segunda-feira, outubro 23, 2006

A minha visão das coisas

"As opiniões são como as vaginas:
cada um tem a sua e dá-a a quem quer"
Ruth Remédios

Frase mais brilhante, não há! Não tenho vagina física, mas tenho vagino-opinião! E vou passar a dá-la ao povo, sob pena de passar por puta barata que faz questão de se dar a tudo e todos. Era bom que todos comessem esta minha vagina. Era sinal que a minha mensagem realmente tinha influenciado muitas mentes (algumas delas fraquinhas, outras tacanhas) por este mundo fora.
Vou passar a opinar sobre um tema polémico (mesmo como eu gosto), para não variar: a AAFDL, as Listas e afins.
Sempre disse que nunca houve anjinhos nesta história (recente) do Couto querer ser Presidente da AAFDL. Admitam, o rapaz tem tanta legitimidade, como qualquer outro, para querer ser Presidente, e tem muito mais competência do que muitos desses que por aí andam que têm tanta legitimidade quanto ele, para se candidatarem ou quererem ser. Sempre me disseram que querer é poder. Aqui não é bem assim a história. Querer não está ao alcance de todos, mas de alguns. Continuo ciente que estava a ser tudo preparado para que fosse dada mais legitimidade a um candidato, do que a outro e aquele dia 27 de Março serviu como alerta. Ele bem pode ter aquelas 2 salas cheias de gente para votar nele, mas ao menos toda a gente sempre soube com o que pôde contar dele (para o bem ou para o mal). Ao menos há transparência. Independentemente de agradarem os meios ou os fins, ninguém o pode acusar de falta de transparência. Ao contrário dele, vi insurgirem-se outros naquela sala que sempre tiveram esquemas e projectos para levarem a água ao seu moinho e por entre o oculto sempre delinearam os seus esquemas, sem que ninguém desse conta deles os desenvolverem. De repente, lá surgiam certas coisas sem que muitos soubessem a sua origem. Vá lá... toda a gente sabe que o truque mais velho para se conseguir ter algo onde quer que seja é ir para os copos com as pessoas certas. Quem vai para os copos com aqueles que vão ocupar um cargo elevado, ocupam-no ou já o ocuparam, sabem que conseguem sempre qualquer coisa. Esta regra tem uma excepção: se o tipo for um idiota e mesmo tomando copos, cometer erros e obrigar os gajos a pensar "porra este gajo é um urso". Aí é burrice mesmo. Um gajo minimamente normal safa-se sempre indo para os copos com as pessoas certas e assim conquista as suas coisas.
É por isso que naquele dia 27 de Março, não vi ninguém com moral para apontar o dedo a quem quer que fosse. Em pleno dia 27 de Março vi quererem alterar a ordem de trabalhos apenas porque tomaram um susto e viram que não iam seguir com a sua vontade em frente. A sorte é que muita gente ainda tinha as mensagens. Alguém não se precaveu e isso saiu caro a muita gente. No fim, houve gente que nunca arquitectou nada, nunca esteve por trás de nada e ainda foi acusada de traição. Isso são águas passadas. Tudo se resolve. No meio de tanto esquema houve pessoas que acabaram por não ter culpa de nada, ou pelo menos não ter intenção de arquitectar nada para atingir fins diversos daqueles a que se propunham as sugestões feitas pela Lista. Uma dessas pessoas é o Pedro Ângelo. Sempre disse que o mal dele foi estar mal acompanhado e influenciado, porque ele é uma pessoa com bom fundo e cujo mal (ironia do destino) acaba ser tentar não ferir nenhuma das partes e satisfazer os interesses de todos na medida do possível. Acho que ao fim deste tempo todo já aprendeu que isso é impossível. Não só ele aprendeu, como muitos de nós já aprendemos, vamos aprendendo, ou iremos aprender.

Passando tudo isto, creio que o Couto tem tanto direito e mérito em se querer candidatar a Presidente da AAFDL. Sempre apoiei o Couto enquanto profissional e pessoa. Considero-me seu amigo, sempre me dei bem com ele, trabalhei com ele de perto, vi tudo o que ele fez, sei do que é capaz, etc. Acho-o mesmo muito competente e muito capaz de levar qualquer projecto a que se proponha, em frente. No entanto, a Lista que ele fundou (a Lista S) tem alguns handycaps. Um deles são as pessoas que o rodeiam. É pena que a Direcção não tenha 15 Coutos. Já lhe disse isto. Se assim fosse, teríamos AAFDL para dar e vender! Acontece que este cenário não é possível e assim sendo tenho que me bastar com as condições existentes. Assim sendo, não nego que exista muita vontade de trabalhar na Lista S. Pelo contrário. Acho é que não existem pessoas suficientemente capazes de levar os destinos da AAFDL a bom porto. Acredito no Couto. Tirando ele, não posso dizer que exista alguém com experiência. Falta-lhe gente com experiência e sangue novo é o que tem a mais. Deve haver uma sucessão natural das coisas, no sentido de uns irem ganhando experiência para que no ano seguinte sejam opção válida e depois dêem o seu lugar a outros, etc. Isso não acontece com a Lista S. Acredito que existam planos e projectos, mas não acredito que possa haver alguém capaz de acompanhar o Couto nessa missão e, assim sendo, é um dever meu não apoiar um projecto no qual apenas acredito numa pequena parcela do mesmo.

Temos a Lista A. Disponibilizei-me para ouvir o Stoffel, no sentido de saber quais seriam os seus planos para a AAFDL. O projecto agradou-me. Alguns dos nomes avançados por ele, idém. Creio que tem muita gente com imenso potencial. Parece-me um projecto bastante equilibrado. Por algum tempo julguei estar perante um tipo que teria pulso na Lista, saberia não ceder a pressões, e iria ter uma lista correcta e competente, com tudo para triunfar. Estava decidido e tinha-me dado como certo para apoiar a Lista A. Como nem tudo são rosas, no melhor pano cai a nódoa: o Stoffel deixou-se levar pela conversa do Pardal e pela possibilidade de perder as eleições porque o Pardal ameaçou estragar-lhe as contas, e cedeu à conversa dele, oferecendo-lhe um lugar num cargo elegível e de alguma importância. Que desilusão. Preferiram não arriscar avançar sem o Pardal e os seus poucos seguidores e, temendo perder as eleições, em vez de manterem a integridade e os seus valores, cederam e deram-lhe o que queria, julgando que ele poderia mesmo tirar alguns votos. Tenho dito: o Pardal não vale nada. O Pardal vale anti-votos. Toda a gente sabe disso. Além do mais, é um tipo que não sabe o que é o colectivo, não sabe o que são eleições, não sabe o que é conquistar votos, não sabe comportar-se como alguém que quer ser alguém grande na vida, nem tão pouco tem categoria ou nível para aquilo que ele quer: um lugar na política. Valha-me acreditar que existem pessoas com olhos na cara e que percebam que o Pardal é um inútil, que não só não acrescenta nada profissionalmente, como ainda consegue ser uma menos-valia. Como pessoa consegue ser um tipo aceitável, mas como profissional é um exemplo muito triste do funcionalismo público, da inércia, e da repulsa.
A Lista A devia manter a sua coerência e valores até ao fim: não ceder a tentações, nem ceder à iminência de poder perder as eleições por causa de um tipo que não podemos chamar de incompetente. Incompetente é aquele que não faz como deve ser aquilo que deveria fazer. O Pardal não só não faz como deve ser aquilo que deveria fazer, como não faz o errado. Ele simplesmente não faz nada. Gosta de aparecer. Nisso ele aparece. E nem em oratória tem competência. A não ser quando está com amigos. Aí a oratória não falta. A Lista A perde, e bastante, tendo lá o Pardal. Devia ser o Pardal a ceder e pensar que mais vale renunciar à sua birra e à sua vontade de ser algo para o qual ele nunca nasceu (liderar o que quer que fosse), e ver a FDL em "boas mãos", do que avançar e além de ter um resultado humilhante, ainda fazer a boa solução perder também. A Lista A infelizmente cedeu e, com isso, perdeu tudo aquilo que ainda me fazia acreditar nela: valores. Caíram na velha tentação de dar um lugar em troca de alguns votos. A partir desse momento deixei de a apoiar e, assim sendo, passo a apoiar o voto em branco, ou o voto nulo.

Até lá, vejo que a Lista S está a passar a perna à Lista A, e esta vê tudo a passar-lhe diante dos olhos, mas continua cheia de pseudo-estadistas (muitos deles já vinham dos tempos da Lista R): todos querem mandar, todos querem opinar, mas falta alguém para fazer, para agir no terreno. No fim, mandam todos, opinam todos, e vêem a S galgar terreno e rumar a passos largos para a mais que provável (se tudo continuar assim) vitória nas eleições. Pois é... desta vez falta lá a malta que antigamente trabalhava na Lista R. Aquela gente que trazia centenas de votos e que só a sua cara já trazia resmas de pessoas a votarem naquelas caras. Querem que vos recorde alguns nomes? Acho que todos vocês sabem quem falta. É pena que a Lista A esteja a cair neste esquema. Tinham tudo para ser melhor lista do que a R (de longe), mas além de verem o barco a passar, ainda cedem nos valores.

Só tenho a dizer-vos isto: já não estou lá e esta luta já não é minha. Já cheguei a oferecer a minha mão-de-obra e, invariavelmente, não iria receber nada em troca. Ia apenas ajudar. Fora da FDL nada teria mesmo a ganhar (como nunca quis e nunca fiz para). Aos sobreviventes, deixo o recado: definhem-se e boa sorte para as duas listas. Que ganhe o melhor! Alea Jacta Est! Ganhará aquele que mais fizer por isso.

3 comentários:

ATG disse...

Só tenho a acrescentar que por vezes não devemos decidir-nos acerca de qual lado queremos estar mas, sim, de que lado não queremos estar. É assim que, por vezes, devemos escolher a opção menos má.

Tiago Cabanas Alves disse...

Caro Alexandre, em primeiro lugar lamento algumas considerações que teces no teu post, já que enquanto membro da direcção não consta de nenhuma acta uma posição tão firme contra colegas de direcção como aqui o fazes.
Despois seria agradavel saber quem tem colocado o nome da AAFDL no panorama associativo nacional e regional (Lisboa) certamente há quem o faça. É tempo de alargar horizontes e de ter a visão dirigida apenas ao espaço fisico da faculdade ( há um mundo lá fora com problemas e dificuldades comuns aos alunos da FDL).
Por último esta apologia das maquinas de cacique que faltam à lista A não me parece de quem efectivamente defenda o melhor projecto para a AAFDL, pois o que deve ser valorizado são os programas e as ideias e não as maquinas de cacique. Pelo que se a for essa a razão da derrota da Lista A é lamentavel que assim seja, mas ao menos estes alunos apresentaram as suas ideias e deixaram os seus colegas livres de votar sem influenciar votos. Se o fizerem já mostraram à Academia uma lição de democracia digna e nao de uma democracia própria do terceiro mundo.
Um abraço carissimo DR. Alexandre Guerreiro

P.S.- Cabe referir que não pertenço a nenhuma das listas e não apoio nenhuma delas. Aguardo pelos programas eleitorais de ambas para livremente e sem caciques decidir o meu voto.

ATG disse...

Caro Cabanas,

peço que não lamentes as minhas considerações, porque são sinceras. Relativamente a não constar nada em actas, creio que se não aparece nada escrito, possivelmente será porque apagaram das actas. Referência ainda feita às festas dadas pela AAFDL ou outro tipo de eventos. Basta consultarem as actas que se seguiam a esses actos e constatam que têm sempre opiniões UNÂNIMES sobre a qualidade de trabalho e espírito de grupo do colega André Pardal. Supostamente deveria vir nas actas. Continuo a dizer que o Pardal não trouxe nada de novo à AAFDL ou à FDL, a não ser presenças em ENDA's.

Quanto ao cacique, realmente acho preocupante, mas todos nós sabemos que de uma forma ou de outra, todas as listas trabalham nesse sentido. Todas as listas precisam de cacique. Sobre os métodos utilizados, existem métodos legítimos do cacique? Tenho dito que a FDL é o espelho da sociedade. Da mesma forma como as pessoas lá fora se deixam levar pela esparrela do cacique e das ofertas, na FDL é a mesma coisa. É pena. Demonstra pouca inteligência.

Sobre a tua atitude de aguardar pelo programa eleitoral para fazeres o teu sentido de voto, é a opção mais inteligente que qualquer eleitor pode ter. Sem dúvida seria a opção que eu também tomaria.

Um abraço para ti, colega Tiago Cabanas e felicidades para o resto do curso.