Os 94 milhões de euros que envolvem a transferência de Cristiano Ronaldo para o Real Madrid foram alvo da mais profunda análise, fazendo-se comparações sobre várias áreas em que se podia investir tal soma, bem como o elevado salário mensal do jogador. As hipóteses eram várias: desde escolas e refeições às crianças etíopes, a bolsas de estudo e investigação científica.
Estranho no meio disto tudo é que os milhões de portugueses que se deram ao trabalho de fazer estes cálculos e que se insurgem contra os 94 milhões de euros + salários que saem dos cofres de um clube de futebol espanhol não percam dois segundos para tentar descobrir o que se poderia fazer com 20 mil milhões de euros saídos dos cofres do Estado directamente para o apoio a uma banca que se caracteriza pelas práticas usurárias sobre os clientes, com particular destaque para os 2 mil milhões de euros só para o BPN.
Porventura já alguém se questionou sobre quantas escolas, hospitais, estradas, postos de trabalho, serviços de saúde, bolsas de estudo e de investigação, refeições, entre outras, poderiam ser pagas com apenas metade deste valor? Alguém pede contas ao Governo sobre todo este desperdício de dinheiro dos contribuintes? Num país cujo eleitorado tem, regra geral, um QI superior à média de idades da população, um Governo que cometesse tal alarvidade teria apenas os votos dos candidatos do partido. Em Portugal ainda se vai atrás das cores, das caras, do cacique e das sandes de presunto acompanhadas pelo sumo de laranja do Jumbo.
P.S.: É certo e sabido que o Governo é um restaurante e os portugueses são clientes pouco exigentes, sem espírito crítico, que aceitam o prato que lhes é apresentado à frente. Queixam-se timidamente sobre a ausência de qualidade da comida, da forma como foi confeccionada e dos ingredientes utilizados, mas comem tudo até ao fim. Não fosse a acção de um género de ASAE ad hoc, a qual é representada por parte da oposição e pelo Presidente da República, talvez este restaurante permanecesse para sempre com a mesma gerência e os clientes, embora manifestamente descontentes com a sua actuação, continuassem a satisfazer-se com deliciosos pratos de lama, espinhos e pedras.
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