Em momentos de crise, é comum ver certo tipo de políticos brandir slogans proteccionistas e primários como "O nosso país aos seus naturais", "trabalho para nacionais", entre outros prototipos de exclusão e autismo social(veja-se Gordon Brown e Ferreira Leite recentemente).
O fenómeno é empiricamente apreensível nestes momentos em que se quer restringir, em moldes anormais, a entrada ou permanência de imigrantes que contribuem para as economias em que estão alocados, permitindo também modelos de convivência multicultural que devem ser o paradigma dos estados de direito do Séc. XXI. Isto por contraposição aos ciclos positivos em que os países estão com a economia animada e entendem útil estimular a imigração.
Porque será que nestes últimos momentos os arautos da exclusão e nacionalismo não vêm cantarolar o seu canto - esse canto que mexe com os nossos mais profundos medos, com os medos mais primários de todos nós? Nesse altura, somos todos úteis, somos todos tolerantes e, se quisermos, modernos.
Passando a dados mais objectivos, a Comissão Europeia publicou um estudo em que conclui que se a economia portuguesa deixar de atrair imigrantes suficientes e ficar com um saldo migratório nulo (entram e saem o mesmo número de pessoas), a conta da Segurança Social entra em apuros dentro de 6 anos.
Veja-se que, segundo o INE, existem 225 mil cidadãos estrangeiros empregados e, assumindo um salário médio de EUR. 500,00, o contributo dos mesmos para a Segurança Social deve superar os 500 Milhões de Euros.
Mais, segundo os cálculos da Comissão Europeia, o custo da não entrada de imigrantes em número suficiente em número suficiente para manter o equilíbrio do sistesma de Segurança Social pode, em tese, significar um custo adicional de mais 567 mil milhões de Euros em 2015 ou mais do dobro em 2020.
Isto não quer dizer que não devam existir regras quanto à entrada e permanência de cidadãos estrangeiros no território português. Elas existem e têm sido revistas com o objectivo de assegurar uma melhor imigração.
Agora, não posso aceitar que, apenas por nos encontrarmos pressionados pela crise, rejeitemos o ideal de mundo que ajudamos a gizar.
Não é, certamente, pela exploração do medo, da diferença, do terrorismo social que a nossa sociedade irá florescer.
Acredito num mundo multicultural e é na miscelânea de visões e experiências que resultam desse mesmo mundo que resolveremos os conflitos do presente e evitaremos os do futuro. Estou certo disso.
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2 comentários:
Tal como tu, eu também acredito num mundo multicultural e na msicelânea de visões. Portugal tem sorte de captar gentes das mais variadas culturas, factor que enriquece, indiscutivelmente, o nosso país.
Também acredito que não é com nacionalismos que se resolve a crise económica e que se combate o desemprego.
Reconheço ainda que as actuais políticas de imigração beneficiam patrões que exploram a mão de obra de muito boa gente que procura em Portugal um caminho para ter condições mínimas de subsistência e que o próprio Estado beneficia com isso através da Segurança Social. No entanto, há que reconhecer que é essa mão-de-obra barata que, associada à armadilha da pobreza provada por subsídios de reinserção social elevados e de duração excessivamente prolongada, que contribuem para a grave crise em Portugal.
A revisão das quotas de imigrantes não é suficiente para criar postos de trabalho, mas é um passo importante para impedir que a possível mão-de-obra se transforme no curto/médio prazo em criminalidade violenta e/ou organizada.
Se à revisão das quotas de imigrantes se juntar a reforma dos actuais subsídios de reinserção, se se praticarem políticas proteccionistas à economia e houver uma regulação temporária de preços por parte do Estado nos bens necessários, em alguns bens secundários e nos serviços, em particular a banca e as empresas de crédito, então talvez seja possível contrariar a tendência para que caminha o país.
Eu também gostava que o mundo fosse bonito.
Eu também gostava que no mundo não houvesse fome.
Eu tamb+em gostava que no mundo não houve criminalidade.
Eu também gostava que no mundo todos tivessemos boas casas, bons bens materiais e emprego.
Mas, infelizmente, esse mundo não existe.
E como tal, esta conversa de que o mundo multilateral é possível e que todos nos vamos dar bem não passa de utopia.
Infelizmente também, o mundo não se faz de palavras, ams de actos.
E como tal, em momentos de crise, com crise de emprego, é lógico que as quotas de imigração têm que ser restringidas.
Sob pena de ocorrerem grave crise social (este ano a taxa de desemprego dos trabalhadores imigrantes cresceu 60% em relação a 2008 até agora).
E sob pena também dos fenómenos racistas aumentarem.
Só quem não conhece a história é que não defende esta visão racional.
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