Sou 100% contra o aeroporto da OTA. Não só da OTA, como de um outro aeroporto. Acho um erro de gestão gravíssimo, sobretudo num Estado que não nada em dinheiro. Passo a indicar as minhas razões:
- As acessibilidades: não tem sentido nenhum promover-se a chegada da linha do Metro à Portela em 2010, quando 7 anos depois aquela linha deixará de fazer sentido, se se tiver em atenção o objectivo que se pretende dar à mesma. Uma palavra a dizer para todos os passageiros que queiram chegar da OTA a Lisboa, e aos trabalhadores do aeroporto e das companhias aéreas.
- Um aeroporto a 45km de Lisboa, completamente isolado e deslocalizado, não é de todo o empreendimento mais desejado por todos. Além do Governo e dos seus eternos seguidores e apoiantes, alguém conhece alguém que seja favorável a este projecto ou o veja como viável e interessante? Nem eu. Nem sequer os peritos vêem este projecto como solução. Ninguém vê, a não ser o Governo.
- Danos ambientais: o futuro aeroporto será construído sobre uma zona húmida classificada pelo PROT-AML como "Área Nuclear para a Conservação da Natureza" e "Corredor Ecológico" ou seja, estes serão destruídos.
- O fim das pistas será a 2000 metros e em linha com o Carregado, uma zona urbana e de serviços, desordenada e em enorme crescimento e onde já são ultrapassados os níveis legais de ruído e qualidade do ar, fazendo com que se ultrapasse, mais ainda, estes mesmos níveis.
- O espaço aéreo do aeroporto da OTA será compartilhado com aviões F-16, dada a proximidade da Base militar de Monte Real, o que vai condicionar a total disponibilidade do espaço aéreo do novo aeroporto.
- Ainda ninguém justificou o porquê de um novo aeroporto, quando se pode expandir o actual, não há projecto de acessibilidades, não há estudo da operacionalidade aérea e não há Estudo de Impacte Ambiental.
- A infra-estrutura da OTA estará saturada em 13 anos!
- O maior Município português, Lisboa, poderá perder importantes receitas com a OTA, em consequência da quebra populacional e da relocalização de empresas para outros conselhos que facilitem o acesso ao aeroporto.
- O argumento de existir um aumento da empregabilidade, não vence. Na região, o desemprego é escasso, logo, com a OTA, não existirá uma diminuição significativa de uma taxa de desemprego que, por si, já não é significativa. Uma questão é o aumento da empregabilidade, e outra a diminuição da taxa de desemprego. Creio que o importante é combater a 2.ª através da primeira, e não inventar em criar mais empregos, quando a questão da desempregabilidade em Lisboa será mais importante e mais significativa.
- As condições climatéricas e geográficas da Portela permitem a Lisboa ter o 5.º melhor aeroporto da Europa no que toca a cumprimento de horários. As duas pistas em X e a localização geográfica tornam o aeroporto da Portela um aeroporto de eleição. Com as pistas em X, existe uma maior fiabilidade ao aeroporto, por ser raro encerrar. Com a OTA, tendo duas pistas paralelas, numa só direcção, existirá uma maior possibilidade de encerramento, sobretudo nos meses de Inverno. As condições meteorológicas da Portela não têm praticamente influência nenhuma nos atrasos dos vôos. Os ventos da OTA são altamente desfavoráveis.
- Relatórios da British Air Authority e do Manchester Airport (recordar que o aeroporto de Heathrow, em Londres, é o que apresenta mais tráfego aéreo do mundo e um movimento de passageiros anual na ordem dos 67 milhões) aconselhavam a desenvolver as instalações da Portela até ao limite da sua capacidade, o que significaria que até 2020 a Portela teria um movimento de passageiros na ordem dos 21 milhões e indicavam que as soluções da OTA e do Rio Frio eram desnecessárias, e mais caras que as obras de ampliação da Portela.
- Em 1998, foi nomeada pelo Governo de António Guterres (em especial João Cravinho e Elisa Ferreira) uma Comissão de Avaliação do Estudo de Impacte Ambiental que chumbou o projecto da OTA. Apesar de não ser vinculativo, nem oficial, era suposto o parecer servir de apoio ao projecto do Governo. Como a decisão foi em sentido contrário, omitiram-se as conclusões do referido parecer, e alegou-se que não seria vinculativo por não serem suficientes ou válidas.
- As propostas para drenar os terrenos, desviar as ribeiras da OTA e de Alvarinho (recorrendo a uma barragem!!!!) e a terraplanagem da serra com 660 metros de altura a norte do enfiamento da pista principal, para garantir a funcionalidade da estrutura (a não ser que os aviões sejam como aqueles de exibição que fazem piruetas e se revirem todos para contornarem o monte mal descolam), e a possibilidade da pista de maior utilização ser aquela que corre risco de inundação, pelo facto de ser uma zona de alagamento, provam que a OTA é um projecto desequilibrado e inadequado.
- A OTA é uma zona classificada como zona de forte risco sísmico.
- As espécies de aves da zona, serão fortemente atingidas.
- Vai ser necessário desmatar 1100 hectares de terreno arborizado e remover biliões de metros cúbicos de terras, mas a primeira questão resolve-se facilmente com alguns incêndios, algo que já é tradicional em Portugal.
- Com a OTA, a TAP (!!!) vai falir. Como se sabe, o modelo de financiamento do aeroporto de Lisboa é semelhante ao modelo do actual aeroporto de Atenas. O pagamento da nova obra vai depender do valor das taxas aeroportuárias. As empresas Low Cost não querem utilizar infra-estruturas com taxas de alto custo, daí serem poucas as que operam em Lisboa e se deslocam para o Porto e para Faro, sendo a Madeira a próxima a beneficiar disso. Sendo a TAP responsável por, sensivelmente, 50% dos vôos em Lisboa (basta consultar a lista de vôos do aeroporto da Portela), em que as taxas aeroportuárias são despesas fixas e têm um peso enorme no seu orçamento, isso vai significar que se a TAP se mudar para a OTA, onde as taxas serão elevadíssimas, como acontece no aeroporto de Atenas, vai acontecer-lhe precisamente o mesmo que aconteceu à Olympic Airlines (a TAP da Grécia): declarar falência, porque era o maior cliente das infra-estruturas, foi obrigado a transferir-se para lá, e teria que suportar as elevadas taxas aeroportuárias. Em consequência de tudo isso, as Low Cost que operam em Lisboa, terão que abandonar definitivamente a cidade, por falta de capacidade financeira para suportar a herança deixada com a falência da TAP.
- A TAP já se encontra em maus lençóis. Apesar de ter gerado lucro, começa a sentir dificuldades em competir com as Low Cost, tendo já acabado os célebres "leilões da TAP", que vem justificado no website como não se justificando leilões, quando já existem promoções, como forma de competir com os preços das concorrentes mais baratas.
- Ideal, ideal, seria a realização de obras de ampliação da Portela (como sempre defendi) e a construção de um aeroporto numa zona como o Montijo ou Alcochete, com dimensões bem mais pequenas, nas quais possam funcionar as Low Cost, fazendo com que o consumidor tenha duas soluções: se exigir viagens baratas, mas menos conforto e mais tempo a chegar a Lisboa, opta pelas Low Cost e pelo aeroporto do Montijo ou Alcochete, se quiser conforto e mais facilidade no acesso a Lisboa, então opta pelo aeroporto da Portela e pelas empresas habituais, como a TAP. Esta medida já foi sugerida por diversos experts na matéria, pelo facto de toda a gente saber que para as Low Cost operarem basta um local onde funcionem as instalações, e uma ou duas pistas de aterragem.
Todos estes motivos justificam o meu NÃO à OTA! Realmente, trata-se de mais uma imbecilidade, teimosia e erro grave do Governo. Continuem a apoiá-los! A OTA é, realmente, um atentado aos cofres de qualquer Estado e à inteligência dos portugueses. Digamos que o Governo está a tentar... burlar-nos! Digamos que se todos ficarem de braços cruzados, a burla será executada com sucesso e sem que os criminosos sejam punidos! Enfim... dêem-lhes maiorias e deixem-nos continuar!
9 comentários:
Alex, por absoluta falta de tempo, não irei comentar as absolutas loucuras e incongruências técnicas que aparecem no teu texto. Queria apenas dar-te um "concelho", que aceitarás se o entenderes: Quando se recorre a outros sites ou blogs, manda a boa educação, que se identifique a fonte onde se vai buscar frases inteiras do texto. Mesmo que sejam de um site de maquinistas de comboios (!) a falar de aeroportos ....
Certamente foi um lapso teu, involuntário. Se tiver tempo por cá passarei a comentar, pois é uma área onde desenvolvi actividade profissional e que é verdadeiramente apaixonante.
abraço,
Carlos Neves
Cané,
naturalmente que as informações são vários sites, várias notícias, vários relatórios, vários jornais. A minha opinião é formada mediante consulta intensiva a diversos pontos de informação. Mas não é só a minha. É a de toda a gente. Repara no que seria se, de cada vez que tu te quisesses pronunciar sobre qualquer coisa, tivesses sempre que citar os teus antecessores. Isso reservaria o exclusivo daquela ideia para alguém. Certamente estarás a confundir os direitos de autor que alguém tem a elaborar um determinado texto, com o direito a chegar a uma conclusão comum que todos têm.
Já reparaste o que seria de qualquer um de nós, ligados ao Direito, se de cada vez que tivermos um pensamento semelhante à doutrina tivermos que dizer "segundo o Prof. X", em vez de debitarmos logo directamente o discurso? O nosso discurso vai parecer mecânico. Pareceres técnicos aos quais qualquer um pode chegar por mera interpretação dos contextos, não precisam que seja feita referência. Senão, para cada ponto meu aqui, teria que colocar a referência de alguém, mesmo sendo a minha opinião, mesmo cruzando a informação, mesmo sabendo que esta é a melhor opção, porque... alguém já tinha pensado antes de mim! O que seria de um jornal, por exemplo, a dar a notícia de um crime? "O A espetou uma faca no B. Isto configura homicídio, bla bla bla. Fonte: Germano Marques da Silva". Como vês, é ridículo. Se temos os instrumentos à nossa disposição, não precisamos fazer referência.
Mas deixo-te algumas dicas: não é só o site dos maquinistas que tem a informação da TAP. A informação dos gregos é de conhecimento público e a sua razão de ser idém e já foi debatida em televisão diversas vezes. O aeroporto do Montijo e de Alcochete também já foi falada diversas vezes, tal como um em Alverca (que está relacionado até com o antigo campo internacional de aterragem). Como vês, se tivesse que fazer referência a todos os sites e personalidades que falam disto... Até tu, no teu blogue, devias fazer referência a tudo o que menciona as coisas que tu mencionas e da forma como mencionas.
Este post resulta de uma busca intensiva de informação, para não ser mais um a dizer "sou contra a OTA porque sim". Naturalmente tive que reunir informação, porque não tenho capacidade para fazer sozinho estudos de impacte ambiental, relatórios, entre outras 1000 coisas. Confesso que a área da aviação também me interessa. Existe uma pós-graduação na Nova sobre Direito aéreo, que creio que tem módulos de gestão.
Abraço
Alex
ok, e eu que pensava que quando se tiram frases inteiras de um estudo técnico efectuado por alguém, se devia referir a fonte ....
Então se pensavas, porque é que não fizeste isso que dizes quando escreveste um post em que transcreveste um estudo no teu blog?
E para que conste, o texto não está aqui transcrito, e o tipo que mencionas escreveu o que escreveu depois de ver o mesmo programa que eu sobre companhias Low Cost. Programa esse que acredito que não tenhas visto, mas a culpa disso já não é minha.
Calma, Alex. Apenas te dei uma opinião. Eu que, por acaso, até costumo pôr sempre as fontes onde vou buscar a informação, basta ver as (poucas) vezes que aqui postei .... aliás, não estou a ver qual foi o momento em que o não fiz (o que não quer dizer que o não tenha feito)... Agora fantástico é tu e esse tal autor do estudo que não identificaste tenham visto o mesmo programa (como é que sabes?) e tenham escrito exactamente a mesma coisa, as mesmas palavras, no mesmo sentido e, se calhar, até com os mesmos erros ortográficos... Que tal juntarem-se e fazerem só um blog? Sempre poupavam algum tempo, sempre escasso, já que vêem, pensam e escrevem exactamente o mesmo!
Abraço,
Carlos Neves
Cané,
não fomos, certamente, os únicos a assistir ao dito programa sobre Low Costs, nas quais foi abordada a problemática das Low Costs com a futura OTA.
A ordem de raciocínio é a mesma, ninguém transcreveu nada de ninguém. Se existirem erros meus, é possível que não existam da parte dele e vice-versa, o que prova que não houve transcrição.
Aqui, sempre que transcrevo alguém, surge a referida fonte no final do post. Aqui não surge por algum motivo. O assunto sobre isso fica por aqui, mas fica certo que tu é que não praticaste aquilo que me acusas de não ter feito.
Um abraço
Alex
Cané,
com o devido respeito que tenho, a discussão sobre aquela situação ficou por ali. As minhas desculpas, mas nada mais se discute ou acrescenta ao acima escrito.
Abraço
Alex
Cané,
todos são bem-vindos para discutir as questões apresentadas de uma forma saudável. Para lançar confusões, ou fazer acusações, existem outros lugares. Sempre foste bem-vindo aqui e és um tipo que respeito muito. No entanto não posso tolerar os comentários que visam a critica destrutiva. Tu sabes com que propósito é que iniciaste esta onda de comentários. Mais uma vez é a tal questão: quando apontamos um dedo a alguém, devemos ver os que temos apontados a nós, ou os telhados de vidro que temos. Expliquei-te que não copiei ninguém, e reuni aqui um conjunto de argumentos que mostram o porquê de não ser necessário por cada frase que cada um de nós profira, ter que dizer a fonte, só porque alguém já pensou o mesmo antes de nós. Se leres lá em cima, com atenção e como deve ser, vais que a pessoa que tu acusas de ser o autor das minhas palavras teve como fonte o mesmo que eu: um programa televisivo. Os restantes comentários são notícias de jornais, estudos e relatórios apresentados, porque eu não tenho competência ou conhecimentos técnicos (nem de perto, nem de longe) para realizar estudos por minha iniciativa e concluir tudo o que aqui disse. Como parto do princípio que quem elabore relatórios e estudos, vá a programas televisivos e comente nos jornais, são pessoas com reconhecimento nas áreas, então naturalmente devo seleccionar os seus argumentos e conclusões para, a partir daí, formar a minha.
Esta onda de comentários da tua parte foi feita com um fim que não era o melhor, e que se afastava em tudo do objecto do post. Uma onda de comentários acusatória e que visavam tudo menos manter a discussão saudável, dentro do tema abrangido.
Se queres pronunciar-te sobre coisas que fogem ao tema, então tens contactos telefónicos, e-mail e MSN, e poderás fazer as tuas críticas construtivas ou destrutivas por lá. Mais uma vez repito: tu sabes com que intenção é que iniciaste esta série de comentários, e sabes que o propósito foi lançar a confusão e tentar apanhar um ponto fraco do autor deste post, como quem diz "eu já o tramo". Tentativa falhada, por todos os motivos acima indicados. Nunca fui ao teu blogue fazer o que tentaste fazer nestes comentários.
És um tipo que respeito muito, e que me dá prazer ler por aqui, porque não te limitas a passar a tua opinião de uma forma vaga. Tens argumentos, tens bases para as tuas ideias, e sabes transmiti-las. No entanto, vi-me forçado a apagar comentários que me ofendiam e que me colocavam em causa. Como tal, não posso pedir desculpas por ter apagado os teus dois comentários, porque vi-me forçado a tal. Sempre que quiseres, existem outros meios para manifestares a tua insatisfação, insatisfação essa que deve ser discutida e não deve passar pela afirmação categórica e acusatória que me ligam a factos que não são verdade, ou que não são totalmente verdade. Os comentários dos posts, são para comentar e debater o conteúdo... dos posts.
Um abraço,
Alex
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