Confesso que gosto de eleições em Portugal. Não sou o único. Uma série de gente também gosta. Deve ser por isso que muitos pedem a demissão de titulares de cargos políticos por dá cá aquela palha.
As minhas motivações são outras, mas nem por isso diferentes das de muitos outros. Gosto deste ambiente de festa, de ver os políticos nas ruas a fazerem tudo para caçar um voto. Tem a sua graça. Por exemplo, alguém conseguiria imaginar o burguês do Manuel Monteiro, habituado a passear o cãozinho, a dizer "os cocós dos cavalos"? Ou militantes do PNR a distribuírem flyers a lisboetas, mas sempre que se deparavam com africanos distribuíam olhares "diferentes"? O PSD a fazer campanha no maior Concelho português com 20 pessoas? Carmona a discursar para apenas cinquenta idosos? Helena Roseta a cantar? Pedro Quartin da Graça na televisão? Gonçalo da Câmara Pereira na televisão que não para cantar fados, participar em reality shows ou falar da família? Telmo Correia a distribuir pás e vassouras para os lisboetas varrerem Lisboa, mesmo sabendo que vai ser o CDS a ser varrido? António Costa a conversar e a revelar paciência com uma pessoa que chamava Sócrates de ditador? José Sá Fernandes a exibir a sua futura equipa de assessores, mesmo sabendo que não terá pelouro? Ruben Carvalho ter um dia de discurso não destrutivo? Garcia Pereira a viajar em transportes públicos?
Reparem, são este tipo de coisas que me fazem adorar as campanhas e as épocas de eleições. Cantores de borla, beijinhos, mangas arregaçadas, brindes, bailes, enfim... Aos milhares de promessas e à festa, juntam-se acusações e difamações. Ora sai um sorriso, como um dedo apontado ao adversário, com as equipas dos candidatos a aplaudirem ou a abanarem a cabeça negativamente. Pelo meio e no final, as eternas queixas contra actos que o CNE repudia, mas que nada faz.
As eleições são jogos interessantes. Jogos de hipocrisia. As eleições são como o Big Brother. Ambos os jogos são ganhos por aquele que conseguir reunir o maior número de ignorantes que ainda acreditam que no Big Brother não existem estratégias e todos os candidatos estão a ser honestos e sinceros.
É por isso que gosto de eleições. Com tantas atracções, como é possível não gostar delas?
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