"O primeiro-ministro, José Sócrates, preside hoje ao lançamento do projecto de aquacultura da Pescanova em Mira, Distrito de Coimbra, um investimento de 140 milhões de euros, contestado por grupos ambientalistas, que condenam a sua localização, dentro da Rede Natura 2000."
Fonte: RTP
O Ministério do Ambiente emitiu a DIA, e assim se faz o que se quer dentro de zonas protegidas. Há que referir que o mesmo projecto foi censurado em Espanha por se encontrar previsto numa zona onde se encontravam muitas espécies raras de peixe, logo, protegida. Porém, em Portugal, faz-se de tudo. Então se forem estrangeiros, fazem mesmo tudo.
Sócrates tenta atirar-nos areia para os olhos e falar-nos em 200 postos de trabalho directo e 600 indirectos, além da produção de mais de 7.000 toneladas de peixe por ano, a ser exportado para a União Europeia. Mas o que Sócrates não refere, mas as notícias sim, é que a empresa que faz o investimento neste projecto é espanhola, e quem ganha a sério com tudo isto, é a Pescanova:
- mão-de-obra barata em Portugal, se compararmos com o custo da mão-de-obra em Espanha;
- integração do projecto numa zona protegida, sem que o Governo português conteste essa medida, enquanto que em Espanha o projecto foi banido;
- baixos custos em Portugal com gestão corrente, face ao que gastariam em Espanha;
- apoio do Estado português, concedendo condições especiais à Pescanova, enquanto que se fosse em Espanha deveriam suportar os encargos inerentes à utilização da zona marítima correspondente ao projecto;
Juntando tudo isto, o lucro será muito maior se este projecto for executado em Portugal do que se for feito em Espanha (que mesmo que quisessem, não podia ser feito).
No meio disto tudo, Portugal tira das suas estatísticas menos 800 desempregados e ainda desconfio que muitos destes 800 vão trabalhar a recibos verdes. Há que criar condições para despedir facilmente, e os recibos verdes são a melhor solução.
Destes 800, nem todos serão portugueses, porque terão que vir para Portugal vários espanhóis ligados à Pescanova e outros espanhóis trabalhar para cá, com salários milionários. Os salários saírem dos bolsos dos espanhóis, não me choca, mas para um investimento desta natureza têm que haver benefícios fiscais que vão ajudar quer os funcionários espanhóis, quer a Pescanova. Aos poucos vão substituir os portugueses por espanhóis nos altos cargos em Portugal.
Oiçam o que vos digo: isto dos 800 postos de trabalho é meramente temporário. Vão contratar 800 funcionários em regime de contratos a termo e recibos verdes, para depois os poderem despachar melhor.
Resumindo, quem é que ganha com tudo isto? Espanha, sem dúvida. Portugal, continua a ser um instrumento nas mãos da Europa.
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