"Houvesse público nas estreias de ópera em São Bento, ontem assistia-se à maior das pateadas. Um empresário (de facto, uma presidente de partido, mas vamos por empresário para entendermos bem a história) espalhou cartazes pela cidade (Braga, por exemplo), anunciando: "Plácido Domingo - Espectáculos a partir de 15 de Outubro!" No dia único em que as bilheteiras estavam abertas, 27 de Setembro, multidões correram a comprar o direito de poder ver o cabeça de cartaz. E, a partir de ontem, esperava-se que o tenor aparecesse para maravilhar ao longo da temporada de quatro anos. Mas, ontem, Plácido Domingo saltou para o palco e anunciou que aquele quadriénio para o qual se tinha comprometido eram, afinal, 30 minutos, tempo para avisar que não cantaria, nem ontem nem nunca mais. E anunciava que, em vez dele, o amável público teria Xico Falsete, cantor fanhoso. Como houve surpresa na plateia, Plácido Domingo mostrou que nas letras pequeninas do cartaz (como nos contratos aldrabados das companhias de seguro) se dizia que havia um Xico Falsete, 7.º do elenco. E assim se soube que um quase anónimo cantor de coro passou a prima-dona. Esta a história, quase verdadeira. Quase porque chamar a Deus Pinheiro Plácido Domingo é manifesto exagero."
por Ferreira Fernandes, in Dn.pt
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