contra o regime conservador do Presidente iraniano.
Depois de tanto alarido, tanta pressão e tanto sangue que correu só para levar à presidência um candidato que fosse do seu agrado, é estranho ver que nas eleições do Afeganistão os mesmos actores não contestam a vitória de Hamid Karzai, quando desta vez tudo aponta para fraude eleitoral descarada, ao contrário do caso iraniano.
Afinal, quem consegue acreditar em Barack Obama e Gordon Brown quando já é mais que sabido que EUA e Reino Unido movem-se conforme os seus interesses, tentando arrastar o maior número de seguidores que no fim acabam por se queimar por subscreverem e apoiarem teorias da conspiração que violam direitos humanos e atentam contra a liberdade de associação, política e religião.

quarta-feira, setembro 09, 2009

Breve caracterização dos líderes dos cinco maiores partidos políticos portugueses

José Sócrates - Foram precisos quatro anos e meio para que o PM fizesse serviço público. Desmascarou Francisco Louçã, denunciou o programa fantasista e irrealista do Bloco de Esquerda e conseguiu evitar que se falasse do seu próprio programa e da sua fraca prestação no comando do Governo.
Os portugueses só lhe conhecem duas gravatas: a azul e a vermelha. A camisa branca é que não se sabe se é sempre a mesma.

Manuela Ferreira Leite - Agarra-se ao seu colar de pérolas como se de um amuleto se tratasse. A verdade é que não inova, apresenta-se sempre da mesma forma e o famoso colar de pérolas dá a ideia de que se trata de uma daquelas senhoras idosas que têm medo que lhes roubem as coisas em casa, ou durante a noite, e andam sempre com elas.
O cabelo apanhado e outra roupa que não a de executiva mandona certamente lhe garantiriam mais votos.

Paulo Portas - O ar gozão e o recurso fácil à ironia retiram-lhe/conquistam-lhe eleitorado. Sempre apoiado nos seus gráficos e nos seus documentos, faz raciocínios rápidos e assertivos, embora por vezes tenda a prolongar-se. Gesticula em demasia e por vezes tende a denotar maior apetência para um programa de televisão em formato semelhante ao de Marcelo do que para a carreira política.

Jerónimo de Sousa - É um senhor simpático e educado, mas continua a ser um martírio ouvi-lo debitar a eterna e imutável doutrina comunista. O que é certo é que olho para o líder comunista e vejo-o mais facilmente numa tasca a jogar à sueca do que na AR como deputado... o que talvez seja aquilo que ainda lhe rende tantos votos juntos das classes mais baixas.

Francisco Louçã - O tarólogo contratado pelo Bar Velho não podia ter sido mais certeiro quando associou a carta do Louco para o líder bloquista. Louçã não tem noção da realidade e o seu programa é composto por uma série de ilusões, fazendo dele um dos maiores vendedores de banha da cobra do nosso país.
As suas semelhanças com o cantor David Fonseca são óbvias, embora se registe uma diferença clara entre ambos: David Fonseca canta em inglês e Francisco Louçã mente em português.

terça-feira, setembro 08, 2009

Bar Velho entrevista: Paulo Pedroso

O Bar Velho inicia hoje uma rubrica reservada a entrevistas feitas por nós a individualidades ligadas aos vários sectores da sociedade. O nosso primeiro convidado dispensa apresentações. O dr. Paulo Pedroso é o candidato pelo Partido Socialista à Câmara Municipal de Almada. Sociólogo, integrou o XIV Governo Constitucional, sendo Ministro do Trabalho e da Solidariedade durante o período 1999-2002.
Desafiámos o dr. Paulo Pedroso para uma entrevista, a qual foi prontamente aceite pelo próprio. Nas perguntas que lhe fizemos procurámos falar da sua candidatura a Almada, do poder local e até um pouco de si próprio.
Agradecemos-lhe uma vez mais a disponibilidade e o interesse demonstrados, fazendo ainda votos de felicidades para as eleições de 11 de Outubro próximo.

Bar Velho: Na apresentação da sua candidatura confessou que Maria Emília tem feito um trabalho bastante positivo, mas que consigo é possível evoluir ainda mais. Em que é que pode fazer a diferença?

Paulo Pedroso: Não foi bem isso que disse. Mas não sou o tipo de político que pensa que antes dele só houve desastres. Evidentemente que Maria Emília de Sousa, que é Presidente de Câmara há 22 anos, fez o melhor que soube e os seus mandatos têm aspectos positivos, não só negativos. Penso, contudo, que os aspectos positivos têm vindo a diluir-se no tempo, ao passo que os negativos se agravam.

Nos últimos anos acumularam-se erros que é urgente corrigir e destruíram a vida do centro urbano. Nunca houve o investimento devido no desenvolvimento, em particular turístico da Costa da Caparica. Nunca houve uma estratégia municipal para encontrar alternativas de emprego após a profunda crise dos anos oitenta que levou consigo a indústria naval. A reconversão dos bairros clandestinos – as AUGI – não foi incentivada e o concelho atrasou-se nessa matéria. Falta política social alternativa à concentração da exclusão em gigantescos bairros sociais. A Câmara foi agente activo da especulação imobiliária, procurando maximizar as receitas e descurando o equilíbrio urbanístico do concelho.

Por outro lado, há uma visão demasiado paroquial do concelho. Vejo Almada como parte de uma grande cidade do sul do Tejo que luta de igual para igual com Cascais, Sintra e Oeiras na atracção de investimento como na afirmação metropolitana em todas as áreas. Nada disso tem acontecido.

Se vencer em Almada, quais são as cinco grandes prioridades de um Executivo camarário consigo na Presidência?

  1. Aumentar a mobilidade e devolver a vida ao centro da cidade, revogando o plano Mobilidade XXI, completando as infraestruturas viárias e colocando todos os pontos do concelho a uma distância inferior a 30 minutos do centro, em transporte público;
  2. Tornar o concelho mais cosmopolita, potenciando muito melhor a relação com Lisboa, o rio e o mar, adoptando uma estratégia ofensiva de captação de investimento moderno e emprego, em competição com os outros pólos da área Metropolitana de Lisboa, afirmando-o como um concelho ambientalmente sustentável, tornando-o num pólo de nível nacional das artes do espectáculo e afirmando a Costa da Caparica como grande complexo de praias da capital do país, activo todo o ano;
  3. Reequilibrar urbanisticamente o concelho, investindo na renovação urbana que tem estado bloqueada, qualificando as áreas degradadas e, em particular, apoiando a reconversão das AUGI, que têm sido esquecidas e metade das quais continuam por reconverter passadas décadas, implicando diversas consequências urbanísticas e sociais de que não ter saneamento básico é apenas um indicador sugestivo;
  4. Apoiar as famílias trabalhadoras, pela melhoria dos serviços à população, com destaque para os transportes colectivos e para a escola pública, construindo as 60 salas de aula que faltam, distribuindo gratuitamente os manuais escolares do 1º ciclo e garantindo às famílias a escola pública a funcionar das 7 às 19 horas para todos;
  5. Fazer de Almada um concelho socialmente mais coeso, com uma nova estratégia de apoio ao idosos, combatendo o seu isolamento e promovendo o desenvolvimento social, em particular nos bairros mais carenciados, pela aposta em parcerias com os agentes locais e numa nova política social de habitação, sem novas concentrações de pobreza nem o florescimento de novos bairros da lata

Alguns acusam-no de não ter fortes ligações a Almada e outros preferem vê-lo como culpado num processo em que foi absolvido. Como contraria esta realidade?

Os primeiros estão mal informados e os segundos ainda intoxicados ou já só mal intencionados. Qualquer pessoa que assume funções públicas está exposta a calúnias e falsidades. Infelizmente, por razões que desconheço e que tenho confiança que um dia se apurarão, calhou-me uma dose reforçada de exposição a fenómenos desse género, com a qual terei que saber conviver o resto da minha vida.

Só há uma forma de combater as calúnias e falsidades, que é ser-se quem se é, actuar nos locais e nos momentos próprios e confiar na maturidade democrática dos cidadãos. É o que faço.

Lembro-me muitas vezes da frase de Séneca que servia de lema ao Professor Sousa Franco: “quem teme as tempestades, morre rastejando”.

Uma eventual derrota/vitória do Partido Socialista nas Legislativas poderá influenciar os seus resultados nas autárquicas?

Claro. Só os politólogos mais rebuscados é que podem imaginar que não haja efeito de contaminação entre eleições separadas por quinze dias. Que tipo de influência terá um resultado no outro já é mais difícil de apurar, dado que é uma situação inédita e, acrescento, algo anómala. A bem do respeito pelas pessoas, os actos eleitorais deviam ser ou completamente juntos ou bastante mais separados do que estes vão ser. Mas, como diz António Guterres, é a vida.

Sabendo-se do domínio da CDU em Almada, o que é, para si, um resultado positivo nas próximas eleições?

O fim dos 35 anos ininterruptos de domínio concelhio da CDU e a superação dos obstáculos que esse domínio gerou ao futuro do concelho, porque é Almada que está em jogo.

Afinal, como é que se pode tirar proveito de todo o potencial da Costa da Caparica?

Há muito trabalho por fazer. É preciso acelerar a reconversão urbanística, para remover um obstáculo que tolhe a atracção de investimento turístico. É necessário apostar em grandes eventos na época alta, que mudem a estrutura actual da procura. É indispensável ter uma política de animação todo o ano, que crie o hábito de ir à Costa por razões diversas em diferentes momentos e não apenas “torrar” no pino do Verão. É fundamental melhorar a acessibilidade em transporte público, estendendo o metro, construindo parques dissuasores e lançando uma linha ecológica, cómoda e rápida de transporte colectivo que se estenda da Trafaria à Fonte da Telha. É absolutamente urgente disciplinar a circulação e o estacionamento. É desejável qualificar mais a oferta de restauração e comércio, para potenciar o consumo dos visitantes e turistas.

Como pretende dar vida a um concelho cuja tendência parece ser a de envelhecer?

Almada não é um concelho envelhecido é um concelho em que as famílias jovens não encontram a oferta adequada. Por isso é necessário pensar a política para este grupo estratégico para o desenvolvimento do concelho. Queremos pôr o pré-escolar e a escola pública a funcionar das 7 da manhã às 7 da noite, em apoio às famílias trabalhadoras. Apostamos num dia por semana de abertura do comércio até mais tarde, com a Câmara a apoiar através de um programa especial de animação do espaço público. Vamos afirmar Almada não apenas como o concelho do Festival de Teatro, mas como um pólo de nível nacional das artes do espectáculo, atraindo os lisboetas e os turistas à nossa cidade ao longo de todo o ano e, claro, queremos que o Verão da Caparica seja uma referência nacional dos grandes acontecimentos.

Almada atrai muita gente pela relação qualidade-preço da habitação. Agora há que melhorar essa relação com a maior atractividade da vida no espaço público e a acessibilidade dos equipamentos sociais e culturais.

Os comerciantes criticam a Presidente por projectos como o Almada Fórum, ou o Metro de superfície, responsabilizando o Executivo CDU por ter acabado com o comércio local. No entanto, nota-se também que a oferta dos comerciantes é bastante limitada e os seus horários de trabalho incitam os almadenses a recorrer ao Almada Fórum. Como pretende revitalizar e aumentar o comércio no concelho?

Entrou-se num ciclo vicioso que é preciso interromper.

A forma imediata de o fazer é a revogação do Plano mobilidade XXI, tendo como consequência a reabertura ao tráfego do centro da cidade e a reformulação da circulação do trânsito que se tornou caótica nas ruas laterais. O que a CDU fez foi equivalente do que seria em Lisboa fechar ao trânsito o Marquês de Pombal e parte da Avenida da Liberdade ou em Setúbal a Avenida Luísa Todi.

No curto prazo há ainda que adoptar as medidas de reequilíbrio em favor do centro da cidade que faltaram quando abriu o Almada Fórum. Devia ter sido criada uma Loja do Cidadão que por incompetência negocial da Câmara continua por criar, apesar de haver conversas sobre o assunto há seis anos. Não se invoque a esse respeito aspectos de discriminação partidária que não existem. Recorde-se que o Seixal, que também é gerido pela CDU, assinou há poucos meses um protocolo para ter a sua Loja do Cidadão.

Propusemos aos comerciantes um programa de incentivo à modernização, dotado com dois milhões de euros, destinado a co-financiar projectos de investimento na modernização do comércio tradicional. Também lhes propusemos que adoptem um dia semanal de abertura até mais tarde, por exemplo até às 22 ou até às 23 horas. Se o fizerem, a Câmara compromete-se nesse dia a realizar iniciativas diversificadas no espaço público que encorajem as pessoas a vir até ao centro e fará a promoção adequada desta estratégia. Programas semelhantes funcionam com sucesso, por exemplo, em cidades holandesas.

Vamos também redesenhar as avenidas de Almada e construir a parte que ficou por fazer do Túnel do Brejo, para que haja uma circular urbana interna, ligando o largo de Cacilhas ao Centro-Sul, de um lado através do actual sistema de avenidas e do outro, seguindo junto à Lisnave até à Cova da Piedade e finalizando em túnel a ligação que ficou interrompida.

O centro não está condenado ao declínio, apenas não tem havido energias para o apoiar.

Deixando o Concelho de Almada mas ainda dentro do poder local, uma eventual regionalização seria benéfica para Portugal? Porquê?

Sou favorável à regionalização, mas penso que é um debate que tem sido empolado, quer pelos seus defensores, que frequentemente vêem nela mais uma oportunidade para a sua afirmação política do que uma estratégia de desenvolvimento, quer pelos seus detractores que, a pretexto do reforço do municipalismo acabam por defender o centralismo. Em todo o caso sou muito céptico a quanto a que se gerem consensos em torno da regionalização nos anos mais próximos.

A Lei das Autarquias Locais limita as competências das Assembleias e das Juntas de Freguesia, limitando a sua influência junto da Câmara caso sejam de cores partidárias diferentes e restringindo-as meramente ao desempenho de funções a maioria das quais relativas ao seu próprio funcionamento. Isto constitui um encargo excessivo para o orçamento destinado às autarquias locais. Como analisa o papel das Juntas de Freguesia? Deveriam as Juntas de Freguesia ser extintas, concentrando as poucas competências que têm na Câmara Municipal, ou deveria ser alargado o respectivo leque de competências?

É necessário preparar uma reforma profunda do nosso modelo administrativo e nesse quadro tenho uma atitude bastante aberta. Como disse, penso que nos falta uma autarquia supramunicipal e, se essa existir, todo o edifício do relacionamento entre as actuais freguesias e os actuais municípios deveria ser revisto radicalmente. Mas estamos muito no início de tal caminho.

No imediato, julgo que nas grandes cidades se pode descentralizar mais competências para as freguesias, nomeadamente nos serviços de proximidade e na gestão de equipamentos.

Quanto ao problema concreto dos executivos de cores partidárias distintas, apenas vos digo que sou um democrata radical e nunca discriminarei um executivo de freguesia pela cor política do seu presidente. Julgo que mesmo no actual quadro, a arbitrariedade municipal na transferência de verbas deve ser suprimida. Há bons exemplos nesse domínio, infelizmente não em Almada. Aqui, nos últimos quatro anos, as freguesias da Trafaria e da Charneca de Caparica foram discriminadas por serem do PS. Talvez a subserviência do PSD a nível concelhio à CDU não seja, aliás, estranha, à partilha de poder que têm na freguesia da Costa de Caparica.

Estou convencido que, em Almada, as várias uniões de facto entre a CDU e o PSD são contrárias ao sentido que os eleitores pretendiam dar ao seu voto e resultam, pelo menos em parte, do fenómeno perverso que enunciam na pergunta.

No sistema político nacional, o Governo é exclusivamente composto por elementos do partido mais votado nas eleições à Assembleia da República. É ainda sabido que a existência de vereadores da oposição tende a condicionar o mandato do partido que lidera a Câmara. Concorda com uma aplicação parcial da regra escolhida para a composição do Governo nacional para o poder local, um género do popular “winner takes all” nos EUA, permitindo que o partido que obtenha maioria de votos seja aquele que tem direito a todos os lugares no Executivo camarário?

A vossa afirmação de base não é verdadeira. O Primeiro-Ministro é indigitado para formar uma maioria que o apoie no Parlamento que pode ter e já teve diversas formas, incluindo o caso extremo dos governos de iniciativa presidencial. O nosso sistema eleitoral para a Assembleia da República é proporcional. Esses sistemas, ditos “consensuais” tendem a gerar coligações. Só que em Portugal a esquerda tem um bloqueio quanto a essas coligações que dura desde o 25 de Novembro e não parece ter fim à vista. A direita, aliás, coliga-se naturalmente, como aconteceu entre 2002 e 2005.

Ao nível autárquico, penso que o modelo que sugerem teria imensos efeitos negativos, reforçando o caudilhismo pacóvio em certas circunstâncias e o predomínio dos aparelhos partidários noutras. É ilusório pensar que as oposições conseguem fiscalizar os executivos camarários nas Assembleias Municipais. É na vereação que é possível fazê-lo. Por outro lado, a lei actual conseguiu gerar com sucesso boas experiências de partilha de poder entre vencedores e vencidos que foram benéficas para o poder local.

Julgo que se deve aumentar o nível de consensualidade do exercício do poder local e não reforçar artificialmente o poder absoluto dos vencedores, que apenas dificultaria a democracia local.

Em Almada, se o predomínio partidário do PCP sobre a autarquia gerou abusos com o actual sistema, imaginem o que teria gerado nestes trinta e cinco anos se a oposição nunca tivesse tido os meios eficazes de cercear esses abusos.

A lei da paridade tem causado alguma polémica por obrigar os partidos a integrarem obrigatoriamente mulheres nas listas, privilegiando a quantidade e não a qualidade. Concorda com esta regra? E com a integração das mesmas mulheres em diversas listas?

Concordo totalmente com a lei da paridade. Não há nenhuma razão para que haja mais de dois terços de homens ou de mulheres nos órgãos colegiais. A pretexto da defesa da qualidade está-se apenas a tentar tornar aceitáveis os mecanismos discriminatórios no funcionamento dos partidos.

A minha lista para a Câmara, aliás, é rigorosamente paritária, tendo tantas mulheres como homens e tem, nuns e noutros, as pessoas melhor preparadas para os cargos a que se candidatam.

Concorda com a criação de círculos uninominais? Porquê?

Sou a favor do chamado “sistema alemão”, em que o eleitor sabe em quem vota, porque há círculos uninominais de candidatura e em que a proporcionalidade é respeitada porque há círculos proporcionais de apuramento. Julgo que é preciso encontrar um equilíbrio entre a relação eleitor-eleito e a governabilidade melhor que o actual, mas não sou favorável a que se sacrifique a proporcionalidade.

No seu entender, deveria ser possível que listas independentes se candidatem à Assembleia da República?

Sou, embora tema a emergência de regionalismos descontrolados.

Considera a possibilidade de desempenhar outros cargos políticos? Quais?

Quando me candidatei a Almada fiz uma opção que implica disponibilidade total. Não sou candidato a rigorosamente mais nada na política. Se os cidadãos de Almada me derem a sua confiança, retribuo-lhes com a minha dedicação.


Quais são os locais em Almada onde passa o seu tempo e que restaurantes mais frequenta?

Por razões familiares, Cacilhas é o meu poiso mais frequente. Sou cliente habitual, sobretudo fora do Verão, da Costa da Caparica e gosto de ir ver o Tejo em diferentes pontos do concelho.

Sou fiel ao peixe grelhado na Cabana do Pescador, à vista sobre o mar do Kontiki, aos mariscos da Cabrinha e do Farol, à qualidade da confecção e à vista do Amarra ó Tejo. Na Trafaria, prefiro o Piri-Piri.

O que são para si as férias ideais?

Dois meses a descobrir a Índia. Estão adiadas mas hão-de ver a luz do dia.

A que é que costuma dedicar-se nos tempos livres?

Se não estou a navegar na net, ando por aí com a família, estou a recuperar leituras atrasadas, a recarregar o IPod ou a esvaziar as prateleiras de filmes que ainda estão por ver.

Que género de música aprecia?

Sou eclético, mas fixo-me recorrentemente no jazz e aparentados, na pop, no que designámos por rock português e nos cantautores. De vez em quando, normalmente aconselhado pelo Y [suplemento do jornal Público], descubro um nome ou um grupo que junto à lista de preferências.

Faço ainda umas incursões por conta própria pela música erudita contemporânea, contudo muita moderação de há uns anos a esta parte, porque me falta o tempo para investigar.

Indique cinco palavras que o definam.

Ambição, Coerência, Coragem, Dedicação, Diplomacia.

Recordemos a passagem de Jaime Gama pela Madeira


Debate José Sócrates/Francisco Louçã: deu pena ver o líder do BE a ser humilhado

Seria hipócrita e demagógico da minha parte se me atrevesse a considerar que houve um empate ou uma vitória de Francisco Louçã. Na verdade, deu pena ver a forma como o líder do BE foi humilhado pelo Primeiro-Ministro: não deu réplica quando Sócrates se vangloriou dos 0,3% de crescimento económico, alegou factos que não conseguia provar e foi prontamente desmentido passando por mentiroso (Portas teria garantidamente documentos e gráficos prontos a fazerem corar o PM), embrulhou todas as críticas ao programa eleitoral do BE (agora completamente desmascarado), ignorou por completo o problema do desemprego, preferindo enterrar-se por completo na questão dos benefícios fiscais. Pelo meio esqueceu-se de criticar o programa governativo do PS.
O BE desiludiu e já se percebeu que Sócrates pretende pegar nos pontos fortes dos adversários para os encurralar: com Portas ganhou na segurança e com Louçã na economia e fiscalidade. A estratégia está a funcionar.
O desempenho de José Sócrates no interessante debate de hoje (que pena ter durado apenas uma hora) só não se pode classificar como "perfeito" porque no melhor pano cai a nódoa e decidiu manchar a sua prestação fazendo um ataque foleiro à visita de Manuela Ferreira Leite à Madeira. Sr. Engenheiro, então e o que tem a dizer da visita de Jaime Gama à Madeira e dos louvores a Alberto João Jardim?

segunda-feira, setembro 07, 2009

Desafio aos líderes dos partidos políticos

Isto é como aqueles velhinhos jogos de computador: temos que saltar por diferentes plataformas e no fim temos que passar o boss antes de concluirmos, sãos e salvos, ao fim do jogo.
Receberá o meu voto o primeiro líder de partido que for à Madeira e conseguir voltar em segurança, imaculado e sem ter causado polémica! Nestas contas inclui-se, como é óbvio, o PSD, perito em abrir a caixa de pandora.

Jornal Público inicia polémica gratuita com Manuela Ferreira Leite

A comunicação social pode ser tão esclarecedora e informadora quanto venenosa e geradora de ódios. Agora, o Público decidiu dar início a um "caso de Estado" porque Manuela Ferreira Leite foi transportada no carro oficial do Presidente do Governo Regional da Madeira para a sede do Executivo Regional. Quando José Sócrates foi à Madeira deslocou-se em algum carro do PS? O GRM não tem o direito de transportar todos os seus convidados?
O episódio, que não o é, já está a assumir proporções de maior dimensão do que aquelas que realmente merece ter, como se a líder de um partido político ser transportada para um órgão de soberania fosse um caso tão grave quanto o Freeport, o BPN, o alegado curso de engenharia concluído ao domingo, ou projectos de autoria travestida.
O caso chega a tais proporções que Alberto João Jardim disse "fuck them" a todos os que se interessam com episódios mesquinhos como estes e o Público deu-se ao trabalho de traduzir para português as palavras do Presidente do Governo Regional da Madeira como se os leitores não soubessem o significado da expressão.
O objectivo é só um: criar um episódio de última hora que choque, lance a polémica e aumente ainda mais o ódio contra Alberto João Jardim, Manuela Ferreira Leite e contra a Madeira. Estão a conseguir. Parabéns, Público, pela falta de profissionalismo, isenção e consciência do que é a proporcionalidade. É uma pena que, quando João Galamba, candidato a deputado pelo PS, chamou "filho da puta" a um adversário político, o Público se tenha mantido em silêncio.

Debate Paulo Portas/Jerónimo de Sousa: vitória clara de Portas

Paulo Portas é um político profissional. Insisto nesta frase. Portas ser um político profissional não faz dele uma má solução para o país, pelo contrário. O seu discurso é coerente, fácil e assertivo. Paulo Portas sabe do que está a falar e faz-se acompanhar de muletas como casos concretos, gráficos e erros dos adversários.
Paulo Portas faz o enquadramento da actual situação em cada um dos vários sectores, identifica os problemas, caracteriza exaustivamente onde é preciso actuar e aponta soluções para corrigir as lacunas e impulsionar cada uma das áreas.
Paulo Portas convence-me e promete levar uma parte do eleitorado de Manuela Ferreira Leite. No debate que vai opor o líder do CDS-PP à social-democrata, muitos se vão surpreender com a forma como Portas se vai demarcar das políticas centristas, vincará a imagem do seu partido e reivindicará, de forma aguerrida, o lugar que lhe é devido!

Sondagem dá vantagem ao PS de 5,6% sobre o PSD

Hoje foram publicados os resultados de uma sondagem que aponta para uma vitória de José Sócrates sobre Manuela Ferreira Leite nas Legislativas de 27 de Setembro próximo.
Eu não gostaria de concluir que os portugueses continuam ignorantes, e iguais a si próprios, acreditando em teorias da conspiração e cabalas contra o PS ou dando uma de eleitores atentos que acompanham e dominam tudo o que se passa no país, concluindo que os socialistas têm feito um trabalho fora-de-série ao ponto de merecerem uma "renovação de contrato" para nos próximos quatro anos poderem arrasar de vez o país.
Assim sendo, vou manter o benefício da dúvida e lançar suspeitas sobre as cada vez mais enganadoras sondagens que ainda em Junho davam uma vitória segura de Vital Moreira e um resultado desastroso para Nuno Melo e o resultado acabou por ser uma vitória esclarecedora de Paulo Rangel e uma agradável surpresa para o cabeça de lista do CDS.

"O bom jornalismo afasta o mau jornalismo"

Só tenho pena que a melhor decisão política de 2009, relativamente aos órgãos de comunicação social, não tenha sido tomada pelo Primeiro-Ministro, mas por um órgão de gestão de uma empresa privada.

Afinal de contas, o fim do jornal nacional, muito embora tenha sido decido em desrespeito pela lei e em prejuízo das audiências da TVI, traduz-se numa clara melhoria do jornalismo nacional e do serviço noticioso da própria estação de Queluz.

domingo, setembro 06, 2009

Debate José Sócrates/Jerónimo de Sousa: uma hora de nada

Ontem assistimos a um debate entre dois indivíduos de fato azul escuro, camisa branca, gravata vermelha e cabelo grisalho. A diferença é que um estava de óculos e tinha mais idade que o outro. Nas ideias continuam iguais a si próprios: um continua a despejar a doutrina comunista dos anos 70 e a manifestar uma total incapacidade para apontar medidas concretas que tenham sido prejudiciais para o país (embora tenha bastantes motivos para isso), limitando-se a apregoar frases vagas e chavões como "os trabalhadores perdem direitos", "a nossa educação está num estado grave", "o seu Governo comporta-se como se fosse de direita".
O outro, que está no poder, insiste no papel de cordeiro low cost, sem condições mínimas de confiança e credibilidade, que não compreende as críticas da oposição e mostra-se totalmente disponível para dialogar e ouvir os professores. É caso para perguntar: porque é que só ao fim de quatro anos e meio, em véspera de eleições, é que José Sócrates se lembra de conversar com os docentes e vai demonstrando cada vez mais a sua vontade à medida que o dia 27 de Setembro se aproxima?

sábado, setembro 05, 2009

CDS-PP: porque não deve formar Governo com o PSD.

Das Legislativas de 2002 para as de 2005, o CDS perdeu mais de 60.000 votos, fruto de três anos de coligação com o PSD. É certo que a conjuntura do momento, provocada pela decisão precipitada de Jorge Sampaio de dissolver o Parlamento, contribuiu em boa medida para este desfecho, mas não deixa de ser uma grande perda para um partido de pequena/média dimensão como o CDS-PP.

Embora Portugal me surpreenda, Manuela Ferreira Leite só não vencerá as eleições se até ao dia 27 de Setembro cometer uma série de erros grosseiros que comprometam a imagem do partido junto do eleitorado. É certo que Manuela Ferreira Leite vai fazer asneira, da grossa, e não espero grande coisa de um Governo PSD. Contudo, os seus erros não serão tão graves quanto a série de atentados que José Sócrates e um segundo Executivo socialista estarão dispostos a cometer se o PS por qualquer motivo vencer as eleições.

O CDS-PP vai obter bons resultados dentro de três semanas e deve resistir à tentação de formar um Governo de coligação com o PSD por dois motivos: será minoria no Executivo e a maior parte das pastas que terá serão minoritárias; face aos futuros erros governativos a cometer pelo PSD, um Governo de coligação colocará a esquerda em posição mais que favorável para 2013 e um bom resultado para o CDS estará obviamente comprometido por um Executivo que queima desde logo os dois principais partidos de direita.

Num país que não tem tradições à direita e face ao crescimento do Bloco de Esquerda (vai continuar a surpreender até começarem as grandes lutas pelo poder a nível interno), o CDS deve apoiar o futuro Governo PSD, mantendo a sua faceta de partido de oposição que apresente alternativas e soluções. Este cenário permitirá ao Partido Popular manter a sua identidade e os seus valores, deixando de depender de um bom desempenho dos social-democratas para manter acesas as suas ambições em 2013 caso o Governo PSD desaproveite a oportunidade oferecida pelo PS em 2009.

O CDS-PP apenas deverá equacionar a hipótese de embarcar com o PSD num Governo de coligação para 2013 se os social-democratas, por qualquer motivo que o valha, conseguirem obter uma taxa de aprovação do eleitorado que permita vislumbrar boas hipóteses de governabilidade em conjunto sem que a sua imagem fique associada a erros alheios. Até lá, o CDS-PP deverá preservar a sua identidade e independência.

sexta-feira, setembro 04, 2009

Portugal e os prisioneiros de Guantánamo: um segredo que a Globalização fez questão de desvendar

O Estado português bem tentou proteger os dois sírios que acolheu provenientes de Guantánamo. O segredo sobre as suas identidades foi sol de pouca dura, pois o NY Times e a Wikipédia já fizeram questão de desvendar tudo, até os respectivos processos, sobre Moammar Dokhan e Muhammad Khan Tumani.
Esquecemo-nos de negociar os termos do contrato de acolhimento de ambos com a Globalização...

Xutos & Pontapés fazem versão de "Sei Eira, Nem Beira" para novela com a TVI

"Senhor Engenheiro,
Deixe a minha redacção,
Sempre em tom tão aceso,
Chega de perseguição"

Reportagem Freeport da TVI: mais uma fraude televisiva...

Uma reportagem sobre o alegado envolvimento de um primo de José Sócrates sem que este estivesse directamente envolvido em qualquer um dos factos que a TVI, insistentemente, fez questão de propagar que estão documentados e terão incomodado o PS, não deixa de ser uma fraude televisiva do tal com o intuito de angariar telespectadores.
A verdade é que, se doravante, não forem divulgados factos novos que envolvam titulares do poder político, o nível de interesse destas reportagens e investigações têm valor diminuto ou nulo para o telespectador, embora para a investigação criminal tenha um valor considerável.
Em suma, se não for para divulgar factos que envolvam o poder político, então não percam tempo a fazer de meras trivialidades o acontecimento do século sob pena de quando tiverem uma bomba nas mãos ninguém estar presente para assistir aos estragos.

Ainda sobre José Sócrates e Paulo Portas

Num debate que deveria ter como principal tema "o presente e o futuro", o Primeiro-Ministro insistiu em falar do passado, mas não de um passado recente. José Sócrates falou de factos ocorridos há cinco e sete anos para justificar a política do seu governo. Se Paulo Portas tivesse seguido as suas pisadas, provavelmente voltaríamos ainda mais atrás no tempo e discutiríamos a situação política de 1995 a 2001.
As diferenças entre os dois Executivos com participação CDS-PP e o actual, liderado pelo Eng. José Sócrates, são abissais, senão vejamos:
- Paulo Portas esteve menos de três anos em dois governos diferentes. José Sócrates já vai em quatro anos e meio;
- O CDS era minoritário num governo de coligação dominado e liderado pelo PSD. O PS não só governa sem coligação como ainda beneficia de maioria absoluta;
- Nunca a relação com os militares foi tão saudável como no tempo dos Executivos de Portas. O Código do Trabalho foi outra das grandes obras do CDS. Que obras conhecemos ao PS além da guerra desencadeada com praticamente todos os sectores da sociedade civil?

O PM ainda pretende comparar mandatos?

Onde anda Jorge Sampaio?

Onde anda o antigo Chefe de Estado, socialista por sinal, que se insurgiu contra as ingerências do poder político em órgãos de comunicação e abriu caminho à vitória de José Sócrates?

quinta-feira, setembro 03, 2009

A ficção preenche-nos

Manuela Moura Guedes conseguiu hoje o que não havia conseguido – pelo menos comigo – até hoje: manteve-me agarrado a um ecrã. No entanto, esta vitória apresenta-se de forma parcial dado que não fiquei preso à televisão para visionar qualquer serviço noticioso.

Não. Hoje vi uma longa-metragem de conspiração e espionagem protagonizada por Manuela Moura Guedes.

A trama principal fala de um tal de José Sócrates, primeiro-ministro de um pequeno país europeu, que foi alvo de um perseguição jornalística por parte de Manuela Moura Guedes, uma jornalista casada com o Director-Geral da estação de televisão TVI mas obcecada com o Primeiro-Ministro. Após vários meses de perseguição e muito incómodo causado a Sócrates, este mostrava-se bem mais tranquilo porque o Jornal de Moura Guedes havia entrada em declínio.

Os protagonistas que levaram Moura Guedes ao descrédito emergem nesta fita em três cenas fulcrais que importa dissecar:

Numa altura em que a narrativa revelava uma Moura Guedes confiante e poderosa, esta comete o erro de convidar o Bastonário da Ordem dos Advogados para uma entrevista emitida em directo. Numa cena filmada e editada como um jogo de ténis, com planos fechados mas rápidos e dinâmicos, vemos o Bastonário, magistralmente interpretado por um ferveroso actor chamado Marinho Pinto, descredibilizar o teor e a qualidade do jornalismo de Moura Guedes, lançando ondas de choque pelo país, que se levantou para bater palmas a essa intervenção crua e incisiva que constitui o primeiro revés da nossa actriz principal (primeiro momento de antologia em que os valores morais da liberdade, da dignidade e do direito à honra são instilados no espectador. Um belo momento de cinema);

Numa segunda cena muito rápida, vemos o Sindicato dos Jornalistas e a Entidade Reguladora da Comunicação Social denunciarem também a violação dos valores éticos da profissão e a pouca dignidade jornalísticas das peças emitidas por Moura Guedes, e favorecendo, concomitantemente, a causa do primeiro-ministro – Nesta cena, os espectadores começam a perceber que têm de filtrar as campanhas de Moura Guedes e nota-se um certo esvaziamento da influência de Moura Guedes sobre o destino do Primeiro-Ministro.

Numa lógica de crescente tensão, vemos que o grande escudo de Moura Guedes, o seu marido, começa a manifestar interesse em abraçar outro projecto profissional, jogando ele também com toda a situação política que lhe dá uma excepcional margem para negociar a sua saída (qualquer saída brusca poderia ser manipulada para parecer que havia sido afastado e Moniz, um veterano, soube jogar com isso. Há uma cena intensíssima em que Moura Guedes ameaça Moniz para não apresentar uma pré-candidatura a um clube de futebol, sabendo ela que o seu jornal ficaria enfraquecido e sem possibilidades de se aguentar numa grelha liderada por qualquer outro director.

No entanto, Moniz sai mesmo, abraçando um projecto concorrente da TVI e isolando Moura Guedes.

Neste momento da fita, pensamos já ter desvendado o final: Sócrates desvaloriza de tal forma o jornalismo de Moura Guedes, passando por cima desta na campanha eleitoral com indiferença.

No entanto, em meros 3 dias, uma estratégia insidiosa e inesperada é montada e posta em prática:

Moura Guedes começa por dar uma entrevista em que afirma que a sua entidade empregadora seria estúpida se a mandasse embora. Moura Guedes mostra que, para subordinada, tem mais discernimento e poder que os senhores de fatinho lá do Conselho de Administração (em que pontificam uns amigos de uns amigos do partido do Primeiro-Ministro) e os espectadores sentem-se, de certo modo, identificados e vingados por nunca poderem ter dito semelhante coisa a um qualquer empregador; posteriormente, Moura Guedes vai começando a avisar que tem uma peça sobre um caso judicial que vem tentando colar ao Primeiro-Ministro, tarefa na qual Moura Guedes já teve mais sucesso do que tem actualmente; Porém, sem ninguém na sala esperar, o Conselho de Administração vem suspender o Jornal de Moura Guedes e esta demite-se em nome do valor constitucional da “liberdade de informação”, naquilo que foi comentado por todos os sectores da política como uma ingerência do Partido do Primeiro-Ministro na liberdade de informação.

O pano acaba com o Primeiro-Ministro a ser crucificado por todos, até por antigos criminosos (entre eles destaco um tal de Aguiar-Branco e um Paulo Portas que de ar compungido atiram pedras sem que ninguém os lembre dos seus crimes provados e julgados) e sem que a fita adiante qual o fim político do Primeiro-Ministro…o desfecho fica à imaginação dos espectadores.

Pontuação 1* em 5*(a evitar)

Valeu pela tensão política e pela primeira metade do filme mas o fim é risível e pouco credível.

Principais incoerências:

1. Se os amigos do Primeiro-Ministro já mandavam no jornal da Moura Guedes há tantos anos, porque é que não o suspenderam quando este lhe fazia tanta mossa e estava incontrolado?

2. O filme passa a tese que Moniz foi afastado pelo poder político. Fica por explicar se foi o Primeiro-Ministro que o convenceu a anunciar a pré-candidatura a um clube de futebol.

3. A tese de conspiração política fica muito enfraquecida dado que a oportunidade e o momento da suspensão do Jornal de Moura Guedes traz consequências negativas incomensuráveis para o Primeiro-Ministro e beneficia directamente a oposição ao Primeiro-Ministro. Uma falha lógica num argumento que deveria ser revisto.

4. O realizador poderia ter introduzido uma maior moralidade no filme ao condenar os antigos políticos que comprovadamente limitaram a liberdade de imprensa. Porém, talvez o realizador queira interrogar o espectador sobre a leviandade e imoralidade da campanha lançada.

Filme de qualidade duvidosa mas que se prevê um sucesso de bilheteira. Bem, quem é que não gosta de uma boa fita de ficção?

Puro entretenimento este modo de fazer política.