terça-feira, junho 19, 2007

Hoje em dia tudo o que mexe é xenófobo

O Governador do Estado da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, aconselhou, na passa quarta-feira, os hispânicos a desligarem a televisão em língua espanhola, de forma a que possam aprender mais rapidamente inglês. Schwarzenegger alega que se conseguiu aprender inglês em dois anos, vindo da Áustria, foi porque raramente recorria à língua alemã.
Como é natural, já estão a ver que os comentários do Governador não foram bem recebidos. Foi acusado de ser ignorante, xenófobo e de motivar a comunidade hispânica a ser monolingue, como se alguém se esquecesse da sua língua materna, ou deixasse de a falar por completo.
O conselho de Schwarzenegger visou ajudar a comunidade hispânica na sua integração nos EUA, dado que muitos nem ao fim de 10 anos se conseguem expressar minimamente em inglês, e ainda acabam por requerer cidadania norte-americana.
Do meu ponto de vista, dou total razão ao ex-Exterminador. Alguém que não se consiga expressar fluentemente em português, estando em Portugal, e não tenha um nível cultural mínimo sobre os nossos símbolos, tradições e valores, jamais poderá ter a cidadania portuguesa. Aliás, a partir do momento em que só 4% dos africanos residentes em Portugal é que se identificam com o país, e na comunidade brasileira o número é ainda menor, não podem utilizar o meu país para benefício próprio. O Estado Português não é a Santa Casa da Misericórdia, para atribuir nacionalidade a qualquer um, especialmente com os interesses associados ao facto de Portugal ser um Estado-Membro da União Europeia.

5 comentários:

Pedro Sá disse...

Discordo totalmente:

1. O que está por trás das palavras de Schwarzenegger é mais que óbvio: é claramente estar a chamar cidadãos de segunda aos hispânicos. Bem, não me espanta rigorosamente nada considerando quão racistas os austríacos são.

2. O que acontece actualmente nos Estados Unidos é existir claramente uma minoria nacional, coisa que nunca existira antes: a minoria hispânica.

3. E sim, Schwarzenegger está claramente a querer motivar a comunidade hispânica a deixar a sua língua e cultura. Só quem não percebe nada de minorias nacionais é que pode pensar o contrário.

4. Se aqui em Portugal se exigem conhecimentos básicos de português para se ter a cidadania, penso que nos Estados Unidos também. Mas se não for assim, é um problema lá deles.

5. Essas estatísticas certamente foram inventadas e apareceram no site do PNR. Para além disso, por variadas razões de natureza histórica e linguística, a situação não tem rigorosamente nada a ver com a norte-americana.

6. Essa exigência do português fluente é completamente absurda.

ATG disse...

Sá,

1. Califórnia é um Estado que recebe milhões de hispânicos, logo Schwarzenegger não fala apenas por falar. Conhece a realidade deles nos EUA.

2. Os EUA não precisam de mais um Estado, sobretudo estrangeiro, dentro dos próprios EUA.

3. Mais um apologista de SOS Racismos, que defendem que nada se pode dizer dos coitadinhos dos estrangeiros e que defendem que a Worten não faz entregas na Cova da Moura porque quer prejudicar a comunidade africana.

4. Os conhecimentos básicos de português, são de nível abaixo do básico. Só servem para dizer que se cumpriu a lei.

5. É incrível como se consegue enveredar pela demagogia. Não apareceu nada no site do PNR. Foi levado a cabo por uma das mil organizações que apoiam as minorias a propósito da nova lei da nacionalidade. Se foram inventados, não sei, mas que foram publicados, isso foram.

6. Português BASTANTE fluente, sff!

Pedro Sá disse...

1. Vistas as coisas à luz da realidade norte-americana, é racismo puro e simples.
Mas, como sempre, os imigrantes (e os imigrantes ricos ainda pior) são sempre os piores inimigos das minorias nacionais, coisa bem diferente.

2. "Os EUA não precisam de mais um Estado, sobretudo estrangeiro, dentro dos próprios EUA." Entre isto e dizer "Juden Raus" a diferença é zero.

3. O que essa organização ligada ao BE diz não tem rigorosamente nada a ver com isto. Vê-se perfeitamente que não fazes a menor ideia do que é uma minoria nacional, como por exemplo os húngaros na Roménia, os sámi nos países nórdicos, os gregos na Albânia, etc.

5. Eu não sou estúpido ao ponto de acreditar numa coisa dessas. E sei muito bem como é que se manipulam sondagens e inquéritos. Aliás, basta ver um certo episódio do "Sim, Sr. Ministro" para se aprender isso.

4 e 6. Oh si. Traduzindo o "português bastante fluente" para português: norma a ser usada com a rigidez suficiente para chumbar todos os candidatos.

Ou seja: tu não és nazi, és pior que a ETA (para quem não sabe, a ETA se tomasse o poder apenas atribuiria a nacionalidade basca a quem provasse ter sangue basco)!

ATG disse...

Declarações muito tristes, essas tuas... mas não há nada a fazer.

João Branco (JORB) disse...

"não podem utilizar o meu país em benefício próprio"

Olha lê isto com atenção:
1- O TEU país, o caralho. O país não é teu. Nem és, felizmente, tu nem os teus que decidem o seu futuro.
2- Não será o país que os está a utilizar em benefício próprio? É que esses africanos e brasileiros trabalham 50 horas por semana com ordenados muito abaixo dos dos portugueses.
3- O "Ex-Exterminador" fala pior inglês que qualquer mexicano que viva nos estados unidos há mais de uns meses.
4- Ao contrário de Portugal, os Estados Unidos não têm língua oficial. Nem têm como base fundadora a "integração", mas sim a "pilarização": impõe-se que as comunidades respeitem a lei, mas não que se integrem. Assim tem sido desde a sua fundação. Precisas de viajar mais: tal como na Holanda, a política nos Estados Unidos é "cada um com a sua cultura e comunidade, a viver no mesmo país sob as mesmas regras".