quinta-feira, junho 01, 2006

Os últimos exames e as orais...

Eu e o Delfim, em dia de orais em 2004/05

Ao contrário de muitos, vejo os exames e orais com desportivismo. Não temos grande coisa a perder (temos, uma nota, uma passagem, até uns 0,7 a mais na média). O truque para enfrentar um exame escrito é: "o pior que me pode acontecer é ir a oral... siga", e não colocar pressão naquilo. O truque para sobreviver a uma oral é: "vou para o café falar com 2 profs sobre a matéria X... só não se cruza a perna e se estende para trás, porque é pedir muito".
Já fiz umas 13 ou 14 orais na FDL (já perdi a conta). Nas que fiz no 1º ano, chumbei algumas, mas do 2º ano em diante, foi sempre a limpá-las. O que custa, como tudo na vida, é a 1ª (por acaso a mim, a 1ª não custou nada... nem a 2ª, nem as outras todas que ainda hoje se vão dando). Enfim, resolvi referir esta frase, para diminuir a pressão de quem não gosta muito das 1ªs, nem das seguintes, a ver se se animam, que o mundo é feito de problemas mais graves e sérios, do que um exame escrito ou uma oral na Faculdade de Direito.
Das orais que chumbei, sempre soube reconhecer aquelas que mereci chumbar, e aquelas que, embora não merecendo escandalosamente passar, com um pouco de gentileza lá dava para o 10 ou para o 11. Ou ainda aqueles casos em que via que não merecia passar, mas que aconteceu haver quem merecesse menos ainda do que eu e tivesse passado. Enfim, critérios, que não quero discutir. O que quero referir de importante aqui, é que sei reconhecer, de caras, quando não mereço outro resultado que não o chumbo. Todos os anos, todos os dias, quando chega às orais, assisto sempre ao discurso do costume, desde que entrei na FDL: "cabrão, respondi a tudo, sabia tudo e chumbou-me"; "aquela rameira lixou-me de propósito... perguntou-me o mais difícil porque não me curte". E depois pergunto, mas não te curte porquê? E a resposta é: "epá... não me curte, sei lá... fez-me estas perguntas é porque não me curte, e facilitou aos outros". Estas são as duas frases da praxe. Ora, se fossemos pela 2ª, creio que 90% dos professores da FDL odiariam os alunos. Reconheço que por vezes geram-se casos de antipatia entre professor e aluno, mas em 99% destes casos que referi, a maior parte das vezes o professor perguntou não por não gostar do aluno, mas porque lhe deu na telha, ou já tinha rodado a matéria com os outros todos, e fez outro género de perguntas. Também não estou a desprezar existirem alguns que gostam de torturar os alunos em geral, com orais de bradar aos céus. O que quero reforçar é que a maior parte destas lamúrias, não tem fundamento, porque se calhar as orais são difíceis, muitas vezes, porque não se sabe a matéria. Realmente, se eu não pegar num livro que seja, o juri que me fizer a oral, vai mesmo ser "cabrão para mim", e "não me curte nada".
Os casos em que as queixas são realmente justificadas, contam-se pelos dedos de uma mão, mas existem! Esses casos são graves, mas existem, e normalmente, têm factos antecedentes que podem justificar isso. Uma relação aluno-professor que não seja saudável durante 1 ano lectivo inteiro, pode ser um factor justificante. Uma aluna que decide ir para a a oral mostrar a peitaça ao juri a ver se pega, pode ser factor justificante (para alguns funciona ao contrário). Enfim, existem diversos motivos para alguém poder fundar-se no facto de alguém lhe ter querido fazer a folha de propósito. Todos estes casos têm que ser analisados objectivamente. Agora, se não estudaram tudo, ou se vos fizeram uma oral difícil, mas nem foi por não gostar de vocês, apenas porque há perguntas que têm que ser feitas, saibam ter a humildade de admitir "mereci chumbar, porque não estudei o suficiente", é que o típico discurso de o prof não curtir, etc etc... se calhar começa a vulgarizar o assunto e quando acontecem casos desses a sério, depois esse assunto é visto como "olha, mais um frustrado".
Nestes últimos exames e orais, tenho um conselho a dar a todos. Vão para lá na descontra! Como disse no início, há problemas mais graves no mundo, como ter uma família para alimentar e não ter dinheiro para a sustentar, ser-se despedido e ter milhares para pagar de prestações de carro e casa, ser-se doente terminal, passar fome, morar na rua. Logo, pensem nestas coisas, e vão ver como vão para uma oral descontraídos e vêem que a oral não passa de uma mera conversa de cultura geral, sobre uma determinada matéria da nossa sociedade (o Direito do Trabalho, o Direito Internacional Privado, ou o Direito do Ambiente), com duas pessoas que percebem mais daquilo do que vocês, e vocês o que vão tentar mostrar é que, não sabendo mais do que eles, sabem o suficiente para um dia estarem ali no lugar deles a ter aquela discussão com outras pessoas que, tal como vocês hoje, arranham umas coisitas na matéria. Outro conselho: estudem! Se estudarem, a passagem está 50% garantida. Fizeram a vossa parte. E se estudarem TUDO, decididamente não vos chumbarão por falta de estudo, mas por falta de outra coisa qualquer. Quem sabe de carácter do juri. Mas aí o problema é outro. Façam a vossa parte, relaxem e gozem o momento. Sim, a oral também tem muito para apreciar! Depende como vejamos as coisas.
Boa sorte a todos e curtam os vossos últimos momentos. Para os leitores mais novos, curtam os vossos primeiros momentos como iniciantes!

3 comentários:

Momentos disse...

Quem sera o Mr Xô Dôtore?

Pedro Sá disse...

Subscrevo. As orais que chumbei foram todas por não saber.

Rita Paias disse...

Muito obrigado por todos estes conselhos. Vou tentar nãome esquecer deles e segui-los à risca.