domingo, agosto 10, 2008

Assalto no BES: pai dele, alho; mãe, cebola. Como pode ele cheirar bem?

Acabo de assistir à vergonhosa entrevista que a irmã do criminoso brasileiro sobrevivente do assalto ao BES deu à SIC. De acordo com Rosiane, irmã do delinquente, a polícia "esteve muito mal", e devia ter pensado que o criminoso "tem pai e mãe", antes de terem atirado. Ora, porque não pensou ele nisso antes de fazer o que fez? Porque não pensou ele na família do funcionário do banco a quem apontou uma arma ao pescoço e que estava disposto a tirar a vida?
Acrescentou ainda que o irmão "não tinha cadastro", o que possivelmente se poderá dever ao facto de nunca ter sido apanhado, caso contrário como é que se explica que tenham sido encontrados 10.000 euros em dinheiro, armas, perucas e outro tipo de objectos? Querem ver que o rapaz fazia shows de travestismo, onde personificava Lara Croft, e não sabíamos? E desde quando não ter registo criminal é condição para não neutralizar alguém que ameaça a vida de terceiros? Temos que esperar que alguém seja condenado para depois se atirar em legítima defesa?
Rosiane fez ainda referência ao facto do irmão ser "gente muito boa" e estar "depressivo, doente". Que 'gente boa' é essa que aponta uma arma ao pescoço de gente inocente? Que 'gente boa' é essa que faz assaltos a bancos? Que 'gente boa' é essa que tenta atirar na polícia? Que 'gente boa' é essa que mesmo sabendo do mal que fez, não demonstra qualquer fundo de arrependimento e tenta, alegadamente, fugir do hospital onde se encontra internado, em vez de aceitar pagar pelo que fez? Foi ainda dito pela mesma que o irmão "trabalha muito" e levava "uma vida digna e honesta". Trabalhar muito é uma metáfora para "roubar muito"? Caso contrário, como se explica que este criminoso tenha pedido ao primo, durante o assalto, para ligar à sua mãe e dizer que tem "trabalhado muito e está tudo bem". Era isto que ele dizia à família? Ou é roubar e matar o que eles entendem por 'trabalhar muito'?
Apesar de tudo isto, Rosiane diz compreender que atirar em pessoas seja "a forma da polícia portuguesa actuar". Esta senhora diz isto, como se a polícia brasileira nunca atirasse em ninguém e o Brasil fosse um exemplo de negociação com criminosos. Ora, isto poderá dar origem a uma campanha sem precedentes: se a mensagem começa a passar, os portugueses ganham fama de atiradores, coisa que não são nem nunca foram, e os portugueses presentes no Brasil, por exemplo, poderão ser alvo de ataques por parte de gente mentecapta que julga que a actuação da polícia foi contra "os brasileiros" e não "contra os criminosos que atentavam contra a vida de gente inocente"! Temos que ter muito cuidado com isto!
Não posso, ainda, deixar de destacar o papel da jornalista da SIC que faz esta entrevista e à direcção da estação que transmite esta peça: como é que alguém ainda dá tempo de antena a gente ignorante como esta senhora? Nestes segundos de entrevista deu logo para perceber que tipo de família é esta. Já diz o provérbio árabe: "pai dele, alho; mãe, cebola. Como pode ele cheirar bem"? Até acredito que ele seja 'gente boa'. Mas 'gente boa' desta estirpe só pode estar em dois sítios possíveis: prisão ou morgue.

1 comentário:

Persona Naturale disse...

Mas já sabes como é, depois do que fazem há sempre gente a dizer que era muito boa pessoa, não se metia com ninguém, e que foi uma pena ter morrido, pk n merecia... O filme do costume!

Sim, realmente no Brasil não matam, pois não... Muito bem feito, que é para n virem para Portugal a pensar que a nossa polícia não sabe agir quando é preciso... Lá, eles sabem que os matam e vêm pa cá com a ideia que podem fazer o que quiserem!

Mais uma vez como escrevi no meu blog, os meus sinceros parabéns à PSP.

Bjinhos