São tempos bem diferentes dos de antigamente, estes em que nos encontramos. Antigamente, o cliente tinha sempre razão, as sugestões e críticas do cliente eram tratadas como se fossem uma contribuição de ouro para a melhoria dos produtos e serviços e para a luta contra a concorrência. O cliente era, efectivamente, servido e tudo girava à sua volta. A empresa, o serviço, lucrava com o cliente, dando-lhe aquilo que ele quer.
Hoje tudo é diferente. O cliente nunca tem razão, nunca leu as cláusulas no fundo do contrato em tamanho 1, interpreta mal as disposições e os contratos, as suas críticas e sugestões são sempre infundadas, e a empresa, serviço, é que sabem o que o cliente quer. Basicamente, a filosofia dos prestadores de serviço, produtores, etc é: o cliente é obrigado a aceitar o que há, porque ou aceita o que lhe é dado, ou fica a arder. Como o cliente não tem grandes hipóteses, tem que ficar com o que há para lhe dar, nas condições em que as coisas estiverem. Não há liberdade de estipulação. Ou aceita, ou fica sem nada.
São tempos bem diferentes dos de antigamente, estes nossos, em que o cliente não só não tem sempre razão, como muito raramente a tem e tal só se for reconhecido por um tribunal! Não são as empresas que estão aqui para lucrar com a vontade do consumidor. O consumidor é que tem que adaptar a sua vontade àquilo com que as empresas lucram! E já vamos com muita sorte por ser assim, pensa quem está do lado da oferta...
9 comentários:
Bom dia Dj.
Não queres fazer nova aposta? Olha que vais perder: não é o Ben Hur...ehehe
Confesso que, apesar da pertinência do tema, ainda me ri com o que escreveste e com a "ironia" dos factos". Ainda há pouco tempo tive uma conversa sobre o assunto com uma amiga, no restaurante onde estávamos a jantar. Já não é o cliente que tem sempre razão ( raras são as vezes que o tem) e até sente muita vez, que a disposição do prestador de serviços não é a melhor, por isso, quanto mais submisso se for e pedir muitas vezes por favor, menos mal, serás "servido".
A tradição já não é o que era.
Beijo
Vá, diz lá que no tempo do Salazar é que era bom.
Na sequência da noticia publicada pelo seu colega de blog interrogo-me se estaremos a falar de um consumidor/cliente, ou de alguém que, motivado sabe-se lá porquê, corre todos os agentes económicos, à procura de defeitos, sem real intenção de adquirir qualquer bem ou serviço?
Só alguém obcecado ao ponto do alheamento radicaliza uma reacção à sociedade de massas e à necessidade do contrato de adesão nos moldes que vc fez.
Os tempos mudaram e só quem se adapta é que sobrevive, quem grita com ou sem senso, apenas se perde na surdina da multidão.
boa...........Parabéns. Desta acertaste DJ.
Fascinante...acredita. estou a adorar reler este magnifico livro
Caro Luís Rocha,
se os livros de reclamações só servissem para quem tenha intenção de adquirir qualquer bem ou serviço, estavamos feitos. Eu, enquanto consumidor, basta que me sinta ofendido pelos actos de qualquer agente económico, para que possa fazer mover uma reclamação contra o mesmo. Estou farto que tentem fazer passar os consumidores por parvos. Acontece que muitos, os que se calam, realmente são parvos. Deixam que os agentes económicos usem e abusem da sua passividade.
Acredite que sou consumidor dos serviços dos quais reclamo, em especial as agências de viagem. E dos que serviços dos quais não sou consumidor, ajo de forma preventiva, de modo a que se algum dia precisar dos serviços os possa ter em condições, tanto eu como qualquer pessoa que os queira contratar. Ajo em meu benefício, em benefício de terceiros e em benefício da transparência e justa aplicação da lei.
Fala-me que os tempos mudaram e só quem se adapta é que sobrevive, mas alguns posts abaixo critica o facto de justificar algumas das minhas posições com dados revelados na comunicação social. Parece-me que se contradiz. Ora, quem se adapta aos tempos que correm, sabe que a comunicação social é o principal veículo de informação minimamente credível. Isto é a adaptação aos tempos de hoje.
Há coisas que nunca mudam, nem podem mudar, passem meses, anos, ou séculos: a dignidade da pessoa humana, a igualdade social, a transparência nos serviços ao dispor do público, respeito entre as pessoas, etc. E o que os agentes económicos fazem, é tudo menos respeito pelo consumidor.
Compreendo como possa considerar o meu discurso contraditório. Nâo me conformo, mas compreendo.
É uma benesse que dou a quem considera a comunicação social como minimamente credível, transmitindo essa consideração através de citações do Correio da Manhã, do SOL ou do Público.
Naturalmente transcrevo os textos do SOL e do Público (por serem jornais prestigiados e, possivelmente, os únicos isentos). É essa a minha opinião e a opinião de muitos. Prefere que cite a RTP ou o Expresso?
Quanto ao Correio da Manhã, pode ser um pouco dramático e sensacionalista, mas se proferir mentiras, terá as sanções devidas.
Tenho um vizinho que o chama de Correio da Manha LOL.
Mas referia-me às fontes.
É uma verdade sim senhor, tendo eu trabalhado durante cerca de 3 anos num isp nacional de grande prestigio (LOL), sei bem do que se fala. Cheguei a ver Clientes a reclamarem já há 3 anos, a terem total razão e a empresa a engonhar para não dar a razão ao Cliente. Felizmente acabei por trabalhar num departamento onde os meus superiores tinham bom senso e a maior parte dos problemas eram resolvidos como deve ser.
Embora deva dizer que a linha de atendimento ao Cliente dessa mesma empresa era do pior que havia. Desde a falta de formaçao adequada aos seus funcionários, desde a pressão constante para despachar chamadas para que se mantivesse a média de 4 minutos por chamada!!! Até os supervisores desligarem as chamadas para que se mantivesse essa mesma média... enfim, há certas empresas em Portugal que continuam a abusar do Cliente. No entanto devo dizer igualmente que em cada 10 chamadas recebidas metade o Cliente não tinha razão. É o que dá não lerem os contratos antes de assinarem, contratos esses muitas x mal redigidos ou demasiado favoráveis às empresas não resguardando certos direitos dos consumidores, em minha opinião.
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