Inicia-se amanhã o Campeonato Nacional da I Divisão em Futebol. Se noutras épocas isto seria sinal de entusiasmo para mim, hoje é-me completamente indiferente quando começa, quando acaba, ou quem participa.
Se fossemos um país com gente a sério, o próximo campeonato não correria o risco de ser mais desequilibrado do que nunca. O próximo campeonato vai ser mais do mesmo, com duas equipas a lutarem pelo título, uma terceira a tentar fazer uma graçola com um grupo de miúdos, barrigas de vinho e um anão que joga mais que os outros todos juntos, e as restantes 13 equipas a lutarem para não descer. Diga-se desde já que não temos de antemão candidatos à Europa, ou à descida. As primeiras cinco jornadas é que ditam quem é que a partir daquele momento luta pelo quê.
Se fossemos um país com gente a sério e não fossemos latinos (nem imaginam o quanto sermos latinos prejudica este país), olharíamos para os bons exemplos vindos de fora, ou até mesmo para uma divisão abaixo. O nosso futebol é tão frustrante que a II divisão consegue ser mais emotiva que a I. Numa II Liga onde não existem "grandes", assiste-se todos os anos a sete ou oito clubes a lutarem pelos dois lugares de subida até bem perto do fim, sendo que alguns desses que lutam para subir também lutam para não descer. É, de facto, um campeonato bastante equilibrado.
Numa altura em que devemos repensar o nosso futebol - que perdeu por completo a sua identidade através da invasão de estrangeiros nos campeonatos profissionais e de brasileiros, congoleses e outras nacionalidades, sem qualquer ligação ao nosso país, na nossa selecção nacional - devemos olhar para os exemplos vindos de outras modalidades. Vamos começar pela NBA, um dos desportos mais entusiasmantes até mesmo para mim que não sou fã de basquetebol:
- o recurso às tecnologias torna o desporto mais justo e tende a equilibrar mais as equipas, fazendo com que dependam unicamente da sua prestação, em vez de saírem beneficiadas com o erro alheio. Diminui ainda a frustração de quem está habituado a comprometer temporadas inteiras, carreiras e benefícios financeiros à custa de erros (?) alheios;
- limitação do número de estrangeiros. A UEFA pretende impôr esta medida como forma de garantir a identidade nacional das equipas e a protecção das gerações futuras, mas a UE proíbe por entender que trata discrimina os estrangeiros. O Sporting é o melhor exemplo de como o que é nacional pode ser melhor que jogadores orindos da 3.ª divisão brasileira completamente desconhecidos;
- o mercado de transferências. Benfica e Porto gastam milhões, os outros empenham-se por tostões. Devíamos pensar em implementar algo que já defendi neste espaço: o sistema de draft que existe na NBA. Além de ser obrigatória a utilização de jogadores com idades inferiores a 21 anos, os mesmos deveriam ser colocados nos clubes à semelhança do que acontece na NBA: a equipa mais fraca tem prioridade na escolha de um/dois entre os 15/20 jogadores disponíveis, a segunda equipa mais fraca fará o mesmo com os restantes, e assim sucessivamente até que a equipa mais forte (o campeão) fique com o jogador considerado "menos desejado". Estes jogadores teriam a obrigação de fazer pelo menos 10 jogos no campeonato como forma de se valorizarem e adquirirem experiência;
- parar com as paragens absurdas e incompreensíveis nos campeonatos profissionais. A época passada foi dramática: 2 jornadas de campeonato e paragem para a realização da Taça da Liga (competição sem interesse e onde só jogam algumas equipas), ou eliminatórias da Taça de Portugal com equipas de divisões inferiores ou em que já só participam um número muito limitado de equipas, ou jogos da Selecção (calendário imposto pela UEFA e pela FIFA), ou então... acontecer tudo isto e ficarmos sem três semanas de campeonato. Foram ainda frequentes as ocasiões em que se disputava uma jornada semana sim, semana não. Isto não só diminui o ritmo competitivo das equipas, como reduz, quase que por completo, o interesse num campeonato que está mais tempo parado que a ser disputado;
- aumentar o número de equipas do campeonato. Confesso que fui um dos que eram a favor dos campeonatos com 16 clubes, mas cedo me apercebi do erro em que íamos cair. É certo que 13 clubes a lutarem para não descer é menos dramático que 15, mas também é certo que volta e meia os mais fracos tiram pontos aos grandes e quantas mais jornadas houver, maiores são as hipóteses de um "grande" cair;
- acabar com a vergonha que são os jogadores emprestados. O próximo campeonato vai ter o Porto e o Porto B (Olhanense). Anos houve em que jogou ainda o Porto C (Leixões), o Porto D (Académica), o Porto E (Vitória de Setúbal) e o Porto F (Trofense). É absurdo que um clube tenha passes de mais de 30 jogadores a actuar pelos restantes clubes da I Liga, sendo esta uma prática abusiva, pois por diversas vezes quem empresta nunca tem como interesse integrar o atleta nos seus quadros mas apenas garantir um satélite a interferir em clube alheio.
É por estas e por outras que, embora o meu Benfica este ano prometa fazer alguma coisa mais do que no ano passado, o campeonato que amanhã se inicia não me entusiasma... vem aí mais do mesmo: as queixas das arbitragens, as polémicas nos jogadores emprestados, a supremacia dos ricos, o fosso entre grandes e pequenos.
Se fossemos um país com gente a sério e não fossemos latinos (nem imaginam o quanto sermos latinos prejudica este país), olharíamos para os bons exemplos vindos de fora, ou até mesmo para uma divisão abaixo. O nosso futebol é tão frustrante que a II divisão consegue ser mais emotiva que a I. Numa II Liga onde não existem "grandes", assiste-se todos os anos a sete ou oito clubes a lutarem pelos dois lugares de subida até bem perto do fim, sendo que alguns desses que lutam para subir também lutam para não descer. É, de facto, um campeonato bastante equilibrado.
Numa altura em que devemos repensar o nosso futebol - que perdeu por completo a sua identidade através da invasão de estrangeiros nos campeonatos profissionais e de brasileiros, congoleses e outras nacionalidades, sem qualquer ligação ao nosso país, na nossa selecção nacional - devemos olhar para os exemplos vindos de outras modalidades. Vamos começar pela NBA, um dos desportos mais entusiasmantes até mesmo para mim que não sou fã de basquetebol:
- o recurso às tecnologias torna o desporto mais justo e tende a equilibrar mais as equipas, fazendo com que dependam unicamente da sua prestação, em vez de saírem beneficiadas com o erro alheio. Diminui ainda a frustração de quem está habituado a comprometer temporadas inteiras, carreiras e benefícios financeiros à custa de erros (?) alheios;
- limitação do número de estrangeiros. A UEFA pretende impôr esta medida como forma de garantir a identidade nacional das equipas e a protecção das gerações futuras, mas a UE proíbe por entender que trata discrimina os estrangeiros. O Sporting é o melhor exemplo de como o que é nacional pode ser melhor que jogadores orindos da 3.ª divisão brasileira completamente desconhecidos;
- o mercado de transferências. Benfica e Porto gastam milhões, os outros empenham-se por tostões. Devíamos pensar em implementar algo que já defendi neste espaço: o sistema de draft que existe na NBA. Além de ser obrigatória a utilização de jogadores com idades inferiores a 21 anos, os mesmos deveriam ser colocados nos clubes à semelhança do que acontece na NBA: a equipa mais fraca tem prioridade na escolha de um/dois entre os 15/20 jogadores disponíveis, a segunda equipa mais fraca fará o mesmo com os restantes, e assim sucessivamente até que a equipa mais forte (o campeão) fique com o jogador considerado "menos desejado". Estes jogadores teriam a obrigação de fazer pelo menos 10 jogos no campeonato como forma de se valorizarem e adquirirem experiência;
- parar com as paragens absurdas e incompreensíveis nos campeonatos profissionais. A época passada foi dramática: 2 jornadas de campeonato e paragem para a realização da Taça da Liga (competição sem interesse e onde só jogam algumas equipas), ou eliminatórias da Taça de Portugal com equipas de divisões inferiores ou em que já só participam um número muito limitado de equipas, ou jogos da Selecção (calendário imposto pela UEFA e pela FIFA), ou então... acontecer tudo isto e ficarmos sem três semanas de campeonato. Foram ainda frequentes as ocasiões em que se disputava uma jornada semana sim, semana não. Isto não só diminui o ritmo competitivo das equipas, como reduz, quase que por completo, o interesse num campeonato que está mais tempo parado que a ser disputado;
- aumentar o número de equipas do campeonato. Confesso que fui um dos que eram a favor dos campeonatos com 16 clubes, mas cedo me apercebi do erro em que íamos cair. É certo que 13 clubes a lutarem para não descer é menos dramático que 15, mas também é certo que volta e meia os mais fracos tiram pontos aos grandes e quantas mais jornadas houver, maiores são as hipóteses de um "grande" cair;
- acabar com a vergonha que são os jogadores emprestados. O próximo campeonato vai ter o Porto e o Porto B (Olhanense). Anos houve em que jogou ainda o Porto C (Leixões), o Porto D (Académica), o Porto E (Vitória de Setúbal) e o Porto F (Trofense). É absurdo que um clube tenha passes de mais de 30 jogadores a actuar pelos restantes clubes da I Liga, sendo esta uma prática abusiva, pois por diversas vezes quem empresta nunca tem como interesse integrar o atleta nos seus quadros mas apenas garantir um satélite a interferir em clube alheio.
É por estas e por outras que, embora o meu Benfica este ano prometa fazer alguma coisa mais do que no ano passado, o campeonato que amanhã se inicia não me entusiasma... vem aí mais do mesmo: as queixas das arbitragens, as polémicas nos jogadores emprestados, a supremacia dos ricos, o fosso entre grandes e pequenos.
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