Numa experiência inédita, Joshua Bell, um dos mais famosos violinistas do Mundo, tocou durante 45 minutos, numa estação do Metro de Washington, durante a hora de ponta matutina, despertando pouca ou nenhuma atenção. A iniciativa partiu do jornal Washington Post, como forma de lançar um debate sobre arte, beleza e contextos.
Curioso foi o facto de ninguém ter reparado que o famoso violinista tocava um Stradivarius de 1713, cujo valor é de 3,5 milhões de dólares. Três dias antes, Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde alguns lugares custavam 100 dólares, não chegando estes a ser os mais caros.
Durante a sua actuação na estação do Metro foi ostensivamente ignorado pela maioria, à excepção das crianças, que, inevitavelmente, paravam para ouvir Bell, e houve ainda uma senhora que o vira actuar dias antes e o reconheceu. Segundo o jornal, isto é um sinal de que todos nascemos com poesia e esta é, posteriormente, lentamente sufocada dentro de todos nós.
"Foi estranho ser ignorado" disse Bell, que é uma espécie de guru da música clássica, e que vestido de jeans, t-shirt e boné de basebol, interpretou "Chaconne", de Bach, que é, na sua opinião, "uma das maiores peças musicais de sempre, mas também um dos grandes sucessos da história". Tocou ainda "Ave Maria", de Schubert, e "Estrellita", de Manuel Ponce, mas a indiferença foi quase total.
Esse facto não impressionou, aparentemente, os clientes do Metro. "Foi uma sensação muito estranha ver que as pessoas me ignoravam", disse Bell, habituado aos aplausos. "Num concerto, fico irritado se alguém tosse ou se um telemóvel toca. Mas no Metro as minhas expectativas diminuíram. Fiquei agradecido pelo mínimo reconhecimento, mesmo que fosse um simples olhar", acrescentou.
O Director da National Gallery, não se surpreende: "A arte tem de estar em contexto". E dá um exemplo: "Se tirarmos uma pintura famosa de um museu e a colocarmos num restaurante, ninguém a notará".
Fonte: Washington Post
5 comentários:
Qual é a diferença entre um Stradivarius e um violino normal?
Eu já tinha lido esta noticia e na altura, tal como hoje fiquei espantada com o sucedido.
Não digo que não concordo com a conclusão deste teste, mas como tudo, acho que é relativo. Há quem ame a arte de tal forma, que a reconheça quer no seu contexto, quer num contexto oposto e improvável e há quem admire, sem que a reconheça como arte.
Mas que foi um episódio espantoso foi.
Há cerca de 3 anos atrás, o Jorge Palma também fez algo parecido. Na altura da edição de um novo trabalho, esteve cerca de uma semana no metro do Rossio a tocar guitarra e a cantar as suas novas canções e a maioria dos Lisboetas metia-se com ele, admirados pela sua parecença com o "verdadeiro Jorge Palma". Nunca acreditaram que seria o próprio, mas sim um mendigo parecido com ele.
Na altura achei que, mais do que um senão de fora de contexto, era um problema de preconceito, mas hoje e depois de ler este artigo, acho que consigo admitir também, que o contexto é muito importante.
Um beijo e bom dia para ti
Luis Rocha, a diferença é no som. Um Stradivarius tem um som diferente do violino normal. Supostamente mesmo depois de tentarem investigar o porquê não conseguiram descobrir. Diz-se que foi pela tinta empregada na pintura dos mesmos.
Quanto ao resto acho que é normal. No metro normalmente as pessoas estão com pressa, pelo que nem sempre podem parar e estar a apreciar musica. Ali no Saldanha costumava estar um homem a tocar viola, baladas excelentes e a cantar e apesar de gostar bastante nunca pude estar ali muito tempo porque ia para o trabalho. No entanto era excelente percorrer o corredor do metro a ouvir aquele som.
Pinókio, a diferença creio ser a madeira e o verniz que são utilizados.
Mas olhando para um Stradivarius e um violino normal, quais serão as diferenças?
Que bonito texto, Tita.
Sim, é a madeira e o verniz, mas isso produz um som diferente dos normais.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antonio_Stradivari
http://pt.wikipedia.org/wiki/Stradivarius
Agora o porquê de o som ser diferente são teorias apenas. A diferença fisica entre eles não sei. A imagem que está no site não me parece que seja muito diferente de um violino normal.
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