quinta-feira, agosto 09, 2007

Problemas na gestão camarária

Não consigo perceber como é que um português que tem trabalho, só pode comprar uma casa a um preço minimamente interessante na periferia de Lisboa, e se constroem bairros sociais no centro da cidade, com rendas dignas de um país africano.
Hoje temos a questão da Zona J, em Chelas, onde estão a expulsar (e bem!) residentes em edifícios pré-fabricados, dado estarem ilegais nos mesmos. Vejo indignação entre esses moradores, alegando alguns que "o marido ganha 400€ e que não dá para arrendar uma casa", ou exigindo "uma das casas que a Câmara construiu" no centro da cidade. De facto, com 400 euros é impossível arrendar uma casa no centro da cidade. Mas nas periferias já é possível.
As perguntas a fazer são: se muitas destas famílias são numerosas, porque é que não trabalham todos os que estão aptos para isso? Porquê a ambição de uma casa no centro da cidade, sem meios para isso? Porque é que a Câmara Municipal de Lisboa tem que "dar" casas no centro da cidade e não os pode encaminhar para os subúrbios ou realizar acordos com outras câmaras? Porque é que tem que ser a Câmara a tratar destas situações e não os próprios que não mexem uma palha para as resolver?
Os municípios portugueses, em particular os grandes, como é o caso de Lisboa e Porto, têm um grave problema de gestão a propósito do qual dei um lamiré no primeiro parágrafo: ora, porque não encaminhar as famílias que trabalham, e têm condições, para o centro da cidade, e encaminhar os bairros sociais para as periferias? É inacreditável que um casal tenha que adquirir cubículos a partir de 150.000 euros, e tenham que fugir da cidade, onde muitas vezes a rede de transportes é deficiente, mas os mais pobres, os menos produtivos da sociedade tenham direito a rendas de 15 euros e ao fim de alguns anos possam adquirir as casas por 5.000 euros, e ainda beneficiem de uma rede de transportes completa como é o metro, o autocarro, o comboio, e tenha tudo a nível comercial e desportivo ao seu dispor.
É neste tipo de coisas que vemos que uma sociedade não funciona: ela é simplesmente injusta e não compensa para quem realmente produz e se dedica. Já para não falar na armadilha da pobreza. Coitados, moram no centro da cidade, ganham rendimentos e subsídios e ainda se queixam...

5 comentários:

Pinokio disse...

só assim como quem não quer a coisa porque razão é que os mais pobres são os que menos produzem?? Isso não é verdade nem deves generalizar. Conheço muitos "pobres" que chegam a trabalhar bem mais que tu, apenas recebem menos ou gastam tudo com a mãe que recebe uma reforma de 200 euros e precisa de uma enfermeira ou alguem que trate dela, que gastam com os filhos, etc. Tu abre-me os olhos porque pareces um menino mimado que quando lhe retiram tudo faz birra. Parece-me que conheces pouco a realidade das pessoas. Conheces por alto como muitos, parece que nunca vivenciaste nada. E espero estar enganado, mas parece que andas com discursos demasiado arrogantes.

fernandes disse...

Concordo em parte com o pinokio, porque falo com conhecimento de causa, os pobres nao sao assim Dj e acho que sabes isso perfeitamente mas acho que para variar estás a tentar chocar as pessoas com tais discursos.
Esta tua ideia de que todos os pobres são mal agradecidos é ridicula.
Sabes o que é uma familia ter 4 filhos todos n universidade e ainda existir uma idosa a cargo c uma misera reforma onde apenas o chefe d casa trabalha porque a sua esposa tem q tomar conta d mae...
e q ajudas tem uma familia assim do Estado???Queres que façan o quê?!Que fiquem calados e esperem que o € caia do céu?!
Claro que nao...

ATG disse...

Leiam os textos com atenção. A minha opinião sobre o assunto é o que aqui está escrito e não é nada que mais ninguém neste país pense. Vocês são a excepção à regra.
Não há aqui nenhuma arrogância, nem ninguém disse que não produziam. Apenas existe gente que se deixa afundar na própria pobreza em que já vive. Claro que não é o que acontece com todos, felizmente, mas acho que escuso de ter que estar constantemente a dizer que "existem excepções", porque todos sabemos que as há! Todos sabemos que existem pobres que trabalham e bastante! Creio que é escusado falar nisso, porque se tem como um dado adquirido por todos.
O principal problema que quis visar neste post, refere-se ao facto de os bairros sociais não serem bons para o funcionamento de uma cidade, sobretudo porque aos mesmos estão sempre associados fenómenos de pobreza e marginalidade, ainda que não seja por parte de todos. E não me parece que os centros das cidades devam estar cheios de bairros sociais, quando temos outro tipo de pessoas que os podem preencher. Se nem assim entenderem, não faço o clássico desenho.

fernandes disse...

Dj eu fiz voluntariado num bairro social e garanto-te que pela experiência que tive lá que ao ler o teu post é impossivel ficar indiferente, porque tu generalizaste de uma forma abusiva!
Também toda a gente sabe que nos bairros sociais há gente que trabalha e faz de tudo para ter condições minimas de sobrevivência e há gente que vive à custa de negócios ilegais...qual é a dúvida?!
os bairros sociais estejam onde estiverem vão dar sempre problemas...e na minha opinião ao afasta-los da cidade e coloca-los na periferia não é a solução.

Pinokio disse...

Ora então diz-me uma coisa. Há muita gente que tinha casas/barracas/vivendas na zona de lisboa. Com a ideia de se acabar com as barracas muita gente que estaria numa zona de lisboa foi reencaminhada ou para outra zona ou mesmo para a mesma zona. Porque razão haveriam de ser postas fora da cidade em que estão quando muitos nem moravam nas ditas barracas?? Achas que iriam aceitar?? Nem todos estavam ilegais nesses bairros. Mais, nem todas as casas deitadas abaixo eram barracas dos pobres. Dou-te 2 exemplos, ali na Musgueira Sul poucas barracas haviam, pelo contrário, quem dera a muitos terem as casas que lá haviam. O outro exemplo ainda está de pé em guerra com a CML. Na zona das Calvanas (alta de lx) está previsto serem mandadas abaixo as restantes vivendas que lá estão, legais.Atenção que estamos a falar de vivendas, não barracas. Porventura achas que alguém aceitaria ser posto fora da cidade onde sempre viveu porque a cml queria o terreno para vender aos privados?
Na zona da alta de lx, os terrenos nem pertenciam à cml, pertenciam aos moradores cujo terreno tinha sido dado pelo Conde que morava ali.
Outro aspecto, achas por acaso que as periferias iriam concordar com o facto de se estar a querer por na zona deles os ditos "indesejados"?? Pretendes então que na zona de lisboa apenas vivam os que possam ter casa própria e deixassem de haver os bairros sociais, deixando a zona de lx para os ricos ou classe media, é isso??