Depois da banhada que foi a minha oral de Direito Comercial de hoje, que até nem foi muito difícil, diga-se de passagem, pus-me a reflectir acerca da minha vidinha banal e coloco a mim mesmo uma questão: mas que raio é que eu ando a fazer da minha vida nos últimos tempos?
Tenho uma vida do melhor que poderia ter, uma boa família, bosn amigos, boa saúde, frequento um bom curso de Ensino Superior, na melhor Faculdade de Direito do país, mas no entanto ando desde há uns tempos para cá a não dar a importância devida a esses factos.
Olhando para trás, julgo que o meu sentido de responsabilidade, que nunca foi assim muito apurado, sempre fui um preguiçoso do pior, começou a descer vertigionasamente a partir do 3º ano, um ano complicado é certo, mas com cadeiras no meu ponto de vista interessantes que fazem com que um aluno sem ter que estudar muito ainda assim consiga tirar notas razoáveis. Foi o que aconteceu na minha situação, não tendo eu estudado nada por aí além, consegui safar-se bem nesse ano, com todas as cadeiras feitas, se bem que um bocado de sorte à mistura.
Foi um ano complicado a nível pessoal, como sabem bem algumas pessoas mais chegadas, mas ainda assim superou-se bem.
E eis que chega o 4º ano, o ano em que dizia nos eu ínicio que ia ser o ano da "virança"(Ana Drago no seu melhor), e de facto até comecei cheio de entusiasmo, chegando ao ponto de ir buscar cenas à biblioteca, entre outro tipo de coisas. Até ás aulas teóricas eu ia! As perspectivas eram pois, muito boas.
Mas não. Quando volto dos EUA, vindo da Taça do Mundo de Taekwon-Do, o sistema das perguiças do 3º ano voltou. Não percebo porquê. Tento procurar no fundo da minha alma a razão pela qual tudo isto se passou e se tem passado e até agora mas ainda não achei a solução. Eu bem sei que também estou nuam faculdade lixada no que concerne a avaliação, e a exigência é muita, mas isso até à bem pouco tempo era um estímulo para mim. Lembro das célebres aulas de Economia Política e e Direito Constitucional I e II, em que falava pelos cotovelos, e sempre com muito interesse e entusiasmo.
Agora a atitude é exactamente a oposta. Chego á faculdade, vou ás aulas, não oiço nada, tou sempre a pensar noutro tipo de coisas, para mim tudo é motivo de paródia, e vou perdendo oportunidades para brilhar e para me enriquecer não só como aluno e futuro jurista, mas também como pessoa. Não me percebo, algo se passa de muito grave... E não posso usar como argumento o facto de ter alguns assistentes incompetentes como factor principal, pois os bosn que tenho tido também eu não tenho sabido aproveitar a sua sabedoria.
Hoje na oral de Direito Comercial foi a gota de água. Eu senti durante todo o tempo que não dizia nada de jeito, que era uma situação vergonhosa a que estava a viver. No final só me apeteceu pedir desculpa ao avaliador pelo tempo que ele perdeu comigo. Mais valia que nem sequer tivesse ido, se era para fazer aquelas figuras rídiculas.
A verdade é nua a e crua: chegando a um certo ponto, neste caso o 4º ano, não há senso comum, não há sorte que nos valha: ou se sabe ou não se sabe e consequentemente não se passa de ano.
Passei a manhâ inteira a dizer "Diogo Ferreira: 1 de oral, 0 final". E dizia-o porque de facto era esse o sentimento com que fiquei quando sai daquele anfiteatro depois da minha prova. Para quem tinha o sonho de tirar uma boa nota de final de curso, está muito complicado...
Pior que isso tudo, é continuar com aquele sentimento de que eu não sou uma pessoa burra nem sequer com pouco jeito ou interesse para o curso. E isso afecta-me ainda mais e pesa-me a consciência, pois sinto que estou a desperdiçar as minhas boas capacidades intelectuais, capacidades essas que muitas pessoas não têm...
Teho agora oral de Direito Penal na 6f. E depois disso o Campeonato do Mundo de Taekwon-Do. Esperemos que sejam momentos de viragem e que eu tenha muita força de vontade e muita ambição para voltar a ser o que um dia já fui, um jovem ambicioso, interessado e com a esperança de mudar o mundo...
Numa coisa ao menos tudo tem corrido bem: o Amor. Só espero também não contribuir para que esse lado não quebre.
Porque sim, tens sido Tu a principal motivação da minha vida nos últimos tempos e tem sido Contigo que eu me tenho realizado todos os minutos da minha vida. Adoro-te...
P.S: uma palavra muito especial também para os meus colegas e amigos, que nunca me abandonaram e têm sempre se disposto a ajudar-me e puxar-me para cima. A eles o meu muito Obrigado.