Na sequência da marcação das eleições autárquicas para 11 de Outubro por parte do Governo, Cavaco Silva anunciou hoje a realização das legislativas para o próximo dia 27 de Setembro, em face da posição da maioria dos partidos com assento parlamentar.
Nestas últimas semanas muita tinta correu sobre qual a opção mais sensata e mais adequada face ao fim aqui em causa, sendo que do lado dos defensores da simultaneidade das eleições, os grandes argumentos eram a poupança na despesa associada ao acto eleitoral e, bem assim, a potencial diminuição da abstenção por se “obrigar” as pessoas a irem votar apenas uma vez – uma espécie de jelly-já ou eleições cup a soup.
Ora, quanto ao primeiro argumento e salvo o devido respeito, ver um partido como o PSD defender que se deve cumular ambas as eleições por forma a poupar 4 milhões de euros deixa-me intrigado.
Porventura, não terá sido este o mesmo PSD que gastou quase o mesmo montante na campanha para as eleições europeias que todos os restantes partidos juntos? E, tendo em conta que os dinheiros públicos são a grande fonte de financiamento das campanhas partidárias, não foi este o mesmo PSD que votou favoravelmente e sem reservas – contrariamente ao que Rangel afirmou – uma lei que permitir aumentar exponencialmente o financiamento dos partidos políticos e, consequentemente, o dinheiro público gast0 nas campanhas eleitorais?
Assim, é fácil perceber que esta súbita defesa da poupança de custos reflecte tão somente um apurado tacticismo político ao bom velho estilo vale tudo para chegar ao poder.
Já quanto ao segundo argumento, parece-me que o problema é mais profundo do que possa parecer inicialmente. Assumir que é uma maçada para a população ir votar e, portanto, defender que devemos cumular o máximo de eleições possíveis num só dia (as que mais se adequarem aos nossos interesses, claro) indicia uma infidelidade às fundações da democracia participativa e um desrespeito claro pela individualidade de cada eleição, com realidades e dimensões diversas mas todas com um grau de importância e necessidade para o funcionamento do sistema que não pode ser descurado.
O papel reservado a um político que pretenda governar um qualquer país é a de não alienar os seus destinatários e de não se resignar perante dinâmicas de desinteresse da sociedade. É nestas alturas que um político de eleição deverá encetar todas as medidas possíveis, bem como repensar a qualidade e elevação das suas intervenções públicas, para reaproximar o eleitorado da necessidade de intervirem no sistema democrática que os serve.
Proteger e estimular o desinteresse dos eleitores é algo que cai mal a um partido que afirma deter uma alternativa para Portugal e, acima de tudo, afirma deter a verdade.
A democracia foi hoje afirmada face aos interesses partidários. O país agradece.
Nestas últimas semanas muita tinta correu sobre qual a opção mais sensata e mais adequada face ao fim aqui em causa, sendo que do lado dos defensores da simultaneidade das eleições, os grandes argumentos eram a poupança na despesa associada ao acto eleitoral e, bem assim, a potencial diminuição da abstenção por se “obrigar” as pessoas a irem votar apenas uma vez – uma espécie de jelly-já ou eleições cup a soup.
Ora, quanto ao primeiro argumento e salvo o devido respeito, ver um partido como o PSD defender que se deve cumular ambas as eleições por forma a poupar 4 milhões de euros deixa-me intrigado.
Porventura, não terá sido este o mesmo PSD que gastou quase o mesmo montante na campanha para as eleições europeias que todos os restantes partidos juntos? E, tendo em conta que os dinheiros públicos são a grande fonte de financiamento das campanhas partidárias, não foi este o mesmo PSD que votou favoravelmente e sem reservas – contrariamente ao que Rangel afirmou – uma lei que permitir aumentar exponencialmente o financiamento dos partidos políticos e, consequentemente, o dinheiro público gast0 nas campanhas eleitorais?
Assim, é fácil perceber que esta súbita defesa da poupança de custos reflecte tão somente um apurado tacticismo político ao bom velho estilo vale tudo para chegar ao poder.
Já quanto ao segundo argumento, parece-me que o problema é mais profundo do que possa parecer inicialmente. Assumir que é uma maçada para a população ir votar e, portanto, defender que devemos cumular o máximo de eleições possíveis num só dia (as que mais se adequarem aos nossos interesses, claro) indicia uma infidelidade às fundações da democracia participativa e um desrespeito claro pela individualidade de cada eleição, com realidades e dimensões diversas mas todas com um grau de importância e necessidade para o funcionamento do sistema que não pode ser descurado.
O papel reservado a um político que pretenda governar um qualquer país é a de não alienar os seus destinatários e de não se resignar perante dinâmicas de desinteresse da sociedade. É nestas alturas que um político de eleição deverá encetar todas as medidas possíveis, bem como repensar a qualidade e elevação das suas intervenções públicas, para reaproximar o eleitorado da necessidade de intervirem no sistema democrática que os serve.
Proteger e estimular o desinteresse dos eleitores é algo que cai mal a um partido que afirma deter uma alternativa para Portugal e, acima de tudo, afirma deter a verdade.
A democracia foi hoje afirmada face aos interesses partidários. O país agradece.
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