Longe vão os tempos em que ser professor só estava ao alcance dos melhores. O ensino encontrava-se ligado à nobreza, enquanto profissão distinta. Tempos em que se ensinava algo como deve ser, com substância, em Portugal. Subitamente começou a dar-se um fenómeno de "estupidite aguda" entre alunos e professores. Hoje em dia ir para cursos de Letras já não é sinónimo de se ser melhor e se querer enveredar por uma profissão nobre como a de professor. Também encontramos lá alguns excelentes alunos, mas convenhamos que a esmagadora maioria dos alunos que hoje vai para Letras, são o refugo que não consegue entrar noutros cursos. Só pela vontade de ter um "canudo", para que lhes chamem licenciados. Infelizmente é este o caso da esmagadora maioria dos alunos de Letras. Muitos poucos há que tiram cursos de Letras só por realização pessoal. Muito menos são os que tiram por vocação e por serem, efectivamente, melhores naquilo que querem seguir.
Hoje em dia temos professores que conseguem ter nota de acesso à faculdade negativa, ou entram com 10, 11 e 12!!! É incrível como é que um tipo que sai do 12.º ano com notas baixíssimas, alguns anos depois encontra-se numa posição em que vai ensinar terceiros. Acho isto caricato. Como podem os nossos alunos aprender com tipos que quando estiveram no lugar deles não aprenderam aquilo que hoje vão ensinar? Também não lhes exijo uma média de 20, mas uma média de 15 ou 16 de secundário seria razoável.
Há a acrescer a tudo o acima exposto o facto de hoje em dia os professores serem em elevado número, o que diminui as chances de quem chega ao mercado de trabalho. Hoje em dia ir para um curso de Letras ou é mesmo por realização pessoal, ou então pelo canudo. Se alguém vai para estes cursos em busca de uma profissão ligada ao ensino, não sabe o tempo que perde. É por estas e por outras que entendo que deve ser o Estado a concentrar a vontade das pessoas nas efectivas necessidades da sociedade. Se são necessários 20 professores por ano, as faculdades não devem aceitar mais que 30 alunos na totalidade. Para quê abrir tantas vagas por ano? Realmente, as pessoas precisam ser orientadas, em vez de tirarem cursos por tirar. Podem começar com argumentos como "cada um tira o curso que quer". Ok, mas a ser assim, que saibam que quando terminarem o curso as possibilidades de terem emprego serão ínfimas.
Tudo isto para dizer que sou favorável à ideia de ser o Estado a aumentar ou diminuir as vagas, e canalizar as pessoas para cursos com maior margem de empregabilidade. Só assim se consegue satisfazer as necessidades do mercado, diminuir o desemprego, diminuir o insucesso pessoal de cada um que por vezes se deixa levar por caprichos e por fantasias, e até diminuir a depressão de muitos que a determinada fase da vida começam a pensar no que fazer dela, dado terem um diploma e o mesmo acaba por servir de charro para afogar as mágoas e depressões. Esta é a minha opinião. As pessoas cada vez mais revelam que necessitam de orientação e nada como o Estado para ajudar nessa árdua tarefa.
Deste modo, o mercado do ensino deixa de estar saturado, as faculdades deixam de formar desempregados e frustrados, e a sucessão de gerações poderá ocorrer sem colocar em causa a qualidade dos profissionais. Talvez assim possamos evitar professores "demasiados prá frentex" que em vez de formarem bons alunos, formam os seus sucessores na frustração que alguns ostentam. Ensinar coisas como "totil", "bué", "fixe", "sebem", "que cena", não é o melhor exemplo que se pode dar.
11 comentários:
Pensei comentar este post, mas quando li que o ensino era reservado à nobreza, apercebi-me que era descer de nível.
NB: O Ensino sempre foi reservado ao Clero e, mais tarde, foi (bem) aprovitado pela Burguesia.
Oh...acabei de dar razão ao seu post. A qualidade da sua Professora de História devia deixar muito a desejar.
Um chorrilho de disparates:
1. Desde quando é que a nobreza corresponde aos melhores ? Ah é verdade, em Portugal não há nobreza. Somos uma República desde 1910.
2. Ui, o que era bom era as criancinhas serem obrigadas a saber de cor as serras e os rios, vá-se lá saber para quê.
3. Alguém dizer preto no branco que os professores vêm de cursos de Letras demonstra uma ignorância assustadora. Estou certo que os teus professores das áreas científicas não vieram dessa área. Nem de educação física, de educação visual, etc.
4. Não sei em que mundo é que tu vives. Ninguém escolhe uma opção no 10º ano já a pensar que não entra num outro curso.
5. Curiosamente essa do canudo serve para todas as áreas. Ponto.
6. Pois, esse é mesmo o problema. A quantidade de gente que vai para cursos das áreas de letras ou das ciências sociais por vocação, quando é um tremendo disparate estar a meter-se nesse curso. A não ser que vá ser um estudante universitário excepcional com uma carreira académica à espera...
7. Essa das notas não é incrível que coisa nenhuma. Pela simples razão que há muita coisa que entra melhor com a idade, etc. E muito possivelmente estes até se preocupam mais com as dificuldades dos estudantes que apanharão.
8. Tu terias toda a razão quanto à planificação de lugares SE não estivesse provadíssimo que é sempre melhor haver mais gente com um curso superior na mão.
9. Só quem é decididamente imbecil é que acha que é um direito trabalhar a vida toda na área da sua licenciatura.
10. Para além de as necessidades do mercado poderem mudar daqui a 30 anos e quem agora supostamente está a mais na altura é mais que necessário, o Estado sabe lá o que o mercado vai precisar daqui a 10 anos...nem o próprio mercado o sabe.
11. Acho inenarrável qualificares como caprichos e fantasias opções legítimas de cada um, por muito disparatadas que possam ser.
12. As pessoas não necessitam de orientação nenhuma. Eu não passo aos outros esse atestado de estupidez, nem me sinto habilitado para os julgar.
13. O problema com a frustração é outro: é a mentalidade liberal de influência francesa, que ainda existe e muito em Portugal, e que coloca os professores como o máximo dos máximos. Experimenta falar com um deles e vais perceber explícita ou implicitamente a ideia de que eles deveriam ser os mais bem pagos de todas as profissões porque sem eles o país não avança que as pessoas não aprendem, etc. Curiosamente entre os docentes do superior não se vê nada disso.
14. A propósito, é inenarrável a forma como socialmente se considera um licenciado em certas áreas como "professor" desde logo. Basta veres na televisão a forma como chamam a alguns "professor desempregado", o que é obviamente um disparate. São desempregados, ponto.
15. Quer queiras quer não, "tótil", "bué" e "fixe" são três palavras da língua portuguesa. A língua evolui. Em qualquer caso, a questão é irrelevante, porque as criancinhas sabem isso tudo à mesma.
Já dizia Cícero que "a ignorância é a maior enfermidade do género humano". E a resposta de Luís Rocha é a prova disso mesmo. A ignorância é tanta e a cegueira tão grande que interpreta nobreza como se eu estivesse a reservar esta aos ricos, aos "sangue azul" (como deve dizer o Luís Rocha).
Qualquer pessoa com um mínimo de inteligência compreende que me refiro à nobreza da profissão, no sentido lato da mesma. Enfim, não vou perder tempo a explicar pois perco o meu tempo tendo em conta a ignorância e a cegueira com que este senhor fez o seu comentário.
Digo-lhe mais: retracte-se ou cale-se, em vez de voltar a usar este espaço para dar asas às suas barbaridades.
Olha outro que daqui a nada está aqui a dizer que eu disse que o ensino era da Nobreza e não uma profissão ligada à nobreza. Antes que surgisse mais algum surto de ignorância, acrescentei a expressão "enquanto profissão distinta".
Caro DJ.
A fraqueza dos seus argumentos revela a fraqueza do seu carácter.
Talvez no suporte físico deste espaço vc esteja rodeado de gente com tamanha falta de inteligência e agilidade mental para cair na patranha que acabou de me tentar pregar.
Quanto aos insultos que me reserva - ignorante, cego e bárbaro - agradeço que se auto censure.
Profissões distintas são todas.
Bem ir estudar pelo canudo ja acontece ha seculos...mas se entendes que as coisas são assim prque foste estudar direito?
Porque eu não fui "estudar pelo canudo".
São pessoas como tu que claramente pretendiam que apenas houvesse uma elite a estudar no ensino superior.Talvez por isso é que a fdl vai subir a média de entrada. Apesar de serem poucos a reclamar das notas do ano passado, parece que alguns meninos se insurgiram com a media de 10, mesmo que na faculdade se revelassem melhores que alguns com média de 15....
De resto a opinião do Pedro Sá é praticamente a minha.
Outra coisa, como já demonstrado anteriormente, a falta de argumentos do alexandre torna-se numa declaração de culpa da interpretação dos outros. Carissimo quando varíadas pessoas ao ler uma frase a decifram de uma determinada maneira é porque o autor, se apenas queria que esta tivesse um sentido, não se exprimiu correctamente. Portanto já deixavas de te armar em prepotente e assumias a culpa da tua falta de boa expressão escrita.
Por fim, censuras comentários como " este blog está cada vez mais uma porcaria, muito em parte devido aos ultimos topicos por parte do dj." mas não censuras os insultos que partem da tua parte, como fizeste ao Luis Rocha. Que eu saiba chamar ignorante, cego e bárbaro ainda é insulto. No teu caso, de certeza que se te chamar racista e xenófobo ficarás extremamente ofendido e até posso vir a ser vitima de censura, mas aquilo que chamas aos outros já é porque tens razão. Já deixavas era de achar que só tu tens razão porque não és o dono da mesma.
Ou és coerente com o que dizes e com as tuas acções ou mais vale admitires que aqui, só tu tens razão.
Caro Pinokio,
sem dúvida que tem que haver uma exigência mínima para se entrar em certos cursos. Acho bem que a média de acesso suba. Já não era sem tempo.
Quanto ao resto, é engraçado que este blogue tem as visitas diárias que tem e os "trouble makers" são os três sujeitos do costume. Todos os outros que visitam e/ou comentam, conseguem fazê-lo de uma forma correcta e cordial. Pára e pensa nisso.
Quanto às tuas intervenções no blogue e consequências das mesmas, se não gostas, deixa de visitar o espaço. É tudo o que tenho a dizer. As regras sou eu que as dito e quem quiser, aceita-as. Mais simples não há.
"Em certos cursos", como se alguns fossem mais que outros.
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