Enquanto muitos abrem vagas a torto e a direito, algumas injustiças continuam sem que nada seja feito para se alterar a situação. Nos anos que passei na Faculdade, deparei-me com algo absurdo e que deixa de fora alunos que muito se esforçaram para tentar entrar no Ensino Superior: as quotas especiais. Não há maior injustiça do que as vagas que se abrem propositadamente para madeirenses, açorianos e PALOP. A justificação para o caso dos insulares será sempre a mesma: "coitadinhos, estão deslocados", mas esquecem-se que um açoriano faz Ponta Delgada-Lisboa em pouco mais de duas horas, enquanto alunos de Trás-os-Montes, Algarve, Minho, etc, muitas vezes demoram mais de cinco horas para chegar à cidade onde residem. Porque é que os açorianos e os madeirenses são mais deslocados do que os outros? Porque têm que se deslocar de avião?
No caso dos PALOP o caso consegue ser ainda mais agudo. Todos sabemos que tudo se resume aos interesses políticos e económicos, ainda que na aparência, dado que hoje em dia já nem nisso ganhamos qualquer vantagem a não ser os próprios reitores e presidentes dos conselhos executivos. Mas a justificação oficial para que os PALOP tenham vagas especiais prende-se com a cooperação bilateral, que é 100% unilateral (alguém conhece algum português que se tenha deslocado a uma faculdade guineense ou moçambicana para estudar lá?), ou com o eterno critério "eles lá não tinham condições para estudar no ensino básico e secundário, por isso têm que ter vagas especiais". Então e aqueles que fizeram o trajecto até ao fim do ensino secundário em escolas portuguesas cujas condições eram deploráveis? E aqueles que tiveram péssimos professores ao longo do seu percurso nas nossas escolas? A isto acresce ainda outro factor: se não tiveram preparação suficiente nas escolas dos seus locais de origem, estarão preparados para enfrentar o exigente ensino europeu? Não. Claro que não! Então cria-se outra injustiça: enquanto um aluno português, por mais dificuldades que tenha tido, para tirar um 14 tem que estudar a sério, um PALOP, independentemente de ser filho de um Ministro ou Embaixador ou de ser um miserável que nunca teve um par de ténis para calçar, basta saber o equivalente a um 10, que acaba por ter 14 como o aluno português, porque, coitadinho, nunca teve condições no seu país de origem e nunca lhe exigiram o mesmo que a um aluno nacional. O que se esquecem é que quando colocarem lado-a-lado o certificado de habilitações do português e o do PALOP, o 14 que aparece no nosso é o mesmo que aparece no deles. Não aparece nenhum asterisco no do PALOP a dizer "teve 14 porque nunca lhe exigimos tanto quanto exigiríamos se fosse português".
São este tipo de injustiças que o nosso sistema educativo devia corrigir. Um aluno com 18,70 de média final pode ficar excluído do curso de Medicina, mas um açoriano com média de 14,00 pode entrar graças às quotas especiais.
No caso dos PALOP o caso consegue ser ainda mais agudo. Todos sabemos que tudo se resume aos interesses políticos e económicos, ainda que na aparência, dado que hoje em dia já nem nisso ganhamos qualquer vantagem a não ser os próprios reitores e presidentes dos conselhos executivos. Mas a justificação oficial para que os PALOP tenham vagas especiais prende-se com a cooperação bilateral, que é 100% unilateral (alguém conhece algum português que se tenha deslocado a uma faculdade guineense ou moçambicana para estudar lá?), ou com o eterno critério "eles lá não tinham condições para estudar no ensino básico e secundário, por isso têm que ter vagas especiais". Então e aqueles que fizeram o trajecto até ao fim do ensino secundário em escolas portuguesas cujas condições eram deploráveis? E aqueles que tiveram péssimos professores ao longo do seu percurso nas nossas escolas? A isto acresce ainda outro factor: se não tiveram preparação suficiente nas escolas dos seus locais de origem, estarão preparados para enfrentar o exigente ensino europeu? Não. Claro que não! Então cria-se outra injustiça: enquanto um aluno português, por mais dificuldades que tenha tido, para tirar um 14 tem que estudar a sério, um PALOP, independentemente de ser filho de um Ministro ou Embaixador ou de ser um miserável que nunca teve um par de ténis para calçar, basta saber o equivalente a um 10, que acaba por ter 14 como o aluno português, porque, coitadinho, nunca teve condições no seu país de origem e nunca lhe exigiram o mesmo que a um aluno nacional. O que se esquecem é que quando colocarem lado-a-lado o certificado de habilitações do português e o do PALOP, o 14 que aparece no nosso é o mesmo que aparece no deles. Não aparece nenhum asterisco no do PALOP a dizer "teve 14 porque nunca lhe exigimos tanto quanto exigiríamos se fosse português".
São este tipo de injustiças que o nosso sistema educativo devia corrigir. Um aluno com 18,70 de média final pode ficar excluído do curso de Medicina, mas um açoriano com média de 14,00 pode entrar graças às quotas especiais.
2 comentários:
Por muito que eu odeie as quotas dos PALOP não as podemos meter no mesmo saco que as inenarráveis quotas para os Açores e Madeira.
Concordo plenamente.
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