Realmente é curioso. Quando Durão Barroso deixou o cargo de Primeiro-Ministro para ser Presidente da Comissão Europeia, o PS foi um dos partidos mais críticos sobre essa troca, alegando que o honroso e prestigiante cargo de Presidente da Comissão Europeia, que poderia dar mais visibilidade e prestígio ao nosso país, não deveria ser visto como prioritário, que os interesses do país estavam a ser trocados, etc.
Ora, o que acontece hoje é que António Vitorino decidiu trocar um lugar de prestígio, como é o de deputado da Assembleia da República, onde representa os interesses dos portugueses perante o Estado (lugar de honra, porque não é qualquer um que representa os interesses de dez milhões de pessoas), por um lugar ao "sol", por um tacho, em dois grupos de trabalho no seio da União Europeia. Será que é mais prestigiante um lugar em duas comissões da União Europeia, do que a Presidência da Comissão? Será que é mais prestigiante um lugar em duas comissões da União Europeia, do que ser-se deputado à Assembleia da República? Não me parece. E só posso concluir que foram dois os motivos que levaram António Vitorino a fazer uma coisa destas: o tachismo e o proveito próprio.
1 comentário:
A comparação pode realmente ser feita mas não é muito rigosora, porque os dois abandonos têm consequências diferentes. No caso da renúncia dum deputado ou da suspensão do mandato, processa-se a sua substituição sem que a Legislatura seja perturbada; no caso de demissão do PM, todo o Governo passa automáticamente ao Estado de Demissionário e consequentemente cessa funções com a exoneração do seu líder.
Ou seja, a saída dum provoca a saída de cena duma "equipa inteira". E consequentemente dum projecto para Portugal.
Do ponto de vista das consequências constitucionais, a saída dum deputado é irrelevante, a dum PM como visto não.
Concordo com a crítica que faz ao princípio subjacente aos dois casos. Mas parece-me que têm configurações muito distintas.
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