Um dos maiores problemas desta classe política do pós-25 de Abril é o facto de os políticos que governam, com maior ou menor influência, o nosso país nunca terem trabalhado a sério antes de assumirem tão importantes funções nacionais. Como pode alguém saber o que é melhor para o cidadão médio se nunca teve um patrão, um horário para cumprir, recebeu um salário mínimo, teve de contrair empréstimos para comprar casa com um salário baixo, usa o sistema nacional de saúde nos seus problemas médicos, etc? Enfim, como pode alguém saber o que é melhor para as pessoas se nunca se esforçou para ter o que tem e passou pelas dificuldades da vida como toda a gente passa, só porque teve a sorte de começar logo à entrada a receber €2.000 por ser assessor ou coisa parecida?
Vejam-se 3 situações concretas: José Sócrates, António Guterres e Santana Lopes. O 1º passou toda a vida na política: foi assessor, depois disso deputado, de seguida Secretário de Estado, Ministro da República e por fim Primeiro-Ministro; António Guterres foi deputado desde o 25 de Abril, depois disso Primeiro-Ministro; Santana Lopes foi Chefe de Gabinete de Sá Carneiro, depois deputado, Secretário de Estado, Presidente de Câmara e por fim Primeiro-Ministro.
Ou seja, nunca estas três figuras trabalharam no sector privado, sempre tiveram a sorte de ter salários bastante superiores à média nacional e não terem as preocupações do dia-a-dia.
O estado da política está neste nível de degradação a que todos assistimos porque os polítocos que sucessivamente governam este país têm apenas como objectivo chegar ao poleiro, sem se quererem preocupar em ter uma vida normal e real, porque usam os seus esforços em subirem na máquina partidária para um dia terem um seu tachito.
Como podem estas pessoas saberem o que é melhor ou pior, o que atinge mais ou menos, o que afecta ou não a vida da generalidade dos portugueses? Saberá o político que nunca trabalhou que se aumentar os impostos vai afectar a contabilidade das familias de forma grave? Saberá este político que ao acabar com uma maternidade, uam escola, um serviço de urgência, vai causar danos substanciais na vida das pessoas?
A resposta só pode ser uma: não. Não sabendo o que é a vida real das pessoas, não pode um político que sempre viveu (e bem) à conta do Estado, sem nunca ter feito nada com mérito para ter os importantes cargos que têm, conhecer o alcance das suas decisões.
E não vejo melhoras nos dias que correm. As Juventudes Partidárias estão cada vez mais piores, os seus elementos só têm como objectivo ser assessor um dia, membro de um Instituto Público, etc, em vez de se preocuparem com o seu engradecimento académico e profissional. Tentam ganhar eleições nos movimentos associativos para um dia puderem cobrar dentro das suas Jotas os ganhos que obtiveram para as mesmas.
Assim sendo é natural que todo o sistema político esteja podre e desacreditado, porque os políticos servem-se a si primeiro, e só depois às pessoas, o que o fazem sem conhecimento da realidade que envolve as mesmas.
7 comentários:
Mais uma vez de acordo com o que aqui foi escrito.
Há um proverbio antigo que diz"Nunca peças a quem pediu, nem sirvas a quem serviu, mas trabalha para o que sabe trabalhar"
Só agora reparei que também é da àrea do Direito...pos bem...olá colega
Somos todos Tita. Bem-vinda ao nosso blogue colega :)
Não se pode tomar o particular pelo geral! Mas isto digo eu que não entendo nada disto!
Post 100% populista de quem efectivamente não sabe do que fala.
E apenas vou-me dar ao trabalho de dar alguns exemplos:
1. Por essa ordem de ideias não posso saber o que foi a História porque não vivi naquela altura.
2. Estás a desprezar aqueles que avançam com um projecto empresarial sem nunca terem trabalhado antes.
3. A quantidade de gente que nunca teve horário de trabalho por desde sempre ter trabalho em regime de isenção de horário.
4. A enormidade de gente que nunca recebeu um salário mínimo (essa então de na prática estares a apelar à virtuosidade de viver com salário mínimo é no mínimo ridícula).
5. Mas...com salário mais baixo ou mais alto só quem tenha casas oferecidas é que pode dispensa empréstimos...
6. Essa distinção do uso do SNS entre quem ocupa cargos políticos ou não é totalmente desprovida de sentido e de qualquer tipo de fundamento.
7. Saber o que é melhor para as pessoas não passa por aí, e tu devias saber isso. É incompreensível como um licenciado faz desses raciocínios (se calhar o Prof. Paulo Ferreira da Cunha acaba por ter razão quando diz que a massificação leva necessariamente ao abaixamento do nível...).
8. Se não sabes, aprende: quem pode fazer política a tempo inteiro tem muito mais possibilidades de pensar e actuar do que quem não o faça. E não vale a pena alguém tentar contrariar isto porque é absolutamente evidente: basta pensar-se que enquanto uns estão num emprego "comum", quem está no trabalho político está directamente a lidar com esses assuntos e a pensar neles.
9. Tu na prática estás a defender um parlamento de base operária. No PCP adorariam ler isso.
10. Realmente estás mesmo fora. Quem quer mesmo chegar longe e ter dinheiro certamente não está na política, mas nas empresas.
11. Para além disso, o raciocínio cai por terra. Para além de que quem ocupa qualquer lugar político necessariamente trabalhar (não penses que está sentado sem fazer nada), essa mesma pessoa também paga impostos, também utiliza tais serviços.
12. O penúltimo parágrafo então é ridículo. Como se um político fosse melhor ou pior por ter "engrandecimento académico" ahahahah !
Com esta resposta vê-se claramente que o comentador esteve, está, ou deseja estar agarrado a qualquer coisa que aqui critico. Fez bem em ter respondido como respondeu, só demonstra a raiva que esse jotas de meia tijela têm a quem lhes quer dificultar o caminho de terem o seu tachinho aqueles que sem nunca terem sido nada na vida, sem nunca terem contribuído em nada para a Nação, não tendo chegado a qualquer cargo de enorme importância através do mérito mas sim através da cunha.
Foi bom ter respondido como respondeu, assim ficamos todos a saber como pensam os jotas.
"...quem pode fazer política a tempo inteiro tem muito mais possibilidades de pensar e actuar do que quem não o faça..." - vê-se claramente isso nos deputados da AR, só como exemplo...
O que vocês querem todos é fazer pouco, andarem colados a padrinhos partidários e um dia, o mais breve possível, serem assessores, adjuntos, etc... mas claro, isso sou eu que inventei na minha cabeça, nunca se ouviu ninguém a constatar tal facto...
Recordo-me também das palavras do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa: "Os Jotas deviam preocupar-se primeiro em ser alguém na vida, em aprenderem o que ela é, trabalhando e conhecendo a realidade, e só depois, através dessas experiências ajudar o país."
Elucidativo.
A resposta ao meu comentário é, essa sim, elucidativa. Aliás patética.
Para mais, as palavras desse papagaio são apenas reflexo de uma certa mentalidade anti-juventude que quer pura e simplesmente, na prática, reduzir a política a um grupo de ex- e futuros yuppies e académicos.
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