Que o Presidente da ASAE faça questão de fumar, não é algo que me preocupe. Cada um destrói a sua vida como quer, e atrai para si os cancros que bem entender. Ganhar um cancro é fácil, mas não é barato e pode mesmo custar alguns milhões. Mesmo assim as pessoas insistem em tentar desafiar o destino e fumar sem parar. O que me preocupa verdadeiramente são os que vivem sob o lema "I may go to hell, but you're all coming with me" e insistem em atrair cancros para si e para terceiros. Só assim se explica que muita gente fume, apontando o cigarro aceso, bem como o respectivo fumo que emana das próprias bocas, para gente inocente que não fuma e não quer fumar (fora aqueles que nem sabem o que isso é e sofrem com isso, como é o caso das crianças. Mais tarde acabam por achar giro o que os pais fazem e vão para as escolas começar a imitar os vícios dos mais velhos).
Voltando ao Presidente da ASAE, o que acho verdadeiramente grave não é o facto dele fumar no Casino às 2h00 da manhã do dia 1 de Janeiro de 2008. Confesso que nesse dia estava muito mais preocupado com outras coisas, :)))), do que em ver se a partir da meia-noite toda a gente tinha o cigarro apagado nos locais fechados, ou se as discotecas e cafés tinham ventilação. António Neves podia simplesmente invocar o facto de a lei ter acabado de entrar em vigor há escassas duas horas e, no meio da folia que são as celebrações do Ano Novo, ter-se esquecido por completo que estava num recinto fechado onde já era proibido fumar. Este é o problema da entrada das leis em vigor: quando a Lei do Aborto foi aprovada, ninguém fez fila à porta de um Hospital a esperar impacientemente pela meia-noite, porque as dez semanas iam acabar dali a minutos e tinham que fazer o Aborto às 00:01. É ridículo exigir-se a alguém que ao fim de duas horas de uma lei entrar em vigor, a mesma se aplique como se já estivesse "viva" há dezenas de anos. É ridículo e absurdo.
Não custava nada o Presidente da ASAE enveredar por esta justificação. É certo que a ASAE é uma instituição rigorosa e profissional e não há falhas nem perdões para ninguém, mas ficaria mais bonito e torná-lo-ia mais humano, do que dar como justificação, o absurdo "nos casinos a lei não se aplica". Tudo se torna mais absurdo porque por estas declarações acabamos por concluir que afinal António Neves estava consciente do ilícito que estava a praticar. E existe ilícito, ao contrário do que António Neves diz. Caso contrário, como se explica que o departamento jurídico da ASAE... repito, o departamento jurídico da ASAE, refira que a nova lei também se aplica aos casinos? Só espero não ver cabeças a rolar pelo facto do departamento jurídico da instituição a que António Neves preside, assumir esta posição e a mesma ser categórica. Ou seja, não existiam dúvidas que a lei se aplicava no Casino, o Presidente da ASAE (sim, os mesmos que fecham a Ginjinha sem apelo nem agravo, é acabam com as bolas de berlim na praia, ou com as castanhas na rua) infringe a lei que se quer cumprida e fiscalizada parcialmente pela instituição que representa, e o mesmo ainda tenta fazer dos portugueses parvos ao dar desculpas que uma pessoa minimamente inteligente jamais daria!
O que acho verdadeiramente grave é isto: a tentativa de estupidificação dos portugueses por parte do Presidente da ASAE. E mais grave ainda acho o facto de já se falar em alterar a lei para que se possa fumar nos casinos. Tudo isto tem em vista livrar o Presidente da ASAE do vexame que está a passar agora. É vergonhoso. Cada vez mais se prova que as leis ajustam-se a alguns homens, em vez de serem os homens a ajustar-se às leis.