Vou aproveitar para recordar hoje os assistentes que tive na Faculdade de Direito de Lisboa.
Começando pelo 1º ano:António Alpendre (IED): o assistente que começava as aulas às 9:20 e terminava-as às 9:40 todos os dias, e dizia sempre "hoje vamos sair mais cedo". Contavam 1000 boatos sobre ele, para não variar, não se sabe o que é verdade e o que é mentira. Não os divulgarei aqui, até porque alguns deles são demasiado aborrecidos, e nunca se sabe quando algum deles possa ser verdade. Tal, colocaria a pessoa em causa, numa situação extremamente chata. Porém, dizem que não ensina, que não ensina, mas lá deu uns 16's e uns 15's (que a malta manteve) e eu lá trouxe um 14 na bagagem.
Paulo Adragão (CPDC): o meu único Método B na FDL, foi graças a falta de estudo e a ele também. Aliás, não só eu, como mais de metade da subturma já estava a método B, ainda iamos em Fevereiro (numa época em que o 1º ano não tinha a abébia dada pelo Directivo de ter quase 15 dias de repouso em casa, como hoje tem). Com um 7, um 8 e dois 12's, fui a método B a meio do ano. Era excessivamente organizado e metódico, e o seu método de ensino passava pela apresentação oral de trabalhos, por parte dos alunos. Pessoalmente não me parece um método favorável ao ensino, mas quem sou eu para questionar isso? Um simples aluno... por enquanto! Como marcos positivos, fica o facto de não dar notas inferiores a 7, para não desmotivar os alunos, e o facto de ser dos poucos docentes daquela casa que passam pelas pessoas e cumprimentam agradavelmente.
Alessandra Amolly (EP): excelente assistente. O que ensinava, ensinava muito bem. Tinha um handy-cap: por vezes explicava tanto, tanto e tão bem, que a matéria andava meio atrasada, e isso viu-se nos exames. Ainda assim, só tenho boas palavras para uma excelente pessoa e assistente. Pena ter abandonado a FDL.
Madalena Santos (HD): Se não é a melhor assistente que tive na FDL, não foge muito disso. Muito humana, muito objectiva, excelente professora. Veste a camisola de HD e da FDL, e também a das causas dos alunos. Sem dúvida marcou-me pela excelente pessoa que mostrou ser, e pela forma como ensina. De 0 a 5, dou-lhe 6!
2º Ano:Fátima Manso (Teoria): que saudades da Fátima Manso! Numa cadeira extremamente delicada como é Teoria, passou a mensagem com muita categoria. Pouquíssimos os que foram a Método B, e uma qualidade de ensino fantástica. Se consegui as notas que consegui às cadeiras de Direito Privado, não foi graças a Introdução, mas graças à Fátima Manso. O meu muito obrigado por tudo o que ensinou, e pela empatia que nutria comigo, sobretudo quando dava exemplos como "suponha que me casava consigo". Mas também há o reverso da medalha: os critérios de atribuição de notas de alguns colegas espantava qualquer um, e o tal célebre episódio comigo em que colocou uma questão e eu respondi "Doação", FM: "O quê? Não entendi", Eu: "Doação", FM: "Muito bem! Está certo. Quem é que respondeu?", Eu: "Fui eu Dr.ª", FM: "Oh Alexandre, sempre a perturbar as aulas"... Guardo imensas saudades dela e excelentes recordações.
João Tiago Silveira (Administrativo): a par de Madalena Santos e de mais alguns que referirei aqui, se não foi o melhor assistente que pude ter na FDL, não foge muito disso. Nem precisava levar a lei. Sabia os artigos de cor. Dominava a matéria de forma impressionante. Agradava-me o seu método de ensino. Objectivo. Directo. Sem bla bla bla. Justo a atribuir notas. Não houve uma reclamação que fosse sobre ele durante 1 ano inteiro. Numa cadeira, também delicada, como é Administrativo, João Tiago Silveira conseguiu ser um ser iluminado que passou a mensagem na sua totalidade. Muito lhe agradeço o ter-me despertado o gosto pelo Direito Administrativo. Sem dúvida que sem ele, a esta hora nem Ambiente teria. O meu eterno apreço a este excelente assistente, que hoje é Secretário de Estado da Justiça.
Renato Gonçalves (REI e IED): Nem tudo são rosas. Renato Gonçalves primava pela simpatia e simplicidade, mas isso não é tudo. Com ele, não havia uma resposta certa, mas também não existiam respostas erradas. Nunca surgia uma nota abaixo de 9, mas também não surgiam notas acima de 13. Enfim, com Renato Gonçalves nada era certo... nem definidio. O seu "sim, sim, concretize..." ou "sim, isso, mais ou menos, quer dizer... não é bem isso... concretize", entre outros desabafos brilhantes, deixavam-nos eternamente na dúvida. Isso reflectiu-se nos exames... mas nada que não se salvasse. Divertiu mais do que ensinou, mas valeu o esforço.
Jaime Valle (Constitucional II e DIPúblico): por incrível que pareça, fiz Constitucional II à 1ª, e antes de fazer Constitucional I. Aliás, foi com ele que aprendi Constitucional I. Com ele aprendia muito. Tinha um handy-cap: o seu tom de voz monocórdico. Ao final do dia, era doloros. Porém, ensinava muito bem, e isso viu-se em exames, orais, e por aí além. Achei um assistente muito positivo.
3º Ano:Lacerda Barata (Obrigações): a par de Madalena Santos, João Tiago Silveira e mais 2, foi dos melhores assistentes que tive na Faculdade. O seu excelente sentido de humor, a sua forma de ensinar, e até de ironizar com certas coisas da vida, marcam a sua forma de estar e de ensinar. Com ele davamos umas boas gargalhadas, mas aprendíamos imenso também. Raramente levava o Código Civil para as aulas, até porque sabia os artigos de cor. Foi o único assistente da FDL, que eu presenciei, cujas aulas estavam sempre lotadas, mesmo por pessoas a Método B. Um docente fantástico. Uma pessoa muito "sui generis" com um humor fora do normal. Grandes saudades terei do excelente assistente. Guardo também como imagem de marca, os seus lenços que usava, em vez de gravatas.
Carlos Soares (Processo Civil): era uma das cadeiras mais difíceis do curso, mas Carlos Soares salvou as honras da casa. Apesar de só 8 pessoas irem a Método A, ensinava com muita calma, paciência e passava a sua mensagem aos poucos. Não há uma pessoa que seja, que possa dizer que era mau docente ou má pessoa. Pelo contrário. Carlos Soares é outra das pessoas mais humanas e simpáticas que conheci na FDL. Sempre pronto a cumprimentar os alunos e a trocar umas palavras com os mesmos, mesmo quando deixaram de ser seus alunos, e sempre disponível para tirar dúvidas e esclarecer sobre vários assuntos. Excelente professor. De referir o célebre 2- (sim, dois menos) que deu ao colega Diogo Saramago. Momento único na FDL.
Sérgio Vasques (Fiscal): Com um ar muito jovial, tinha como handy-cap o facto de não dar 15's a alunos que não iam para a Biblioteca e trocavam as suas aulas pelo bar. Não tenho um dedo a apontar-lhe. Ficámos a saber Finanças e Fiscal. O suficiente para manter ou subir as notas que nos tinha dado. Injusto o facto de ter premiado um Trabalho de Fiscal só por ter conceitos açoreanos. Privilegiou mais a graça e a piada, do que o jurídico em si. Afinal, era sobre isso, o trabalho.
Cláudia Monge (Reais): Uma assistente com um ar muito delicado e frágil. Muito doce e sensível. Ensinava muito bem, e tivemos sorte de a termos tido num ano em que faltou 2 vezes apenas. Por razões familiares, nos outros anos faltou mais. Só não acontece a quem não está cá. Gostei de a ter tido como assistente, até porque foi graças ao seu ar doce e delicado que sempre explicava tudo com muito cuidadinho, e vezes sem conta, até que percebessemos. Gostei!
Sérgio do Cabo (Comunitário): Lá está... nem tudo pode ser bom! Alguém aprendeu Direito Comunitário I? Talvez, com um exame fácil como foi o desse ano. Comunitário era uma cadeira quase de cultura geral, mas Sérgio do Cabo tinha como Método apresentação de acórdãos aula atrás de aula. Pelo meio, ainda disse que o Acórdão que eu apresentei, devia tê-lo preparado enquanto via um jogo do Benfica, e com os rapazes era sempre mais duro. No entanto, adorava o Éder! Chegou a ir com uma chávena de chá para a aula, e tentou fazer a vida negra aos elementos masculinos. Isso provou-se em exames e orais também. Guardamos ainda de memória a sua voz, estilo Baptista Bastos, e a sua célebre frase "chamam a isto avaliação contínua".
Amanhã continuo com os assistentes do 4º ano, e do 5º (cadeiras já completadas).
Sem comentários:
Enviar um comentário