quarta-feira, junho 25, 2008

Declarações electrónicas: continuam a passar a mão nos bolsos do povo

Suponhamos que efectuaram o registo no site das Declarações Electrónicas do Ministério das Finanças há mais de dois anos e que por qualquer motivo pretendem voltar a entrar lá. Suponham que já não se lembram da longa e vasta password que vos deram na altura e pretendem recuperá-la. Para isso têm que inserir o vosso número de contribuinte num espaço próprio e dar a resposta a uma pergunta que na altura do registo tiveram que indicar. A pergunta à resposta pode ser "qual é o meu livro preferido?", "qual é o meu filme preferido", enfim, uma pergunta sobre uma qualquer preferência.
Suponham que precisam de se lembrar da resposta a esta pergunta, dado que já a inseriram no sistema do Estado há demasiado tempo e não mais precisaram dela. Procuram uma solução, uma ajuda, uma resposta, e o site nada diz. Que solução vos dá o Estado para estas e muitas outras situações que envolvam os contribuintes? Um número de apoio ao contribuinte, cujo número é 707 206 707, ou seja, uma linha com valor acrescentado. Resumindo: o contribuinte tem que pagar uma chamada mais cara que o habitual, para poder ver se está em condições de entregar dinheiro ao Estado. Já que o Estado vai receber o dinheiro proveniente dos nossos ganhos, não deveria pelo menos facilitar uma linha azul, uma linha verde ou uma rede fixa? Tem mesmo que pôr um número de valor acrescentado?
Continuem a supôr que ligam para essa linha para pedirem a vossa password e que ficam 10 minutos à espera que vos atendam. Suponham que quando são atendidos, depois de seleccionarem a opção correspondente a problemas com o registo no site, a funcionária que vos atende vos diz que tem que transferir a chamada para um colega competente. Suponham que pedem à funcionária que devolva a chamada, dado que já devem ter gasto alguns bons euros só no tempo de espera. Suponham que a funcionária ainda vos responde um "acha que sim?! Eu não posso fazer isso!" como se lhe estivessem a pedir dinheiro emprestado. Suponham que se resignam, ela transfere a chamada para o colega respectivo sem sequer dizer mais nada e que toda a ajuda que o colega deu foi dizer para escreverem um e-mail a pedir o cancelamento da conta. Suponham que esta chamada durou cerca de 13 minutos e acabaram por gastar mais de 4 euros para algo em que vocês nunca vão beneficiar, só o Estado. Faço outra pergunta: a parte onde nos solicitam as respostas às quais não sabemos responder, não poderiam ter um campo imediatamente abaixo a sugerir que endereçássemos um e-mail a solicitar o cancelamento da conta? Com tanto espaço em branco naquele site, não podiam pôr duas linhas a dizer "caso não se recorde, envie um e-mail para xxx@xxx.pt a solicitar o cancelamento da conta e proceda a um novo registo"?! O contribuinte tem mesmo que gastar mais de 4 euros numa chamada?! Terá o cliente que pagar por algo que acabará sempre por resultar no pagamento de mais uma quantia ao Estado?

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