segunda-feira, janeiro 08, 2007

As gerações da FDL

É com grande tristeza que vejo o futuro das actuais gerações presentes na FDL, parte dos que pertencem à minha e dos que antecederam a minha. Mas, é com especial agravo que vejo a situação das actuais gerações presentes na FDL. Estas guerras da FDL deixaram de ser minhas, a partir do momento em que terminei o curso. No entanto, não posso deixar de lamentar as coisas que sei que acontecem diariamente nesta minha 2.ª casa e sem que ninguém faça nada. É muito bonito fazer parte de um Conselho Pedagógico e dizer "Eu sou CON-SE-LHEI-RO PE-DA-GÓ-GI-CO". É certo que também dá curriculo. É bonito também ser dirigente associativo. Dá status, dá curriculo também, e a alguns, um telemóvel para fazerem chamadas de borla ou darem-no aos seus colegas de lista para iniciarem a campanha. Mas isso são contas de outro rosário.
A razão deste post devém de saber que os alunos da Turma A do 2.º Ano tiveram um teste escrito de Teoria Geral do Direito Civil excessiva e abusivamente enorme para o tempo em que o podiam resolver. Resultado: alunos brilhantes a terem notas negativas, e alguns notas mesmo humilhantes. Numa turma, só 2 positivas. Nas outras desconheço. Podem dizer que é um azar, ou que é o mesmo todos os anos. Acontece que é vergonhosa esta situação quando vemos que as pessoas naquilo que têm tempo para responder, têm quase a cotação máxima. Lembro-me das minhas aulas de TGDC, há cerca de 4/5 anos atrás, onde perguntei à Mestre Fátima Manso o porquê de fazerem essas coisas e a mesma me respondeu: "Alexandre, se fizermos um teste para resolver em 60 minutos, todos tiram positiva. Assim, faz-se a triagem de quem presta de quem não presta". Mas no meu ano, mais de metade de qualquer turma tirava positiva e viam-se vários 13's, 14's. As pessoas reclamavam de não poderem ter notas mais altas. Hoje, temos 2 ou 3 positivas por turma, e 10 avaliações contínuas por ano, numa turma de quase 300 pessoas. Não há aqui nada de estranho?
Mas, se querem saber, o que me deixa mesmo triste é saber de quem é a culpa. Não é dos professores. Os professores usam e abusam do seu direito. Os alunos é que toleram que eles façam estas coisas. Noutros tempos, alunos como deve ser, uniam-se e mostravam que quando falam numa cadeira em coisas como "abuso de Direito, exercício em desequilíbrio, etc", não era por acaso e aplicavam as soluções que a lei prevê para casos de Direito privado. Os alunos são inertes, têm medo e com tudo isto, vão baixando as calcinhas e vendo os professores gozarem com a cara deles, ou terem ataques de loucura e chumbando-os.
A inércia que acompanha estas gerações, arrepia-me. São alunos de DIREITO, aprendem o que são direitos e deveres, e mesmo assim, são os primeiros a acagaçar-se de defenderem aquilo que é deles. Pergunto: se nem do que lhes toca na ferida eles se defendem, como é que podem defender o que é dos outros?
É triste ver alunos a serem humilhados e gozados desta forma, e baixarem os braços, atirando a toalha ao tapete e deixando que as coisas vão passando, até verem se têm um pouco de sorte e fazem a cadeira. Até lá, as médias baixam, as depressões aumentam, e os docentes continuam na sua bela vida. Ah... e os alunos gostam muito de falar nas costas que os professores são maus, e crueis, e que "alguém tem que fazer alguma coisa". Eis a frase mágica que os alivia das dores e das humilhações: "alguém tem que fazer alguma coisa" ou "alguém devia fazer alguma coisa". Passar a batata quente e as responsabilidades a outros, é a melhor solução. Assumir as responsabilidades e lutar contra os vícios das coisas é que são elas. A responsabilidade desta situação pertence aos alunos. Longe vão os tempos em que nos juntavamos todos e reivindicavamos os nossos direitos. Longe vão os tempos em que se olhava um professor nos olhos e lhe era dito umas belas de umas verdades. Longe vão os tempos em que se encostavam os abusadores à parede e lhes apontavamos uma espada. Longe? Nem por isso. É tão recente! Pensem em Março de 2005, por exemplo.
Uma pergunta fica: onde estão os representantes dos alunos? Não só a AAFDL, mas o Conselho Pedagógico, ou todos aqueles que defendem que as coisas "devem ser conversadas", "com calma" e que à medida que o tempo vai passando, vão os alunos todos os anos sendo gozados, humilhados e verem-se reprovados? Vá lá... deixem a diplomacia para todos os que têm a mania que são estadistas e que são representantes no órgão x ou y, mas depois quando chega a vez de abrir a boca e vos defenderem, tentam fazer as pazes e parecerem diplomatas que tentam chegar a acordo sobre as coisas, mas acabam sempre comidos. Esqueçam os estadistas e façam-se vocês à vida. Sobre as listas que concorrem à AAFDL, também nada se vê! Alguém enfrenta esta guerra com os alunos? Ninguém. Ainda assim, a vossa responsabilidade não termina se alguém se mexer. Têm que se unir a quem assume estas causas.
Até quando é que isto vai durar? Não se sabem mexer? Não têm atitude? Perguntem-me e eu posso dar-vos uns conselhos sobre o que fazer. Preparem-se é para a luta. Com terroristas não se negoceia e muito menos se tenta levar "com calma" pessoas que nos dizem coisas como "vou ver o que posso fazer" e 10 anos depois tudo continua na mesma.
Não se deixem abater, e lutem. Vão à luta! Enfrentem o inimigo! Enfrentem sobretudo essa inércia, essa tristeza que vos faz pensar que "um dia alguém fará algo", ou que vos faz passar a responsabilidade para terceiros! A responsabilidade é vossa! Só vossa, de vocês que estão a passar por isto neste momento! Por isso, não culpem o professor X ou o assistente Y pela vossa desgraça. A culpa é só vossa e vocês vêem a vida e as notas a passarem-vos à frente, sem que se mexam. Querem ajuda? Eu ajudo, informo e aconselho. Mas preparem-se! Preparem-se para o pior e para o melhor. Mas lutem!
Lembrem-se: se a responsabilidade disto tudo é de alguém, essa responsabilidade é vossa! Só vossa! Vocês correm o risco de ser os próximos que dizem que a culpa é do Governo, quando a verdadeira culpa está dentro de vocês que se deixam abater pela adversidade.

1 comentário:

Jonas Matos disse...

Bom texto!