Não foram poucas as vezes que já defendi em Tribunal indivíduos apanhados com excesso de álcool no sangue. Recordo os meus últimos dois casos: um tipo com 1,21 g/l ficou sem carta durante 3 meses, e foi condenado numa multa de 400 euros. Era primário (nunca tinha sido condenado por qualquer tipo de crime), confessou os factos e tinha graves dificuldades económicas. O outro foi apanhado com 1,24 g/l e ficou sem carta durante 3 meses, tendo sido condenado em pena de multa de 450 euros. Não vivia de forma desafogada, mas já se desenrascava melhor que o outro e em 21 anos de condução nunca tinha sido condenado. Era também primário neste tipo de crime e em qualquer outro. Cadastro limpinho. Também confessou os factos. A um deles não me limitei a pedir justiça, antes requeri que a medida aplicável fosse a admoestação, dado estarem preenchidos todos os requisitos. A juíza olhou para mim, ignorou-me por segundos e aplicou logo a pena.
Como estes, vi muitos outros casos. Não sou contra nenhum deles. Acho muito bem que se mate o mal pela raíz e se apliquem sanções duras. O que me faz pensar é ver que um tipo conduz com 1,6 g/l, paga 400 euros, conserva a carta, tem direito a esperar pelo julgamento na sala dos advogados para não se "misturar com os outros", e tudo isto se verificar pelo simples facto de ser um conhecido humorista que até é primário! Grave foi também alguém se esquecer de o autuar pela ultrapassagem pela direita que fez com que a polícia o mandasse parar.
Pela primeira vez vi um tipo que conservou a carta depois de ser apanhado com álcool no sangue o suficiente para ser considerado crime, e apesar de ganhar dinheiro q.b. para pagar uma multa como deve ser, pagar apenas 400 euros e ficar obrigado a doar um determinado montante a uma instituição.
O que estarão a pensar os meus oficiosos neste momento? "Aquele filho da p... não fez o seu melhor, senão também tinha ficado com a minha carta e tinha sido multado num valor mais baixo". Grave é também o facto de agora todos poderem invocar o "caso Gato Fedorento", para que se apliquem as mesmas medidas aos respectivos arguidos e todos conservem a carta! Ou seja, o mal corre o grave risco de não ser cortado pela raiz, porque alguém se lembrou de ajustar a lei ao homem e não o contrário.
Não é o Gato que é fedorento. A justiça é que fede... e muito!
Como estes, vi muitos outros casos. Não sou contra nenhum deles. Acho muito bem que se mate o mal pela raíz e se apliquem sanções duras. O que me faz pensar é ver que um tipo conduz com 1,6 g/l, paga 400 euros, conserva a carta, tem direito a esperar pelo julgamento na sala dos advogados para não se "misturar com os outros", e tudo isto se verificar pelo simples facto de ser um conhecido humorista que até é primário! Grave foi também alguém se esquecer de o autuar pela ultrapassagem pela direita que fez com que a polícia o mandasse parar.
Pela primeira vez vi um tipo que conservou a carta depois de ser apanhado com álcool no sangue o suficiente para ser considerado crime, e apesar de ganhar dinheiro q.b. para pagar uma multa como deve ser, pagar apenas 400 euros e ficar obrigado a doar um determinado montante a uma instituição.
O que estarão a pensar os meus oficiosos neste momento? "Aquele filho da p... não fez o seu melhor, senão também tinha ficado com a minha carta e tinha sido multado num valor mais baixo". Grave é também o facto de agora todos poderem invocar o "caso Gato Fedorento", para que se apliquem as mesmas medidas aos respectivos arguidos e todos conservem a carta! Ou seja, o mal corre o grave risco de não ser cortado pela raiz, porque alguém se lembrou de ajustar a lei ao homem e não o contrário.
Não é o Gato que é fedorento. A justiça é que fede... e muito!
3 comentários:
Parece-me que faltam alguns factos relevantes, para além de que isto é tomar a nuvem por Juno.
Designadamente: o que me garante que o advogado de JDQ não conhece o historial de decisões do juiz em causa ? Designadamente que tal juiz seja um daqueles paranóicos do trabalho comunitário e das instituições de caridade ?
Já agora:
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=899109&div_id=291
É curioso que estes juízes adeptos dos sumaríssimos estejam todos de “serviço” no dia em que as estrelas são apanhadas com álcool no bucho.
Lá está os dois tipos de leis que há em Portugal, como nos casinos. Para uns pode-se fumar, impera a lei do jogo, para outros, vamos ver.
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