Já muito disse e se noticiou sobre a Universidade Independente. Tudo o que envolve esta Universidade não constitui grande surpresa para mim. Aliás, da maneira como o nosso País funciona, acho engraçado falar-se em "surpresa" e "escândalo". Em Portugal toda a gente sabe como é que as coisas funcionam e o negócio chamado "privadas" só não sabe quem não quer saber. O único serviço público que a maioria delas faz é satisfazer os caprichos financeiros de uns quantos investidores. Os alunos ganham um canudo, e têm como contrapartida terem que o pagar. Diria que a esmagadora maioria das privadas funciona como uma financeira tipo Cetelém, Cofidis, etc: dão um diploma em troco de "suaves prestações" que bem poderiam servir para pagar um carro ou dar uma bela entrada para uma casa. Quem frequenta essa tal esmagadora maioria (sim, há excepções) das universidades, prefere investir no diploma em vez de investir na formação. Muitos preferem ter um título, do que ter conhecimentos. Não os censuro: afinal o "factor C" ainda abre muitas portas a muita gente, bastando que se preencham as formalidades de ter um curso superior em muitos casos e um diploma universitário, ainda que não acompanhado da formação respectiva, também abre muitas portas.
Este é o grande problema das privadas: distribuem diplomas a quem pagar as prestações mensais do crédito, e não dão o conhecimento respectivo porque isso não é preciso para se ter um bom trabalho (ou emprego) na vida. Do outro lado, há quem lucre com isto e chame a isso serviço público. O conceito de serviço público é cada vez mais subjectivo. Mas não é isso que me seduz no caso Independente! O que realmente "mexe" comigo, é o facto de existir uma Universidade (sim, Universidade) que elimina os registos dos alunos a cada 5 anos. Acho fantástico. A pergunta que eu faço, já todos devem ter feito: se, ao fim de 5 anos, quiser pedir um certificado de habilitações, como é que eles resolvem o problema? Possivelmente tenho que tirar o curso novamente. Sem título, não há direito. Onde é que está a prova em como me licenciei ou mestrei na Independente? No entanto, há outra hipótese: a de chegarmos lá e nos perguntarem "Lamentamos, mas não temos registos. Ainda se lembra com que média é que acabou o curso?" ao que quem está do lado de cá diz "Sim, terminei com 18". Tal facto leva-me a consultar o site da Universidade Independente e a escolher qual o curso que mais me agrada ter, depois do de Direito na Clássica. Dois cursos ficam bem melhor que um. As Relações Internacionais agradam-me. É "in" dizermos "sou licenciado em Relações Internacionais. Não faço nada com o curso, mas...". Também pensei em Arquitectura. Já alguém ouviu falar num Arquitecto Dr., ou num Dr. Arquitecto?
No final disto tudo começo a chegar à conclusão que fui injusto com a UnI a propósito do serviço público. A UnI presta serviço público, senão vejamos: qualquer português pode ir à secretaria pedir um certificado de habilitações com base em qualquer uma das licenciaturas que a Universidade tem, quer o tenha tirado quer não. Se isto não é serviço público, não sei o que será.
Sem comentários:
Enviar um comentário