Um dos pontos de honra do PS socrático em 2005 e nos anos que se seguiram, era o de manter as contas públicas equilibradas sem o recurso a receitas extrordinárias, metedologia utilizada pelos governos PSD-CDS entre 2002 e 2004.
Argumentavam os socialistas que o controlo das contas públicas tinha que ser realista, não se camuflando o verdadeiro valor do défice do Estado através de operações financeiras de cariz extradordinário.
José Sócrates, do alto da sua superioridade intelectual, o que o levou a afirmar recentemente, numa atitude de grande humildade (na linha dos que nos tinha habituado até Junho de 2009) que "ainda estava para nascer o Primeiro-Ministro que fizesse melhor no défice das contas públicas", garantiu aos portugueses que jamais utilizaria receitas extraordinárias para controlar as contas públicas, porque o país precisava de saber viver de acordo com as suas possibilidades, controlando a despesa e maximizando a receita.
E ao longo dos anos 2005-2008, os sucessivos valores do défice foram divulgados até à exaustão, glorificando a acção do Governo nesta matéria.
Pois bem, no melhor pano caí a nódoa.
Apesar de não ter sido desta vez revelado, soubemos há umas semanas que «para o registo do défice de 2008 contribuíram 1,1% do PIB de “medidas extraordinárias”, ou de natureza pontual, associadas a novos contratos ou alargamento de prazos de concessões de barragens e de auto-estradas (estas medidas são contabilizadas, em Contas Nacionais, como uma redução da despesa de capital). Sem elas, o défice teria atingido 3,7% do PIB em 2008 em vez dos 2,6% anunciados.»
Depois de terem denegrido a imagem dos Governos PSD-CDS nesta matéria, o PS socrático utilizou a mesma metologia daqueles Governos no controlo do défice do Estado.
Temos todos é uma pena que, numa atitude de humildade (pois ninguém é perfeito e todos podemos mudar de opinião), José Sócrates não tenha vindo reconhecer que afinal também utilizou receitas extraordinárias no controlo das contas públicas, na linha do que foi seguido por Manuela Ferreira Leite (sim, a actual líder do PSD). Ter-lhe-ia ficado bem.
Mas obviamente que o seu culto da imagem e propagandístico jamais permitir-lhe-ia efectuar tal acto de contrição. O homem não erra, o homem não falha, o homem sabe tudo, o homem é fantástico.
José Sócrates mentiu aos portugueses.
2 comentários:
É pena que o autor deste post parta de uma premissa errada e desvirtue "promessas" que nunca foram proferidas.
Esclareça-se que Sócrates apenas afirmou que "o Governo não recorrerá a receitas extraordinárias que prejudiquem a economia, ou que sejam maus negócios para o Estado ou ainda que comprometam exercícios orçamentais futuros. Para este Governo as receitas extraordinárias são mesmo extraordinárias e não devem transformar-se em exercícios rotineiros de contabilidade criativa" (cfr. discurso de apresentação do programa do governo).
O autor deste post acabou por ser um veículo daquilo que tanto detesta: a propaganda. Talvez ponha em prática agora as recomendações que faz a José Sócrates.
Caro DVS,
Infelizmente para si, eu também consigo arranjar citações.
Relembro-lhe que em entrevista à SIC Notícias, aquando da passagem dos 100 dias do actual Governo, «José Sócrates anunciou também que será apresentado, "em breve", pelo ministro de Estado e das Finanças, Luís Campos e Cunha, o programa de privatizações, mas adiantou que não haverá medidas por sectores, reconhecendo, porém, a venda de património do Estado em casos que "resultarem da boa gestão". "As receitas extraordinárias devem ser realmente extraordinárias", frisou o chefe do Governo».
Se isto não quer significar que as receitas extraordinárias para o Governo do PS, em 2005, não deveriam servir para controlar as contas públicas, então não sei o que pode significar. Mas estou certo que do fundo do seu coração irá arranjar uma justificação para as palavras proferidas pelo seu Primeiro-Ministro que acima citei.
Já percebemos que lhe custou aceitar o facto de o Governo que apoia fielmente (e sem capacidade de visão crítica) tenha utilizado antecipação de receitas em 2008 para controlar o défice do Estado.
Por favor, não tente justificar o injustificável. Factos são factos.
Já nos chega um João Tiago Silveira para tentar iludir os portugueses dos disparates e mentiras do PS socrático (ex. caso Joana Amaral Dias).
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