Pude ler com atenção a última edição da revista do jornal Público ao domingo, a Pública, que trazia uma reportagem sobre o novo conceito tecnológico chamado "e-Menu", o qual consiste num conjunto de terminais com ecrãs tácteis, onde o cliente pode fazer de tudo um pouco: de pedidos de informações a pagamentos de contas, é possível fazer um pouco de tudo sem que ocorra qualquer tipo de contacto com outro ser humano. Hoje é possível encontrar esta tecnologia nas gasolineiras, nas livrarias, nos hipermercados, etc. Está por todo o lado.
Fiquei sobremaneira espantado porque a reportagem ignorou dois dos principais malefícios desta tecnologia: o contacto humano e o desemprego que cria. Do ponto de vista da empresa, ter menos empregados, é sinónimo de menos despesa. Mas e do ponto de vista social e humano? Quantos menos empregados e mais tecnologia, menos postos de trabalho existirão e maior o desemprego. A questão torna contornos mais graves se tivermos em conta que a maior parte dos funcionários das lojas abrangidas por este conceito "e-Menu" são pessoas normalmente com médias ou médias/baixas qualificações, o que dificulta ainda mais a sua tarefa na obtenção de um posto de trabalho no futuro.
Outra questão é a do contacto humano. É certo que hoje em dia é um risco sermos atendidos por um/a funcionário/a de qualquer um destes estabelecimentos: a regra começa a passar por sermos mal atendidos e enfrentar pessoas que estão com uma cara como quem diz "porque é que eu estou aqui sentada a aturar este gajo que veio fazer compras?". . No entanto, há sempre excepções e nada como o contacto humano, por mínimo que seja, numa época em que caminhamos cada vez mais para o isolamento e para o autismo. O convívio e a socialização são de salutar e quanto mais variações conhecerem, melhor. Onde está a velha tradição onde o contacto entre cliente e funcionário são privilegiados e onde o shit chat é a palavra de ordem?
O chamado desenvolvimento tecnológico acaba por acentuar o gap já existente entre as pessoas dos vários estratos sociais, privando-as do contacto entre si. Acaba por trazer também graves problemas de empregabilidade, ao fazer com que os clientes optem pelo contacto com a máquina como forma de simplificar as suas compras. É o cliente quem pede, quem vai buscar, quem paga, quem embala, enfim, é o cliente que faz tudo na loja. Os empregados são dispensáveis e a curto/médio prazo dispensados. Chamem-me radical, mas evitarei esta tecnologia na medida do possível. Não, não sou antiquado ou inadaptável ao avanço tecnológico. Mas, enquanto estiver na minha esfera a possibilidade de tomar uma decisão, optarei sempre por lojas que privilegiem o contacto com o funcionário ou então, em lojas que tenham a máquina e o funcionário, optarei sempre pelo segundo. Os motivos são simples: colaborar para que outros mantenham o emprego que têm, e privilegiar o contacto humano. Por pior que seja a pessoa que está do outro lado, continua a ser bem melhor do que o isolamento ou do que sentirmos que a única possibilidade de contacto que temos num determinado local seja com uma máquina.
Fiquei sobremaneira espantado porque a reportagem ignorou dois dos principais malefícios desta tecnologia: o contacto humano e o desemprego que cria. Do ponto de vista da empresa, ter menos empregados, é sinónimo de menos despesa. Mas e do ponto de vista social e humano? Quantos menos empregados e mais tecnologia, menos postos de trabalho existirão e maior o desemprego. A questão torna contornos mais graves se tivermos em conta que a maior parte dos funcionários das lojas abrangidas por este conceito "e-Menu" são pessoas normalmente com médias ou médias/baixas qualificações, o que dificulta ainda mais a sua tarefa na obtenção de um posto de trabalho no futuro.
Outra questão é a do contacto humano. É certo que hoje em dia é um risco sermos atendidos por um/a funcionário/a de qualquer um destes estabelecimentos: a regra começa a passar por sermos mal atendidos e enfrentar pessoas que estão com uma cara como quem diz "porque é que eu estou aqui sentada a aturar este gajo que veio fazer compras?". . No entanto, há sempre excepções e nada como o contacto humano, por mínimo que seja, numa época em que caminhamos cada vez mais para o isolamento e para o autismo. O convívio e a socialização são de salutar e quanto mais variações conhecerem, melhor. Onde está a velha tradição onde o contacto entre cliente e funcionário são privilegiados e onde o shit chat é a palavra de ordem?
O chamado desenvolvimento tecnológico acaba por acentuar o gap já existente entre as pessoas dos vários estratos sociais, privando-as do contacto entre si. Acaba por trazer também graves problemas de empregabilidade, ao fazer com que os clientes optem pelo contacto com a máquina como forma de simplificar as suas compras. É o cliente quem pede, quem vai buscar, quem paga, quem embala, enfim, é o cliente que faz tudo na loja. Os empregados são dispensáveis e a curto/médio prazo dispensados. Chamem-me radical, mas evitarei esta tecnologia na medida do possível. Não, não sou antiquado ou inadaptável ao avanço tecnológico. Mas, enquanto estiver na minha esfera a possibilidade de tomar uma decisão, optarei sempre por lojas que privilegiem o contacto com o funcionário ou então, em lojas que tenham a máquina e o funcionário, optarei sempre pelo segundo. Os motivos são simples: colaborar para que outros mantenham o emprego que têm, e privilegiar o contacto humano. Por pior que seja a pessoa que está do outro lado, continua a ser bem melhor do que o isolamento ou do que sentirmos que a única possibilidade de contacto que temos num determinado local seja com uma máquina.
5 comentários:
Concordo plenamente.
Não há nada como o atendimento personalizado, aliás que está em vias de extinção como disse....
Cómica a expressão que utilizou para se referir ao frete que certos trabalhadores têm, no que diz respeito ao atendimento ao público....parece que nos estão a fazer um favor...é surreal...lol...e com tantas pessoas no desemprego.....
Cumprimentos,
Mónica
Este impacto na vida da humanidade irá ser terrível, como, aliás, refere. Se não tivermos cuidado as máquinas tomarão conta de nós, como previsto. O pior é que com esta evolução só haverá lugar para o homem se a sociedade mudar por completo. Somos todos iguais mas diferentes, contudo, sem amor e desumanizando a humanidade não iremos a lado nenhum.
Saudades
Rogério Martins Simões
Quem leu os livros de ficção científica rapidamente conclui que tudo isto será inevitável. Vou mais longe: no dia em que acontecer uma catástrofe a nível global, os poucos humanos que sobrem nem saberão plantar e ou produzir. Voltarão às cavernas e desenharão com os materiais disponíveis as memórias enquanto lutarão para sobreviver.
Concordo plenamente. Felizmente existe um livro de reclamações para se preencher sempre que o funcionário está com cara de enterro. Na função pública então é uma maravilha faze-lo, desde que o Governo decidiu arranjar maneira de os despedir. Pelo menos é ve-los com uma cara bem mais alegre e melhor atendimento. Pelo menos para comigo...
Discordo totalmente do conteúdo do post. Optando pelas máquinas, não só tudo é mais fácil e prático, como também estamos a dar o nosso contributo para que haja mais emprego qualificado e menos emprego não qualificado.
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