sábado, julho 21, 2007

Uma no cravo e outra na ferradura

Estou por entender como é que qualquer País que seja, aprova a despenalização do aborto, e depois promove políticas de incentivo à natalidade. É uma espécie de venire contra factum proprium por parte do Estado. Colocando isto em prática dá qualquer coisa como: "meus amigos, não tenham filhos indesejados e fruto de acidentes. Mas, deixem-nos nascer e recebam uns milionários 32 euros mensais". Ou então "pensem bem no aborto até às 10 semanas e vão em frente, mas caso se arrependam e deixem passar o prazo, a partir das 12 semanas inscrevam-se e comecem a receber um fantástico abono".
Pergunto: isto é incentivo a quê? Alguém acredita que é possível incentivar à natalidade com 32 euros mensais? Acham que 32 euros mensais pagam um infantário e pagam as fraldas e as restantes despesas? Alguém consegue incentivar à natalidade, despenalizando e criando condições para que se realizem abortos?
Creio que o Governo se enganou no nome atribuído a estas políticas. Não são políticas de incentivo à natalidade. São, sim, políticas de incentivo ao aborto. Senão vejamos: para receber 32 euros acabando por gastar 300, mais vale optar pelo aborto. Já bastam as dívidas com a casa, com o carro, com o telemóvel e com as viagens. Mais uma prestação, não, obrigado!

10 comentários:

Pedro Sá disse...

Se há aqui coisa errada são esses incentivos, por representarem um estímulo a algo da vida privada das pessoas, relativamente à qual o Estado não tem nada a ver com isso.

E não metas o aborto onde não é chamado !

FFC disse...

Existe uma gralha no teu texto... Os subsídios serão na ordem dos 130 euros/mês para pelo menos 1/3 das famílias a quem será concedido o apoio. Não é muito, é verdade, mas comparativamente com os 450 euros gastos em média com a IVG/mulher, parece-me aceitável. E se quiseres ver em termos financeiros para o Estado, este apoio corresponde a uns milhões a mais do que a IVG.nuo

FFC disse...

E já agora, permite-me comentar o último parágrafo do teu post. Então criticas o governo pela IVG, por isto e por aquilo, e vamos a ver e tens uma mentalidade um tanto ou quanto "izquisita". Então os pontos a favor de abortar é as dívidas com o telemóvel e viagens?

Pinokio disse...

32 euros mensais que podem ser triplicados, dependendo do numero de filhos.Além do mais alguém tinha feito algo sobre isto?? Não. Portanto é um bom começo.Cada familia receberá cerca de 700 euros pelo nascimento da criança, visto que o abono passará a ser pago após essas 12 semanas. Antes creio que era 0 pelo que foi uma medida boa e inovadora.

Comparares uma criança e o que irá gastar com o dinheiro que se gasta em pagamentos de bens materiais, nem todos essenciais, é realmente um mau exemplo. Deixa de reclamar, nunca nenhum outro Governo tomou esta medida. Querias o quê, que se pagassem balúrdios para incentivo à natalidade?? E o dinheiro viria de onde? De mais impostos?Quem quer ter um filho não tem de estar a pensar naquilo que o Estado lhe dará.

ATG disse...

o_parvo,

permite-me um reparo: esses 121 euros/mês são só no primeiro ano de vida da criança. A partir do primeiro ano de vida, recebem no máximo os 32 euros.

Não estou a referir que os incentivos ao aborto são o telemóvel, o carro e as viagens. O raciocínio a fazer não é esse. Refiro, sim, que são desincentivos ao nascimento da criança a existência destas prestações. E é verdade que muitos hoje pensam que uma criança é só mais uma despesa. Não sou eu a ser frio, até porque não vejo uma criança assim. Mas diariamente me deparo com vários casais (e deparo mesmo) que me dizem coisas como "ter filhos para quê? Mais uma despesa?"

ATG disse...

Sá,

tenho que meter o aborto ao barulho, porque é de todo pertinente. Então tu por um lado crias os meios para que não se tenham filhos e depois arranjas formas para que se os tenha? Tens que convir que não faz sentido...

ATG disse...

Pinokio,

os 32 euros são triplicados pelo número de filhos, mas também a despesa triplica. Não digo pagarem-se balúrdios para se incentivar à natalidade, mas quem acabará por ganhar com isto tudo são apenas alguns tipos de imigrantes: multiplicam-se como se fossem ratos, recebendo agora um bónus por isso. Para os portugueses, isso não é suficiente.

Pedro Sá disse...

O aborto não é minimamente para aqui chamado, lamento.

Pinokio disse...

Ora não deixando de concordar em parte que quem vai ganhar mais são os emigrantes que parecem coelhos, tenho de discordar em parte. Porque eles podem multiplicar-se, é verdade, mas porque razão os portugueses não fazem o mesmo?? Talvez porque esses emigrantes não pensam tanto no prestigio e querem ter tudo e mais alguma coisa antes de terem um filho.

É verdade que raramente alguém vai ter 3 filhos seguidos, a não ser os emigrantes africanos que parecem continuar a não saber o que é um preservativo, portanto é verdade que pouca gente receberá a triplicar. Mas com 3 filhos a despesa não triplica propriamente. A roupa pode passar de uns para outros. Não me parece que as crianças estraguem a roupa tão novinhos.Mas no futuro será pior claro. Mas a questão que te fiz não respondeste. Já algum Governo anterior tinha feito algo igual? Querias que se pagasse mais e o dinheiro viria de onde?

Pedro Sá disse...

Pinokio,

Não posso deixar de constatar que estás claramente a censurar quem prefere ter coisas para si em vez de ter filhos.

Como se isso não fosse um problema de cada um.