sexta-feira, agosto 24, 2007

Prioridades (II)

A Espanha autorizou a comercialização da vacina contra o vírus do Papiloma Humano, responsável pelo cancro do colo do útero, e vai avançar para a sua inclusão no Programa Nacional de Vacinação. Esta vacina tem provocado enorme discussão um pouco por todos os países desenvolvidos que avançaram com a mesma medida que a Espanha. O principal ponto de discussão prende-se com o facto de alguns pais não pretenderem explicar aos filhos porque têm que tomar aquela vacina, julgando que despertam os filhos para a actividade sexual demasiado, mais não seja através da curiosidade.
A nível científico, não há dúvidas em países como os EUA, Espanha, Alemanha, Reino Unido, Dinamarca, França e Bélgica, mas Portugal, para não variar, levanta estas dúvidas e o Parlamento chumbou a proposta desta vacina ser incluída no nosso Programa Nacional de Vacinação. Se há 100% de certeza que com a aplicação desta vacina, não há risco do cancro se desenvolver, não se compreende que dúvidas "científicas" tem a Assembleia da República. Se há dúvidas científicas dos juristas, engenheiros e economistas que são deputados, porque não chamarem peritos? Porque é que se deve obrigar os portugueses a pagarem mais de 400 euros pelas três vacinas que completam o tratamento preventivo? Porque é que os países desenvolvidos não têm dúvidas, e os portugueses têm? Nos bons exemplos, simplesmente recusamo-nos a aplicar em Portugal as mesmas medidas que os restantes Estados-Membros aplicam.
Relativamente à celeuma provocada no estrangeiro, os argumentos parecem-me absurdos. Como é possível que os pais prefiram expor os filhos a um cancro que podendo não ser letal, pode arruinar a vida familiar e sexual dos mesmos, porque entendem que ficam obrigados a falar sobre relações sexuais com eles para lhes explicar a vacina? Há uns dias assisti a uma dessas discussões e achei triste esta argumentação. Ainda por cima, em pleno século XXI, as crianças ouvem falar de sexo logo desde tenra idade. Além de tudo isto, onde está a educação sexual ministrada pelos pais? Querem manter os filhos na ilusão que vieram da cegonha? É por causa da lenda da cegonha que muitos com 13, 14 anos acabam por ser pais, dado que "os bebés vêm da cegonha, não faz mal se fizermos isto".
Há que educar e explicar às crianças. No limite, ministrem a vacina, ponto final. Fui educado assim. Não tem que saber o porquê se não tem capacidade de entender. Quando tiver idade, explica-se. O problema não está na tenra idade das crianças, mas na falta de inteligência dos pais. Onde é que já se viu expor os filhos a um cancro, porque não lhes querem falar de sexo?!

3 comentários:

Pedro Sá disse...

O relevante da coisa seria saber os argumentos pelos quais a vacina não foi incluída no PNV. Isso sim é o relevante.

Luís Rocha disse...

Vc anda mal informado e eu vou-lhe dizer porquê:

O PVH (Papiloma Virus Humano) também está ligado do Cancro Peniano.

Dizer que o PVH está na origem de Cancro do Colo do Útero é diferente de dizer que o Cancro do Colo do Útero tem na sua génese o PVH. Portanto, só uma pessoa desinformada diz que a vacina do PVH é a "vacina contra o Cancro do Colo do Útero" (os jornalistas); e só uma pessoa duplamente desinformada afirma que a vacina pode prevenir 100% o aparecimento do referido Cancro (vc).

Creio que temos aqui a primeira pista para a não inclusão no PNV - Não há relação necessária entre as doenças. Quem conhece os efeitos directos do PVH, sabe muito bem que, ao contrário da Tuberculose, Hepatite, Polio etc, não mata nem debilita, apenas chateia.

Depois, 20% da população mundial está infectada com PVH. Desses 20%, 90% são assintomáticos. Não me parece que 20% da população humana tenha contraído Cancro do Colo do Útero...

Em 85% dos casos diagnosticados, os anticorpos do organismo conseguem eliminar o PVH num período de 2 anos, em média.

Segunda pista para a não inclusão no PNV.

A vacina custa 496 euros.

Terceira (deprimente) pista, para a não inclusão.

Por fim, gostaria de lembrar uma coisa muito simples:

A única forma de contágio do PVH é por via sexual, portanto, salvo as típicas excepções devidas a atentados à autodeterminação sexual, o contágio e propagação do PVH deve-se à prática sexual consentida e desprovida de preservativo.

No que diz respeito às demais doenças cuja vacinação está prevista tal não acontece.

Mesmo raciocínio aplicaria, e espero, a bem da humanidade, vir a aplicar, no caso da vacina contra o virus da SIDA.

Lamento DJ, mas vc deixou-se levar pela histeria jornalistica causada pela colocação da palavra "vacina" na mesma pági que a palavra "cancro", sem um "não" pelo meio.

Ainda bem para si, porque eu não retirei esta informação da net, nem de jornais.

Luís Rocha disse...

E deixe-me dizer-lhe que esta frase:

É por causa da lenda da cegonha que muitos com 13, 14 anos acabam por ser pais, dado que "os bebés vêm da cegonha, não faz mal se fizermos isto".

é das mais ridiculas que já li. Demonstra que vc não está minimamente familiarizado com o problema da gravidez infantil e adolescente. Mais uma vez, é falar para nada.