O programa do PSD revelou-se. Mas, como diria Winston Churchill falando sobre a Rússia, "é uma charada embrulhada num mistério dentro de um enigma". Os princípios genéricos que pululam pelo documento deixam espaço para muitas leituras e abrem caminho a muitas entrelinhas. Não há aqui nada verdadeiramente novo. Há, com ar sereno, a tentativa de acarinhar os excluídos da gestão Sócrates. Tem ideias positivas e sensatas, mas nunca ali se encontra uma ideia de ruptura total ou uma imaginação que faça sonhar os portugueses. O seu liberalismo é envergonhado, porque o PSD também nunca deixou de ser um partido que se alimenta do Estado, mesmo que diga elegantemente o contrário. O próprio corte radical com os investimentos estatais previstos pelo Governo Sócrates é aqui minorado, abrindo-se portas para o aeroporto e para o TGV. É sobretudo um programa onde a gestão corrente está sempre muitos degraus acima de uma visão estratégica para o País, para a sua economia e para a sua sociedade. Há muitas medidas pontuais interessantes, mas falta-lhe o enquadramento e o sonho que seria necessário propalar. A posição de Manuela Ferreira Leite é mais fácil do que a de José Sócrates: está na oposição, enquanto este está na sua trincheira de defesa das políticas (boas e más) que marcaram os últimos quatro anos. Este documento do PSD mostra, ao querer ser um mínimo denominador comum, que a escolha do eleitorado não se vai fazer a partir de dois programas alternativos. Ou se escolhe Sócrates. Ou se escolhe Manuela."
Opinião de Fernando Sobral
Publicada em 31 de Agosto de 2009
in Jornal de Negócios
segunda-feira, agosto 31, 2009
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