quinta-feira, abril 12, 2007

Deplorável? Quem não deve, não teme!

"Falando no final do Conselho de Ministros, Pedro Silva Pereira começou por observar que o primeiro-ministro, José Sócrates, esteve «mais tranquilo» na entrevista que concedeu [à RTP e RDP na quarta- feira à noite] «do que o presidente do PSD na sua declaração» que se seguiu àquela entrevista.
«O primeiro-ministro deu esclarecimentos e respondeu de forma clara e convincente a todas as insinuações lançadas nos últimos dias sobre as suas habilitações académicas. Perante isto, Marques Mendes teve uma reacção deplorável, de quem quer fazer política com base nos julgamentos de carácter e nos insultos pessoais», reagiu o titular da pasta da Presidência.
Pedro Silva Pereira declarou depois que «só os fracos recorrem ao insulto» e que «os portugueses rejeitam esta forma baixa de fazer política, tal como o fizeram nas últimas eleições legislativas, quando foi lançada [contra o actual primeiro-ministro] uma campanha negra de que todos estão recordados».
Segundo o ministro da Presidência, a proposta de abertura de um inquérito feita pelo líder social-democrata «não passa de uma tentativa de fazer ataques pessoais e de alimentar um folhetim para julgamentos de carácter dos seus adversários políticos».
«Essa proposta [do líder do PSD] é muito triste e muito lamentável», acrescentou Pedro Silva Pereira."

Fonte: SOL

Nunca ouvi tantas vezes num espaço tão curto, variadas pessoas, de todos os quadrantes sociais, utilizarem a expressão "quem não deve, não teme". Sou a favor da abertura de um inquérito, mais não seja que nos mostre documentos originais e não fotocópias, e que apure a verdade sobre o "Sócrates Gate".
Pedro Silva Pereira, ao dizer que as explicações de Sócrates tudo esclareceram e já nada é preciso fazer, está a cometer um atentado contra o Processo Penal, em especial a busca da verdade material. Pela ordem de ideias do Ministro, se um arguido disser que não praticou um crime, está dito! Se um arguido der uma explicação esfarrapada e empurrar responsabilidades para terceiros, então já não é preciso fazer mais nada. Arquivamento do processo e pronto. Se se acreditasse em tudo o que os arguidos dizem, sem se fazer uma exaustiva investigação, os nossos estabelecimentos prisionais estariam vazios, porque todos alegariam que eram inocentes e justificavam isso, proferindo qualquer coisa que desenrascasse no momento, ali em cima do joelho e arquivava-se o processo porque se "presumiria que estava tudo bem explicado".
Ao Ministro Pedro Silva Pereira: eu bem sei que até prova em contrário, presume-se a inocência do arguido, mas há limites! Essa presunção deve ser acompanhada de uma realidade factica que comprove essa mesma inocência. Para se concluir pela inocência de alguém, é necessária uma investigação, e é isso que Marques Mendes propõe no caso Sócrates. Uma investigação, como é feito em todos os processos ou com todos aqueles contra quem impende uma queixa-crime. Se o Primeiro-Ministro rejeita a tese de ter tido um tratamento diferenciado relativamente aos restantes, tem aqui uma oportunidade de ouro para provar a toda a gente que não é favorecido relativamente a qualquer outro português e essa oportunidade passa por não se "aborrecer" pelo facto das suas alegações necessitarem ser confirmadas, sob pena de se fazer com ele aquilo que não se faz com mais ninguém neste País.
Repito: Quem não deve, não teme! Só quem teme é que fica assim tão chateado e se sente ofendido com uma investigação que sirva para tirar as dúvidas, de uma vez por todas, sobre o "Sócrates Gate".

3 comentários:

Pedro Sá disse...

Só te falta dizeres que se é culpado até prova em contrário, perdão, que se é culpado até prova em contrário se se for de esquerda.

ATG disse...

Caro Sá,

o crime não escolhe partidos, nem ideologias. Aliás, as pessoas não escolhem a via do crime, tendo em conta as ideologias que defendem, ou os partidos a que pertencem. No entanto, devo referir que, neste momento, ser-se do PS compensa, perdão, praticar-se um crime em Portugal compensa.

Pedro Sá disse...

Devidamente esclarecedor.