A notícia é simples: um cozinheiro que trabalhava num Hotel contraiu HIV, e o médico do trabalho deu conhecimento disso mesmo à entidade empregadora. Agora, como despediram o trabalhador, a pergunta que se coloca não é saber se até se descobrir se ele tinha HIV contaminou alguém enquanto trabalhava, mas sim saber se o médico violou o sigilo profissional porque informou a entidade empregadora.
Ora, existirá algo mais absurdo do que isto? "O presidente do colégio de especialidade de Medicina do Trabalho diz que o empregador não tem direito a tomar conhecimento sobre o estado de saúde do trabalhador, competindo ao médico do trabalho atestar a aptidão ou não para o trabalho e apenas disso informar a entidade patronal", diz-nos o Público. Eu sou da opinião exactamente contrária e acho que se o estado de saúde do trabalhador for fundamental para o exercício ou não da função, então a entidade empregadora deve ter conhecimento do porquê, caso contrário poderá enfrentar graves problemas em dispensar o funcionário. Pensemos num caso de demissão porque se conclui que não está apto para a função. O trabalhador vai querer saber o porquê. Se não houver fundamentação, o trabalhador recorre para o Tribunal e ganha, tendo que ser readmitido. A entidade empregadora só sabe que é inapto, mas não sabe o porquê, o trabalhador supostamente também não sabe o porquê e o médico não pode dizer o porquê. Isto fará sentido? Certamente que não.
Não obstante tudo isto, já se fala de ignorância da entidade empregadora porque consideram que um cozinheiro seropositivo é algo perfeitamente normal e compatível entre si. Até para os colegas representa um perigo. Suponhamos que ninguém sabe que o tipo é seropositivo e, por qualquer motivo, faz um corte, sangra e os colegas correm a apoiá-lo. Suponhamos até que ele desmaia e que os colegas não sabem que ele é seropositivo e que tem um acidente no trabalho, no exterior, etc. Já viram o perigo que isto pode significar? O risco de contaminar terceiros é enorme. Não falo de colocarmos uma tatuagem na testa de cada seropositivo a dizer "eu tenho HIV", nem sequer digo que é preciso excluir os seropositivos da sociedade, até porque existem diversos trabalhos compatíveis. Mas que é imperativo que as pessoas saibam quem tem HIV, isso é, sobretudo como meio de defesa. Cumprimentar um seropositivo não tem mal algum, nem cria riscos para ninguém. Porém, cumprimentar um seropositivo com feridas, ou que seja desleixado na sua higiene, já pode acarretar riscos. Um seropositivo cozinheiro é algo que nem sequer se deve discutir, porque não tem discussão possível! Vão dizer-me que este tipo nunca se cortou na vida (até mesmo antes de saber que tinha HIV e já estando contaminado)? Um tipo com HIV poder contactar com alimentos que vão ser servidos ao público é a coisa mais absurda de que já tive conhecimento nesta área! Se isto for permitido, então acabem com a ASAE e deixem os restaurantes chineses servir à vontade o avô do patrão falecido há três anos e deixem a Ginjinha servir laxante com Fary.
O sigilo profissional do médico deve considerar-se automaticamente escusado quando esteja em causa a saúde pública. Deve ainda considerar-se que a intimidade da vida privada de alguém deve ceder ao conhecimento público que a sociedade, na qual se encontra o indivíduo que a coloque em risco, deve ter. Ninguém está a pedir ao médico ou ao indivíduo para que digam como é que contraiu o HIV e quando. Só se pede que se comunique "este indivíduo não está apto porque é seropositivo". E esta protecção da intimidade da vida privada tem que deixar de existir quando possa colocar em risco a colectividade, a sociedade. Punido deve ser o médico inicial do cozinheiro que o considerou apto para o exercício da profissão, sabendo que este era seropositivo.
Ora, existirá algo mais absurdo do que isto? "O presidente do colégio de especialidade de Medicina do Trabalho diz que o empregador não tem direito a tomar conhecimento sobre o estado de saúde do trabalhador, competindo ao médico do trabalho atestar a aptidão ou não para o trabalho e apenas disso informar a entidade patronal", diz-nos o Público. Eu sou da opinião exactamente contrária e acho que se o estado de saúde do trabalhador for fundamental para o exercício ou não da função, então a entidade empregadora deve ter conhecimento do porquê, caso contrário poderá enfrentar graves problemas em dispensar o funcionário. Pensemos num caso de demissão porque se conclui que não está apto para a função. O trabalhador vai querer saber o porquê. Se não houver fundamentação, o trabalhador recorre para o Tribunal e ganha, tendo que ser readmitido. A entidade empregadora só sabe que é inapto, mas não sabe o porquê, o trabalhador supostamente também não sabe o porquê e o médico não pode dizer o porquê. Isto fará sentido? Certamente que não.
Não obstante tudo isto, já se fala de ignorância da entidade empregadora porque consideram que um cozinheiro seropositivo é algo perfeitamente normal e compatível entre si. Até para os colegas representa um perigo. Suponhamos que ninguém sabe que o tipo é seropositivo e, por qualquer motivo, faz um corte, sangra e os colegas correm a apoiá-lo. Suponhamos até que ele desmaia e que os colegas não sabem que ele é seropositivo e que tem um acidente no trabalho, no exterior, etc. Já viram o perigo que isto pode significar? O risco de contaminar terceiros é enorme. Não falo de colocarmos uma tatuagem na testa de cada seropositivo a dizer "eu tenho HIV", nem sequer digo que é preciso excluir os seropositivos da sociedade, até porque existem diversos trabalhos compatíveis. Mas que é imperativo que as pessoas saibam quem tem HIV, isso é, sobretudo como meio de defesa. Cumprimentar um seropositivo não tem mal algum, nem cria riscos para ninguém. Porém, cumprimentar um seropositivo com feridas, ou que seja desleixado na sua higiene, já pode acarretar riscos. Um seropositivo cozinheiro é algo que nem sequer se deve discutir, porque não tem discussão possível! Vão dizer-me que este tipo nunca se cortou na vida (até mesmo antes de saber que tinha HIV e já estando contaminado)? Um tipo com HIV poder contactar com alimentos que vão ser servidos ao público é a coisa mais absurda de que já tive conhecimento nesta área! Se isto for permitido, então acabem com a ASAE e deixem os restaurantes chineses servir à vontade o avô do patrão falecido há três anos e deixem a Ginjinha servir laxante com Fary.
O sigilo profissional do médico deve considerar-se automaticamente escusado quando esteja em causa a saúde pública. Deve ainda considerar-se que a intimidade da vida privada de alguém deve ceder ao conhecimento público que a sociedade, na qual se encontra o indivíduo que a coloque em risco, deve ter. Ninguém está a pedir ao médico ou ao indivíduo para que digam como é que contraiu o HIV e quando. Só se pede que se comunique "este indivíduo não está apto porque é seropositivo". E esta protecção da intimidade da vida privada tem que deixar de existir quando possa colocar em risco a colectividade, a sociedade. Punido deve ser o médico inicial do cozinheiro que o considerou apto para o exercício da profissão, sabendo que este era seropositivo.
4 comentários:
Consegue explicar, sem ser por preconceito, porque razão "Um tipo com HIV poder contactar com alimentos que vão ser servidos ao público é a coisa mais absurda de que já tive conhecimento nesta área!"???
É que eu dou-lhe já dois fundamentos técnicos, para motivação:
1º Os alimentos são cozinhados, matando o vírus;
2º Os alimentos que não são cozinhados são ingeridos, pelo que a única forma de contágio seria através de feridas na boca; mas,
3º o virus HIV morre num período inferior a 1 minuto, uma vez exposto.
Mais acrescento que se vc afirma que um cozinheiro portador de HIV pode contagiar um comensal, então toda a cozinha deveria ser encerrada, porque não cumpre as normas mínimas de higiene.
Já agora relembre-me: vc deu-se a este trabalho quando a Ordem dos Médicos defendeu o CIRURGIÃO seropositivo que foi despedido?
Afinal eram 3.
Ates overachiever, que underachiever, como muitos pseudo doutores.
Sem prejuízo do que diz o Luís Rocha a decisão do tribunal até pode fazer sentido. Mas entre o que lá está e o que aqui vai escrito vai uma diferença enorme.
Sem sombra de dúvida, o que está aqui escrito mais não é que o normal vindo do dj. Coisas sem sentido.
Eu até aceito que ele seja dispensado porque estando numa cozinha trabalha com instrumentos cortantes e afins, no entanto o médico violou o sigilo a que é obrigado. Se o médico acha que o cozinheiro não é apto só tem de preencher no papel que não é apto para aquele trabalho, indicando ao próprio cozinheiro o porquê. O patrão não tem nada a ver com a intimidade do mesmo.
Por acaso acho que o tribunal decidiu bem, no entanto esse médico agiu mal e deveria ser punido.
Mais aqui se nota um grande desconhecimento que possuis, alexandre, sobre o virus da sida e as suas formas de transmissão.Essa hipótese dele cair e ser socorrido por colegas sem saberem que tem HIV é ridicula, simplesmente porque pode acontecer com qualquer um, em qualquer lugar, em qualquer emprego.E quando alguém chega ao hospital inconsciente é feito imediatamente análises ao sangue. E como presumo que nem saibas, nas 48H seguintes à infecção por HIV existe cura, um cocktail de medicamentos que simplesmente destroem o virús. Lê mais porque desconheces muito deste assunto. Ah e a mim, pareceu-me que a ti incomodou-te o ter HIV e tudo o resto foi irrelevante, o que me leva a questionar-te se efectivamente fosse outra profissão, que tivesse contacto com o público, não terias a mesma opinião. Continuas a afirmar que não és racista mas as tuas palavras proferem um incómodo sobre tudo o que não seja "normal"(entenda-se esta palavra como bastante ampla no sentido, não por ser anormal ser-se de outra raça mas porque em Portugal, dizem os "nacionalistas" o normal é ser-se branco).
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